Tecnologia e Inovação | 8 de setembro de 2017

Pesquisadores desenvolvem aplicativo de celular que detecta câncer de pâncreas

BiliScreen requer apenas uma selfie para analisar possíveis sinais da doença nos olhos de uma pessoa
Pesquisadores desenvolvem aplicativo de celular que detecta câncer de pâncreas

A maioria dos casos de câncer no pâncreas não apresenta sintomas na fase inicial, ou apenas muito leves, o que dificulta a sua identificação. Se o diagnóstico não for precoce, cerca de 90% dos pacientes acabam morrendo dentro de cinco anos. Na ausência de sintomas que indicam a doença, a Universidade de Washington desenvolveu um aplicativo que permite detectar o câncer de pâncreas por meio de uma simples selfie no smartphone.

O BiliScreen, nome dado ao aplicativo, requer apenas a câmera do smartphone. Seus algoritmos são projetados para identificar o aumento dos níveis de bilirrubina na esclerótica ou no branco dos olhos, graças à tecnologia machine learning (método de análise de dados que automatiza o desenvolvimento de modelos analíticos).

Um dos primeiros sintomas a serem detectados no câncer de pâncreas é a coloração amarelada da pele e dos olhos, e o aumento da bilirrubina no organismo causa a icterícia. No entanto, o tom atípico dos olhos geralmente é notado tardiamente, e por isto o aplicativo busca antecipar a detecção de anormalidade na coloração dos olhos.

Durante um estudo clínico envolvendo 70 pessoas, o BiliScreen foi usado em conjunto com uma caixa feita com a impressora 3D, para controlar a exposição da luz aos olhos. Os resultados mostraram que o BiliScreen identificou a icterícia corretamente em quase 90% dos casos, em comparação com os atuais testes de sangue. A proposta é que as pessoas façam uso do aplicativo rotineiramente e, no primeiro sinal de alteração, procure um médico para realizar exames mais aprofundados.

“O problema com o câncer de pâncreas é que, até que você esteja assintomático, é muito frequente que seja tarde”, diz Alex Mariakakis, doutor em Ciência da Computação e Engenharia. “A esperança é que, se as pessoas puderem fazer este teste simples uma vez por mês, na privacidade de suas casas, alguns poderiam detectar o indicativo da doença com antecedência para serem submetidos a um tratamento que poderia salvar suas vidas”, explicou Mariakakis.

O BiliScreen ainda não  está disponível para download, mas a intenção do grupo de desenvolvedores é apresentar o aplicativo no próximo 13 de setembro, na reunião da Ubicomp, feira de tecnologia que ocorrerá no Havaí (EUA).

Antecipação para tratamento

Em adultos, o branco dos olhos é mais sensível do que a pele às mudanças nos níveis de bilirrubina, que pode ser um sinal de alerta precoce para câncer de pâncreas, hepatite ou síndrome de Gilbert. Além disso, ao contrário da cor da pele, as mudanças nas escleróticas são mais consistentes em todas as raças e etnias.

No entanto, no momento em que as pessoas observam descoloração amarela na esclerótica, os níveis de bilirrubina já são motivo de preocupação. A ideia da equipe da Universidade de Washington surgiu após lançarem a hipótese de, se por meio do computador e ferramentas de aprendizado, essas mudanças de cor poderiam ser detectadas no olho antes que os humanos possam vê-las.

O BiliScreen foi concebido para ser uma ferramenta não invasiva, fácil de ser utilizada e que ajude a determinar se alguém deve consultar um médico para realizar testes adicionais. Além do diagnóstico, o BiliScreen também pode aliviar a carga de pacientes em tratamento do câncer de pâncreas, que exige monitoramento frequente da bilirrubina.

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