Gestão e Qualidade | 25 de janeiro de 2024

Presidente da Unimed Nordeste RS comemora conquistas em 2023 e anuncia os eixos estratégicos para este ano

André Germano Leite também fala sobre tendências do setor e analisa os desafios do cenário da saúde.
Presidente da Unimed Nordeste RS comemora conquistas e anuncia os eixos estratégicos para este ano

A Unimed Nordeste RS encerrou 2023 com bons motivos para comemorar. Segundo o Presidente da cooperativa com atuação na Serra Gaúcha, André Germano Leite, “o desafio era aumentar a receita e/ou diminuir custos assistenciais, sem comprometer nossa excelência na qualidade assistencial, que é uma característica reconhecida da empresa. Era uma equação difícil, mas que precisava ser resolvida como forma de controlar a sinistralidade da operadora, a qual se encontrava em patamares extremamente elevados, inviabilizando a operação.” Com este cenário posto, a Unimed Nordeste RS partiu para fazer o “dever de casa”. A operadora de planos de saúde implementou, a partir de um diagnóstico interno, ações como capacitação de pessoas, otimização de processos e investimentos em tecnologia. “Conseguimos, com muito esforço de todo o time e dos médicos cooperados, recolocar a empresa em uma situação bem melhor, com a recuperação de seus principais indicadores de performance, trazendo a empresa para um patamar de sustentabilidade.” Para este ano, os movimentos de aperfeiçoamento seguirão com novos investimentos em TI e aumento do uso da inteligência artificial (IA) em vários processos. O 20º participante da série especial de entrevistas com executivos de hospitais, operadoras e clínicas do Brasil, detalha ainda os três eixos estratégicos prioritários para este ano: pessoas, processos e tecnologia.

Leite aprofunda também os movimentos mais recentes com foco na eficiência. A Unimed Nordeste RS tem trabalhado com indicadores de performance assistencial e ferramentas para monitorar os desfechos clínicos, a experiência do cliente e o custo assistencial. Ele cita como exemplo de sucesso o Programa GUIA – Gestão Unimed de Indicadores Assistenciais, que distribuiu em 2023 mais de R$ 2 milhões de reais em bonificações por metas atingidas. Em relação às tendências que ditarão os rumos da saúde nos próximos anos, o executivo pontua a transformação digital e o uso de IA como as mais proeminentes. O Presidente da operadora, por outro lado, faz um alerta ao falar sobre gargalos a serem enfrentados pelo setor, sociedade e governos: “é preciso ter a coragem de reconhecer que a saúde está doente”. Segundo Leite, “se não houver uma discussão responsável, propondo mudança de rumos, teremos sérios problemas de sustentabilidade das operações em um futuro não tão longínquo.” Confira o conteúdo completo abaixo.


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As principais conquistas em 2023

“Foi um ano bastante desafiador. A Saúde Suplementar vinha de um ano muito difícil, amargando um prejuízo na casa de R$ 11 bilhões. O desafio era aumentar a receita e/ou diminuir custos assistenciais, sem comprometer nossa excelência na qualidade assistencial, que é uma característica reconhecida da empresa. Era uma equação difícil, mas que precisava ser resolvida como forma de controlar a sinistralidade da operadora, a qual se encontrava em patamares extremamente elevados, inviabilizando a operação. Então o foco foi fazer o dever de casa, e a partir de um diagnóstico dos fatores que poderiam ser melhorados, focamos em capacitar e treinar pessoas, revisitar e otimizar processos e investir em tecnologia. Obviamente que boa tecnologia não corrige processos ruins, mas permite, a partir de uma readequação interna, a escalabilidade, a automação de processos manuais (muitas vezes falhos) e, principalmente, a estruturação de dados, tornando-os importantes ferramentas para tomada de decisão”, destaca Leite.

“Conseguimos, com muito esforço de todo o time e dos médicos cooperados, recolocar a empresa em uma situação bem melhor, com a recuperação de seus principais indicadores de performance, trazendo a empresa para um patamar de sustentabilidade. Apesar das dificuldades, a Unimed Nordeste RS continua investindo, para continuar sendo a referência em saúde privada na região da Serra Gaúcha, onde somos líderes do mercado e a marca Top of Mind há mais de 30 anos”, diz.

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“Acredito no investimento como forma de alavancar crescimento. A partir de planos de negócios bem estruturados, entregamos um novo serviço de Oncologia e Hematologia verticalizado (foto acima) e estamos entregando a Casa Semente (unidade própria de referência para acolhimento de crianças com TEA), além de estarmos dando início ao nosso programa de cirurgia robótica, através da aquisição de um robô Da Vinci, atrelado a criação de um Centro de Capacitação com uma das melhores infraestruturas do país. Outra inovação bastante significativa para nossa empresa, foi a parceria entre a Unimed Nordeste RS e a Marcopolo (uma das maiores indústrias de fabricação de ônibus do mundo) para o desenvolvimento de uma cabine de telemedicina. O protótipo já está em fase final de testes”, informa.

unimed nordeste oncologia


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Principais investimentos previstos para 2024

“Para 2024, entre outros inúmeros investimentos, estamos focados em uma ampla reforma na área de TI. Para tanto investimos na contratação de um CIO com grande experiência no mercado, para liderar o processo de transformação digital. Devemos evoluir para um novo sistema de ERP, com mudanças significativas tanto no Complexo Hospitalar Unimed, como na Operadora Unimed Nordeste RS. Também estamos acrescentando o uso de inteligência artificial em vários de nossos processos, aumentando a eficiência deles, buscando sempre a otimização do trabalho e atingir os maiores níveis de excelência na qualidade assistencial, com uma maior percepção de valor por parte de nossos clientes, colaboradores e médicos cooperados”, anuncia o Presidente da Unimed Nordeste RS.

“Buscamos também ampliar nosso compromisso socioambiental através de ações de saúde nas comunidades de nossa área de abrangência, programas de reciclagem e mitigação do desperdício, ações sociais e de apoio em situações de vulnerabilidade, como na catástrofe das enchentes no estado do Rio Grande do Sul”, adiciona.

unimed nordeste cabine telemedicina

Aperfeiçoar a eficiência por meio dos indicadores de performance assistencial

Ao falar sobre os movimentos para aperfeiçoar a eficiência, mantendo a sua função social e a sustentabilidade econômico-financeira, Leite destaca que a operadora tem investido em projetos orientados para elevar a performance assistencial. “Temos trabalhado muito com indicadores de performance assistencial, como ferramentas para monitorar desfecho clínico, experiência do cliente e custo assistencial. Exemplo disso é a implantação do Programa GUIA – Gestão Unimed de Indicadores Assistenciais. Nesse programa, além de monitorar os indicadores, utilizamos a ferramenta para remunerar diferenciadamente aqueles profissionais que entregam mais valor à jornada de nossos beneficiários, com melhores desfechos clínicos. Esse programa já distribuiu em 2023 mais de R$ 2 milhões de reais em bonificações por metas atingidas, com elevação da satisfação de nossos beneficiários, medida através de pesquisas ativas, além de proporcionar uma economia significativa, uma vez que melhores desfechos significam menos complicações e, portanto, mais economia. Isso impacta diretamente na redução da sinistralidade da empresa, fator esse benéfico também para os usuários, que terão seus índices de reajustes nos planos minorados, uma vez que o sinistro da carteira, usado como base do cálculo, também será menor.”


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Os eixos estratégicos do ciclo 2024: pessoas, processos e tecnologia

O Presidente da Unimed Nordeste RS, detalhou os eixos estratégicos definidos para este ano. Segundo Leite os eixos estão divididos em pessoas, processos e tecnologia.

– PESSOAS: “Investimento na cultura organizacional da empresa, formação e capacitação do quadro de colaboradores, criação de uma estrutura gerencial para monitorar UX (user experience), evolução para um plano mais robusto de pagamento por performance em substituição ao modelo fee for service, etc.”

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– PROCESSOS: “Aumentar ainda mais a qualidade dos processos referentes ao operacional, assistencial e de gestão de pessoas na empresa, buscar Acreditação Internacional mais robusta (a empresa possui Acreditação Internacional Qmentum e Acreditação Plena pela ONA), etc.”

– TECNOLOGIA: “Buscar a transformação digital, buscando automação de processos, eliminação de trabalho (e retrabalho) manual, evolução para empresa 100% Paperless, início do processo de certificação HIMSS, aumentar a utilização de inteligência artificial tanto como ferramenta diagnóstica, como agente de transformação e agilização de devolutivas para questões operacionais e assistenciais no âmbito da empresa e de nossos beneficiários, permitindo uma experiência mais fluida, com maior percepção de valor”, pontua.

Transformação digital e uso de IA ditarão os rumos da saúde 

“A área da saúde é um desafio constante aos gestores, seja pelo seu dinamismo, seja pela sua complexidade ou seja pela insegurança jurídica que nos traz uma indefinição no planejamento de custos assistenciais e de precificação de produtos e serviços. A realidade é que o desafio é enorme. Para tanto, é preciso “pensar fora da caixa”. Buscar alternativas o tempo todo para sobrepor a esses enormes desafios. Não é possível ficar na zona de conforto, da não experimentação, da não tentativa, do não correr o risco de inovar. Fracasso não é a falha em uma inovação. Fracasso é sequer tentar alternativas para problemas que são conhecidos e estão postos para que o gestor desempenhe na plenitude suas funções. São muitas as tendências para os próximos anos. Entre elas citaria algumas.”

“A transformação digital já é uma realidade, embora ainda não tão próxima de todo o universo da saúde privada, mas que rapidamente deverá ser implantada, sob pena de insustentabilidade econômico-financeira. O uso de ferramentas de inteligência artificial será muito importante como forma de ganhar escalabilidade, padronização e otimização de processos. Também o uso de wearables (dispositivos vestíveis) deve ganhar força com o avanço e popularização da internet 5G e da IoT (internet das coisas), permitindo a monitorização à distância de pacientes, sobretudo casos de portadores de doenças crônicas, onde terão papel importante na prevenção de agudizações e internações hospitalares. O uso da cirurgia robótica deve ganhar espaço, à medida que mais centros estejam com seus programas em atividade e, por consequência, seus custos diminuírem”, entende Leite.

unimed nordeste rs hospital

“Além disso, a inovação não tem necessariamente a ver com algo novo. Muitas vezes a adoção de uma velha ideia para um problema novo, também pode ser considerada uma inovação. Falo isso, pela necessidade das operadoras de planos de saúde de tirar do papel e investirem mais em linhas de cuidados, sobretudo na assistência de pacientes crônicos. A velha conhecida Atenção Primária à Saúde (APS), cujo berço foi a Inglaterra na década de sessenta, e que no sistema Unimed recebeu o nome de Atenção Integral à Saúde (AIS). Mais do que uma tendência, a adoção desse modelo assistencial é fundamental para prover um cuidado personalizado ao beneficiário e manter o equilíbrio econômico-financeiro da assistência à saúde dele. O envelhecimento da população é uma realidade e o amarelamento da certidão de nascimento está diretamente relacionado com o aumento das doenças crônicas, fator significativo de elevação de custos assistenciais. Focar na pessoa e não na doença, buscando a prevenção de doenças, bem como estabelecer um mecanismo de porta de entrada desses pacientes na saúde suplementar, onde terão um cuidado acessível, longitudinal, integral e coordenado, é a única saída factível. É preciso que os pacientes ascendam a complexidade assistencial de acordo com as suas necessidades. O Professor Gonçalo Vecina já nos ensinava: “Qualidade em saúde é fazer pelo paciente o que ele precisa, na hora certa, e com o recurso adequado. ”

“Enfim, são muitas perspectivas. Se eu fosse obrigado a elencar as mais importantes, eu diria que o binômio transformação digital e uso de IA são, sem dúvidas, as maiores tendências de inovação na saúde nos próximos anos. Importante salientar que por trás de tanta inovação tecnológica deve ser dada atenção às pessoas. Se máquinas e algoritmos farão melhor que os humanos reconhecimento de padrões e realizarão tarefas repetitivas e em grande escala, ao cérebro humano será reservado espaço para tarefas mais complexas, rapidamente modificáveis, com envolvimento de empatia, sentimentos e emoções. Portanto, a grande inovação a ser apostada continuará sendo a capacitação e a adaptação das pessoas a essas rápidas mudanças do mercado e, como não deixar de falar, do mundo todo. Parafraseando o professor Leon Megginson em discurso proferido em 1963: “Não é o mais forte que sobrevive, nem o mais inteligente, mas o que melhor se adapta às mudanças. ”

Gargalos que devem ser foco de atenção dos governos e das organizações de saúde em 2024

Ao abordar gargalos do segmento das operadoras de saúde, Leite entende que as discussões devem estar alinhadas para a busca de soluções em custos assistenciais, na insegurança jurídica e atualização da Lei de Cooperativas.

“Custos assistenciais com crescimento exponencial, principalmente secundário à incorporação de novas tecnologias (novos tratamentos), sem um estudo adequado de seu impacto na população que paga planos de saúde. O mercado não consegue arcar com esse crescimento e as operadoras, ao não conseguir repassar reajustes na mesma proporção de crescimento, arcam com prejuízos sem precedentes. A redução de custos assistenciais deverá ser, mais do que nunca, o foco de atenção de todo e qualquer gestor na área da saúde.”

“Insegurança jurídica: é preciso maior entendimento entre judiciário e saúde suplementar para definição do que deve e do que não deve ser coberto pela assistência privada”, completa.

“Restabelecimento de um rol de procedimentos para cobertura assistencial, bastante mitigado com a promulgação da Lei 14.454.”

E ainda, “a atualização da Lei das Cooperativas, a qual completa 50 anos, buscando manutenção ou aprimoramento das vantagens competitivas alcançadas à época de sua promulgação e que paulatinamente vem perdendo força, frente a um mercado extremamente acirrado, competindo com players, muitas vezes alavancados por fundos de investimentos nacionais e internacionais. É preciso fortalecer o Cooperativismo no Brasil, como forma de fomentar o desenvolvimento sustentável de suas comunidades, por meio de políticas e práticas socialmente responsáveis”, diz Leite.

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“É preciso ter a coragem de reconhecer que a saúde está doente”

Na parte final da entrevista, o Presidente da cooperativa médica alerta para a necessidade de se aprofundar as discussões em problemas que se repetem, tanto no setor público como privado.

“É preciso que todo o setor discuta de maneira responsável soluções mais abrangentes para os problemas que se repetem, seja no público, quanto no privado.”

“Há que se pensar na interoperabilidade das informações, de modo que todos os sistemas (e informações) se comuniquem, em benefício dos pacientes. Não é aceitável o nível de informações dispersas que temos na saúde, com desperdício de exames e tratamentos repetidos várias vezes, sem resolução do problema, e sem custo-efetividade”, explica.

Para Leite “é preciso rediscutir as leis que regem e regulamentam o setor, muitas das quais estão absolutamente defasadas no tempo.”

Utilizar os recursos de maneira responsável, sem espaço para proselitismo político ou ativismo judiciário, igualmente é preciso, diz Leite. “Óbvio que uma vida não tem preço. Mas quem paga pelo custo de um medicamento que custa dez milhões de reais para um só paciente? A medicina avança a passos largos, com avanços tecnológicos impensáveis, porém a um custo proibitivo para a imensa maioria da população. A mesma mão que paga essa droga, é a mesma que deixa faltar coisas básicas para a população, causando mais doença, num ciclo vicioso altamente danoso à população.”

“Sobretudo é preciso ter a coragem de reconhecer que a saúde está doente, e que se não houver uma discussão responsável, propondo mudança de rumos, teremos sérios problemas de sustentabilidade das operações em um futuro não tão longínquo”, finaliza.

André Germano Leite PERFIL

PERFIL UNIMED NORDESTE 2024

 

 

 

 



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