Estatísticas e Análises, Gestão e Qualidade | 18 de janeiro de 2017

Quais são os médicos mais estressados (e os mais felizes)

Dermatologistas são os que mais se sentem "felizes" 
Quais são os médicos mais estressados e os mais felizes

A síndrome de burnout é uma espécie de depressão causada pelo esgotamento, que atinge muitos profissionais de saúde. Segundo a pesquisa sobre estilo de vida Medscape’s 2017 Lifestyle, certas especialidades estão sofrendo mais do que outras. Hospitais, clínicas e demais unidades de saúde que trabalham com médicos – e outros profissionais da área assistencial – precisam entender esse novo ambiente clínico, monitorando e dando apoio para minimizar os efeitos práticos no atendimento ao paciente.

O Medscape consultou mais de 14 mil médicos de mais de 30 especialidades, que foram questionados sobre uma série de tópicos, incluindo burnout e problemas com pacientes. A pesquisa também coletou dados demográficos, como sexo, raça e etnia.

O estado de burnout

A pesquisa definiu o burnout “sentimentos de cinismo, baixo senso de realização pessoal e uma perda de entusiasmo com o trabalho”.

A pesquisa constatou que a taxa global de burnout médico em 2017 nos EUA foi de 51%, significativamente maior do que a taxa de 2013 de 40%. Como informa o portal Advisory, “mais médicas (55%) do que médicos (45%) disseram que tiveram burnout, mas a pesquisa descobriu que a síndrome parece estar se nivelando entre mulheres e homens”.

A taxa de burnout variou por especialidade, com as maiores taxas de burnout relatadas sendo:

Medicina de emergência (59%);

Obstetrícia e ginecologia (56%);

Medicina de família, medicina interna e especialidades de doenças infecciosas (55%).

Entretanto, as menores taxas de burnout foram relatadas entre os seguintes médicos:

Diabetes e endocrinologia (46%);

Patologia, oftalmologia, alergologia e imunologia (43%);

Psiquiatria e saúde mental (42%).

Diferentes especialidades também relataram diferentes níveis graves de burnout. “Por exemplo, embora especialistas em doenças infecciosas se classificassem entre os cinco primeiros para taxas gerais de burnout, eles relataram a menor gravidade do burnout em uma escala de sete pontos (3.9) ”. As especialidades que relataram o burnout mais grave foram urologia (4.6), otorrinolaringologia (4,5) e oncologia (4.5).

Quando os médicos avaliaram causas individuais de burnout em uma escala de 7 pontos que variou de “não contribui de jeito nenhum ” para “contribui significativamente”, os médicos disseram que as principais causas de burnout foram: demasiadas tarefas burocráticas (5.3); passar muitas horas no trabalho (4.7); e sentimento de que é apenas uma roda dentada de uma corrente (4.6).

Felicidade no trabalho

A pesquisa também perguntou sobre a felicidade no trabalho. A pesquisa descobriu que as taxas mais altas de médicos relatando estarem “felizes” ou “muito felizes” no trabalho foram vistos entre:

Dermatologistas (43%),

Oftalmologistas (42%);

Alergologia e Imunoalergologia (41%).

Já as menores taxas de felicidade foram observadas entre especialistas em:

Medicina de emergência (28%);

Nefrologistas (24%) e

Reumatologistas (24%).

Preconceito

A pesquisa do Medscape também perguntou aos médicos sobre viés em relação aos pacientes. Em geral, 50% dos médicos disseram que tinham preconceitos em relação aos pacientes, tanto negativos como positivos.

NOTA: Preconceito positivo é quando, por exemplo, afirmamos que os asiáticos conquistam as melhores notas em testes e provas de seleção, defendendo a ideia de que devemos estudar mais. Ou seja, não é propriamente negativo pois relaciona a aspectos como comprometimento e valorização dos estudos.

Os médicos do sexo masculino eram mais propensos a admitir preconceito (51%) do que as médicas (42%).

Homens e mulheres também diferiram sobre quais características do paciente eram susceptíveis a desencadear estes tipos de viés. “Por exemplo, 51% dos médicos do sexo masculino disseram que um paciente com sobrepeso poderia provocar viés, em comparação com 42% das mulheres. E 21% dos médicos disseram que a falta de cobertura de seguro poderia provocar viés, em comparação com 15% das médicas. Nos EUA, quando um paciente é atendido na emergência e não possui plano, o pagamento pelo serviço muitas vezes leva tempo para ser feito, já que é o paciente que tem que desembolsar, ou o prestador solicitar ressarcimento de parte dos custos ao governo.

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O estudo não pode explicar o viés implícito, que ocorre em um nível inconsciente, ou uma relutância entre certos grupos de admitir que eles têm preconceitos. “A pesquisa também descobriu que, embora 50% dos médicos disseram que tinham preconceitos, apenas 16% disseram que seus preconceitos teriam um impacto positivo ou negativo sobre o atendimento ao paciente”.

Entre os que admitiram que o preconceito afetou seu tratamento, os fatores do paciente que foram mais prováveis de provocar um viés negativo – como menor tempo gasto com um paciente ou um modo menos amigável – foram:

Diferenças de linguagem (61%);

Problemas emocionais (58%);

Sobrepeso (50%).

Por outro lado, os fatores do paciente que eram mais susceptíveis de provocar um viés positivo – como mais tempo gasto com um paciente ou um modo mais amigável – entre esses médicos foram:

Idade mais avançada (50%);

Baixa inteligência (32%);

Paciente de etnia diferente da do médico (25%).

 

 

 

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