Estatísticas e Análises, Mundo | 11 de março de 2015

Quase metade das internações por infecção generalizada são evitáveis

Pesquisa norte-americana sugere que prevenção nos cuidados pós-hospitalares podem reduzir 42% dos casos
Quase metade das internações por infecção generalizada são evitáveis

Muitos pacientes estão vivos hoje graças aos cuidados mais avançados oferecidos por hospitais modernos. Mas para os sobreviventes de sepses, a frequência de internações em estabelecimentos de saúde pode ser uma perigosa armadilha.

É o que aponta um estudo publicado no dia 10 de março no JAMA, que sugere a necessidade de maior cuidado preventivo no pós-hospitalar para esses pacientes, para evitar novas internações, aumentando custos e prejudicando a recuperação.

A sepse é um conjunto de manifestações graves em todo o organismo decorrentes de uma infecção. A doença, que é grave e pode matar, desativa órgãos internos em resposta à infecção. Chamada antigamente como septicemia ou infecção no sangue, hoje é mais conhecida como infecção generalizada.

Os pesquisadores da Universidade de Michigan Medical School, usaram dados detalhados de 2,6 mil sobreviventes de sepse. Eles compararam esse grupo com o mesmo número de pacientes que foram ao hospital para tratar outras doenças agudas. Nos dois casos, cerca de 42% dos pacientes precisaram voltar ao hospital até três meses após a alta. Desses casos, 42% poderiam ser evitados.

Ao estudar mais profundamente o que ocasionou a volta dos pacientes, as diferenças começaram a aparecer. Os pacientes que tinham sobrevivido a sepse foram significativamente mais readmitidos a nova internação por uma condição que poderia ter sido evitada ou tratada precocemente. Eles eram mais propensos a retornar devido a um segundo ataque de sepseinsuficiência renal ou de pulmão.

Entender as diferenças pode levar a formas personalizadas de estimar o risco de doenças evitáveis ​​de cada paciente, antes de deixarem o hospital, dizem os pesquisadores. Isso poderia orientar os prestadores de serviço a detectar sintomas mais cedo e intervir antes que eles estejam em uma situação grave o suficiente para requerer outra internação.

“Muitas dessas condições podem ser gerenciadas se o paciente puder fazer uma consulta médica no início da doença. O que significa, potencialmente, evitar a internação”, diz a médica Hallie Prescott, principal autora da pesquisa e uma crítica assumida do atendimento público norte-americano. “Precisamos avaliar a vulnerabilidade e projetar uma recepção melhor para os pacientes quando eles deixam o hospital, e evitar a segunda internação, que prejudica a recuperação”.

Os especialistas estudaram aspectos da sepse e os cuidados pós-tratamento, incluídos na análise as diversas condições relativamente comuns que os especialistas chamam de “assistência ambulatorial sensível”. O atendimento prestado em visitas ao médico pode fazer uma grande diferença na forma como o paciente é tratado, e como é possível evitar a internação.

Pacientes com infecção generalizada enfrentam riscos específicos, como rins enfraquecidos ou dificuldade em se alimentar, relacionada com os tubos de respiração utilizados em unidades de terapia intensiva.

“Noções sobre os medicamentos e dieta correta, dar orientação sobre os riscos e sinais de infecção, e examinar a função renal com mais frequência podem ser exemplos de intervenções pós-hospitalares que poderiam dar bons resultados”, diz a Dra. Prescott.

Utilizar uma análise mais individualizada e criar ferramentas que podem personalizar o cálculo de risco é crucial para reduzir internações hospitalares desnecessárias, bem como os custos da saúde de uma condição que mata mais do que AIDS, câncer de mama e câncer de próstata juntos.

VEJA TAMBÉM