Estatísticas e Análises | 2 de setembro de 2019

Sarampo volta com força em quatro países da Europa. No Brasil, 3 mortes confirmadas 

Ministério da Saúde anuncia reforço de 1,6 milhões de doses
Sarampo volta com força em quatro países da Europa. No Brasil, 3 mortes confirmadas

Uma matéria da Rádio França Internacional (RFI) destaca que o sarampo voltou à Europa com força, atingindo particularmente quatro países nos quais a doença era considerada erradicada, informou, na quinta-feira (29), a Organização Mundial de Saúde (OMS). Reino Unido, Grécia, República Tcheca e Albânia são os quatro países que perderam o status de “erradicação total” da doença, extremamente contagiosa.

A OMS detectou 89.994 casos de sarampo em 48 países europeus nos primeiros seis meses de 2019, mais que o dobro em relação ao mesmo período de 2018 (44.175 casos). No Reino Unido, 953 casos foram registrados em 2018 (489 desde o início de 2019), 2.193 na Grécia (28), 1.466 na Albânia (475) e 217 na República Tcheca (569).

Para a OMS, o status de “erradicação” corresponde à ausência de transmissão contínua durante 12 meses em uma zona geográfica particular. “O retorno da transmissão do sarampo é preocupante. Sem a garantia e manutenção de uma cobertura imunológica maciça entre as populações, crianças e adultos sofrerão inutilmente e alguns morrerão”, advertiu Günter Pfaff, presidente da Comissão Regional de Verificação da Eliminação do Sarampo e da Rubéola.

“Cada um destes (quatro) países tem uma cobertura nacional de vacinação extremamente elevada. Então não se trata de exemplos de países com sistemas (de saúde) particularmente fracos”, destacou Kate O’Brien, diretora do Departamento de Vacinação da OMS.

“Penso que isto é um aviso para todo o mundo: não basta ter uma cobertura nacional elevada, é preciso levá-la para toda comunidade, toda família”.

Gravidade

O sarampo pode provocar complicações graves, às vezes fatais (37 mortes no primeiro semestre de 2019 e 74 em 2018 na Europa), e geralmente é transmitido por contato direto ou pelo ar, infectando as vias respiratórias e depois todo o organismo.

Na Europa, a doença atinge principalmente menores de 19 anos (60% dos casos). No primeiro semestre de 2019, quatro países concentraram 78% dos casos na Europa: Cazaquistão, Geórgia, Rússia e Ucrânia.

O sarampo é declarado erradicado em 35 dos 53 países da região. Em 2017, eram 37. É endêmico em 12 países, entre eles França e Alemanha, onde a vacinação será obrigatória a partir de março de 2020.

Prevenção

Não há tratamento para o sarampo, mas pode ser prevenido com duas doses de uma vacina “segura e eficaz”, segundo a OMS, que estima em mais de 20 milhões o número de mortes evitadas no mundo entre 2000 e 2016 graças à vacinação.

Em nível mundial, o número de casos triplicou entre 1º de janeiro e 31 de julho, com 364.808 casos registrados neste ano, contra 129.239 no mesmo período de 2018. A OMS estima que há muitos casos não informados, e que a epidemia pode ser muito maior.

República Democrática do Congo, Madagascar e Ucrânia são os países que lideram em número de casos. A agência especializada da ONU avalia que ocorrem 6,7 milhões de mortes a cada ano relacionadas ao sarampo, segundo O’Brien. Nos países ocidentais, é crescente a ideia de que existe um vínculo entre a vacina contra o sarampo e o autismo, baseada em um estudo falso, e a OMS afirma que não há qualquer risco com a vacinação.

Brasil

De acordo com o mais recente boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde, do dia 28 de agosto, o Brasil registrou, nos últimos 90 dias, entre 2 de junho a 24 de agosto de 2019, 2.331 casos confirmados de sarampo, em 13 estados: São Paulo (2.299), Rio de Janeiro (12), Pernambuco (5), Santa Catarina (4), Distrito Federal (3), Bahia (1), Paraná (1), Maranhão (1), Rio Grande do Norte (1), Espírito Santo (1), Sergipe (1), Goiás (1) e Piauí (1). Nesses dois últimos, os casos foram registrados em outros estados. O coeficiente de incidência da doença foi de 5% por 100 mil habitantes.

Em São Paulo, são registradas três mortes pela doença. De acordo com o G1, no dia 28 de agosto foi registrada a primeira morte provocada pelo sarampo na cidade e no estado de São Paulo desde o início do surto da doença: trata-se de um homem de 42 anos, sem registro de imunização, morador de Itaquera, Zona Leste da capital, que chegou a ficar internado no hospital e morreu em 17 de agosto.

Também foram registradas as mortes de dois bebês pela doença: um de 9 meses, da capital paulista, e um de 4 meses, de Osasco, na Grande São Paulo. De acordo com o G1, informações preliminares apontam que o bebê de 9 meses estava na faixa etária para receber a dose zero (para bebês de 6 a 11 meses), mas se infectou antes de tomar essa dose. As mortes dos bebês ocorreram na primeira semana de agosto. Os bebês tiveram pneumonia, complicação comum pelo sarampo. Os sintomas começaram em julho.

De acordo com informações divulgadas no boletim, o Ministério da Saúde começou a enviar 1,6 milhão de doses extras da vacina tríplice viral a todos os estados, para garantir a dose extra contra o sarampo em todas as crianças de seis meses a 11 meses e 29 dias. Só para os 13 estados que estão em situação de surto ativo de sarampo, vão ser destinadas 960.907 mil doses. O Ministério da Saúde informa que, desse total, 56% já foi enviado para o estado de São Paulo, que concentra 99% dos casos e que acaba de registrar o primeiro óbito pela doença neste ano. O Rio Grande do Sul deve receber 74.385 doses da vacina tríplex viral.

 

Com informações da Rádio França Internacional, G1 e Ministério da Saúde. Edição do Setor Saúde.

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