Gestão e Qualidade | 17 de maio de 2025

Projeto reduz tempo de espera para tratamento de câncer de próstata no SUS

Iniciativa possui protocolo clínico inovador, inteligência artificial e o monitoramento da jornada do paciente.
Projeto reduz tempo de espera para tratamento de câncer de próstata no SUS

O tratamento de câncer no Brasil enfrenta muitos desafios, especialmente no Sistema Único de Saúde (SUS). Para os pacientes com câncer de próstata, o mais comum entre os homens, um dos maiores obstáculos é o tempo de espera para o início da radioterapia. A demora resulta em agravamento da doença, complicações clínicas e, muitas vezes, em uma piora significativa na qualidade de vida dos pacientes. Diante dessa realidade, surgiu a necessidade de repensar a jornada do paciente, reduzindo esse tempo e melhorando a qualidade do tratamento. Foi assim que nasceu o FASTER (Fluxo Aumentado na Santa Casa para Pacientes em Tratamento Radioterápico).


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O projeto foi realizado pelo Instituto de Governança e Controle do Câncer (IGCC) em conjunto com a Santa Casa de Porto Alegre, e contou com patrocínio da Varian, uma empresa da Siemens Healthineers. Ele acelera o início do tratamento radioterápico para pacientes com câncer de próstata de alto risco, utilizando um protocolo clínico inovador, que integra inteligência artificial (IA) e o monitoramento da jornada do paciente.

“A IA foi implantada no prontuário eletrônico da Santa Casa para identificar, de forma proativa, os pacientes com critérios para inclusão no protocolo, acelerando seu acesso ao tratamento. Além disso, o redesenho da jornada assistencial envolveu a colaboração entre Urologia, Radioterapia, Oncologia Clínica e Oncogeriatria, otimizando os processos e eliminando barreiras que dificultavam o início rápido da radioterapia”, detalha o Oncologista Clínico, membro do Conselho do IGCC e um dos elaboradores do protocolo FASTER, Doutor Rafael Vargas.


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Resultados

Entre outubro de 2023 e março de 2025, foram mapeados 32 pacientes, dos quais 19 foram incluídos no protocolo. A transformação foi visível em várias etapas do processo de tratamento: redução de 33% no tempo total entre diagnóstico e início da radioterapia, com o tempo caindo de 174 para 117 dias; redução de 61% no tempo de espera para consulta com a Urologia, um dos principais gargalos do processo; identificação precoce e eficaz dos pacientes com critérios para priorização, utilizando IA, garantindo que os casos mais urgentes fossem tratados sem demora.

“A experiência do FASTER não apenas melhorou os resultados individuais dos pacientes, mas também teve um impacto significativo na eficiência do SUS. O protocolo demonstrou ser replicável em outras instituições, oferecendo um modelo escalável para otimizar o tratamento de câncer de próstata em outras partes do Brasil”, celebra o Oncologista.

Ao integrar tecnologia, práticas clínicas baseadas em evidências e uma gestão de fluxo eficiente, o FASTER mostrou como a inovação pode melhorar os desfechos do tratamento, reduzir custos e proporcionar uma melhor experiência para o paciente. O protocolo também destaca a importância de uma integração mais eficaz com a atenção primária para acelerar o diagnóstico e reduzir os tempos de espera antes que o paciente entre no sistema de tratamento.

“Com os resultados positivos obtidos até agora, a próxima etapa é expandir o protocolo FASTER para incluir mais pacientes e consolidar seus benefícios. O protocolo tem o potencial de transformar a forma como o tratamento de câncer é oferecido no SUS, com foco na valorização da experiência do paciente e desfechos de saúde melhores”, explica Vargas.

Câncer de Próstata

O câncer de próstata é o mais comum em homens, depois do câncer de pele não-melanoma. Ele é silencioso em grande parte dos casos e se desenvolve quando células da próstata se multiplicam anormalmente e formam um tumor. Segundo as estimativas do Instituto Nacional de Câncer (INCA) para o triênio 2023-2025, esperam-se aproximadamente 215 mil novos casos de câncer de próstata no Brasil, representando cerca de 29,2% de todos os casos de câncer em homens.

O Rio Grande do Sul apresenta uma alta incidência, com uma estimativa de 4.570 novos casos no mesmo período. Em Porto Alegre, estima-se que ocorram cerca de 230 novos casos, o que corresponde a aproximadamente 5% dos casos do estado.

IGCC

Criado a partir da experiência do City Cancer Challenge (C/Can) na cidade de Porto Alegre-RS, o IGCC é o parceiro local de sustentabilidade do C/Can. Através de uma atuação multissetorial, busca transformar a realidade da prevenção e do tratamento do câncer, qualificando as políticas de saúde, aprimorando a governança e atualizando as informações e dados sobre a doença.

O Instituto tem como objetivo articular, propor e apoiar iniciativas que colaborem para a promoção da atenção oncológica de qualidade. Atuando para manter o câncer na agenda política das cidades, o IGCC contribui para a construção de um futuro em que todos tenham acesso à prevenção, diagnóstico precoce e tratamentos de forma igualitária e universal.

 

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