O Rio Grande do Sul ultrapassou a marca de 2 mil mortos em decorrência da Covid-19. Com os 42 novos óbitos registrados nesta segunda-feira (3) pela Secretaria Estadual de Saúde do RS (SES/RS), agora o estado já contabiliza 2016 óbitos (42 adicionados nas últimas 24h). O Estado é um dos seis que apresenta aumento de casos no Brasil, juntamente com Paraná, Santa Catarina, Mato Grosso do Sul, Acre e Tocantins.

Atualmente, a SES/RS aponta que 76,3% das UTIs estão ocupadas no RS. Até o momento, foram registradas 7.667 hospitalizações de pacientes com Covid-19 no RS. O estado já tem 71.749 casos confirmados, com 62.546 recuperados (88% dos casos).

Ao portal Setor Saúde, o coordenador de pós-graduação da Faculdade de Tecnologia em Saúde (Fassaúde/IAHCS) e doutor em epidemiologia, Paulo Petry, avaliou a evolução do número de óbitos de Covid-19 no RS.

O epidemiologista demonstra preocupação com o aumento de casos e óbitos registrados nas últimas semanas. “É uma evolução preocupante. Se considerarmos que o primeiro caso foi notificado no dia 8 de março e a primeira morte no dia 24 de março percebe-se que nossa curva tanto de casos quanto de óbitos subiu muito rapidamente”, observa.

Evolução de óbitos no RS:

1ª morte – 24 de março

100 mortes – 10 de maio

500 mortes – 24 de junho

1000 mortes – 14 de julho

2000 mortes – 3 de agosto

Sinal de alerta continua

Para Petry, o comportamento de boa parte da população, que não está cumprindo as medidas de distanciamento recomendadas, aliadas à taxa de ocupação das UTIs, acendem um sinal de alerta importante.  No final de semana, por exemplo, a capital gaúcha viu cenas de período pré-pandemia, com um grande número de pessoas na orla do Guaíba, principalmente na Zona Sul. Muitas estavam sem máscaras.

“O momento é delicado, pois ao mesmo tempo em que o vírus está circulando fortemente, nota-se que muitas pessoas não cumprem as determinações de distanciamento. Estas aglomerações, observadas em diversos pontos da cidade, só facilitam e impulsionam a disseminação do vírus. O mais dramático disso é o fato de que nosso sistema de saúde tanto, privado quanto público, está atuando com uma sobrecarga muito grande. A lotação das UTIs em Porto Alegre gira em torno dos 90% de leitos ocupados, sendo que na última semana houve um aumento de 5,2%”, afirma.

Paulo Petry

.

Ocupação de leitos em Porto Alegre

Conforme informações da Prefeitura Municipal de Porto Alegre, na tarde desta segunda-feira, dos 812 leitos de UTI em operação em de Porto Alegre, 710 (89,3%) estavam ocupados, sendo que 359 (50%) são de pacientes confirmados (315) ou suspeitos (44) de Covid-19.

 Somente 1% dos gaúchos já tiveram contato com o coronavírus

A sexta etapa do estudo Epidemiologia da Covid-19 no RS (Epicovid19-RS) que rastreia a Covid-19 na população gaúcha mostra que a prevalência do coronavírus dobrou no intervalo de um mês no Rio Grande do Sul. Os números, divulgados no dia 29 de julho pelo Governo do Estado e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel) apontam que há um infectado a cada 104 habitantes.

Os dados estimam que mais de 108 mil pessoas (de 78.774 a 146.196, pela margem de erro da pesquisa) já adquiriram anticorpos para a doença na população gaúcha – o que representa 0,96% da população gaúcha. A letalidade baseada no total de casos é de 1,4%, com uma relação de 1.570 mortes para cada 108.716 casos.

De acordo com o resultado dos testes aplicados nesta etapa, estima-se que haja 108.716 pessoas já com anticorpos no Estado, equivalente a 0,96% da população. Na rodada anterior, no final de junho, as projeções eram de 53.094 pessoas infectadas pelo vírus (0,47% da população).

Entre os dias 24 e 26 de julho, foram testadas 4,5 mil pessoas nas nove cidades selecionadas: Pelotas, Porto Alegre, Canoas, Santa Maria, Uruguaiana, Santa Cruz do Sul, Ijuí, Passo Fundo e Caxias do Sul.

Dos 4,5 mil testes, 43 tiveram resultado positivo para coronavírus: 18 em Porto Alegre; 9 em Canoas; 7 em Passo Fundo; 2 em Caxias, Santa Cruz do Sul e Santa Maria; e 1 caso positivo detectado em Ijuí, Uruguaiana e Pelotas. Na etapa anterior, foram 21 resultados positivos, o que indica que o número mais que dobrou neste intervalo.

Os sintomas mais relatados pelas 43 pessoas que testaram positivo para o coronavírus foram tosse (51,2%), alterações no olfato/paladar (44,2%) e diarreia (37,2%). Dor de garganta (34,9%), febre (30,2%) e dificuldade para respirar (9,3%) também foram relatados.

Óbitos no Rio Grande do Sul

Na distribuição por faixa etária, a letalidade é a seguinte (mortes/confirmados):

De 80 anos em diante: 29,5% (ocorreram 598 mortes dentre os 2.025 confirmados nesta faixa etária)

De 70 a 79 anos: 16,8% (554 mortes/3.294 confirmados)

De 60 a 69 anos: 7% (447 mortes/6.310 confirmados)

De 50 a 59 anos: 2% (221 mortes/10.917 confirmados)

De 40 a 49 anos: 0,87% (121 mortes/13.812 confirmados)

De 30 a 39 anos: 0,30% (51 mortes/16.645 confirmados)

De 20 a 29 anos: 0,14% (19 mortes/12.938 confirmados)

De 15 a 19 anos: 0,13% (3 mortes/2.250 confirmados)

De 5 a 14 anos: sem registro de morte

De 1 a 4 anos de idade: 0,10% (uma morte/996 confirmados)

Menor de 1 ano de idade: 0,42% (uma morte/237 confirmados

10 cidade com mais casos