Geral | 25 de setembro de 2013

Pesquisadores brasileiros e alemães se unem contra a obesidade

Estudo busca tratamentos mais confiáveis e duradouros para a enfermidade
brasil e alemanha

Pesquisadores do Brasil e da Alemanha firmaram um acordo de cooperação internacional no primeiro semestre de 2013, para buscar tratamentos medicamentosos mais confiáveis para o combate à obesidade. Estima-se que o mal atinja cerca de 500 milhões de pessoas no mundo, sem que exista, atualmente, resultados clínicos realmente duradouros.

O foco dos estudos são as cininas, família de peptídeos gerada no sangue e nos tecidos que apresenta relação direta com o desejo de ingerir alimentos. A ideia é comprovar a participação eficaz do uso de antagonistas de cininas como uma possível droga antiobesidade. O grupo de profissionais acredita que essas moléculas são capazes de bloquear a ação da substância (cininas).

A obesidade atinge 17% dos brasileiros com mais de 20 anos, enquanto o excesso de peso afeta metade da população, segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

O biólogo molecular da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), João Bosco Pesquero, revelou em entrevista à revista Pesquisa, da FAPESP, que o “acordo contempla uma colaboração entre a nossa equipe e a do professor Michael Bader, do Max Delbrück Center for Molecular Medicine (MDC), da Alemanha. Queremos buscar um aprofundamento de modelos animais que comprovem a importância das cininas no fenômeno da obesidade”.

O trabalho em conjunto une um projeto de auxílio regular à pesquisa da FAPESP e um projeto similar financiado pelo Helmholtz Association of German Research Centers, com orçamento anual de € 3,76 bilhões (cerca de R$ 12 bilhões) e 18 institutos vinculados. De forma simultânea, o projeto intitulado “Cininas como novos alvos da obesidade” deu início aos estudos para obtenção de financiamento. O auxílio da Helmholtz terá duração de três anos, com aportes anuais de € 50 mil (cerca de R$ 160 mil), enquanto o da FAPESP é de R$ 267 mil no período de dois anos.

Os estudos dão importância primordial para camundongos transgênicos, em que foram desligados os genes relacionados aos receptores B1, responsáveis pela transmissão das ações das cininas. Trabalhos realizados anteriormente mostraram que o receptor B1 está diretamente envolvido na sinalização da leptina, hormônio que funciona como modulador de apetite. Níveis elevados dessa substância no sangue reduzem a fome da pessoa.

O novo foco é aprofundar a investigação para descobrir qual tipo de receptor B1 (encontrado no tecido adiposo e em diversos órgãos, entre eles o cérebro) tem maior relação com a obesidade. Os pesquisadores já descobriram que ocorre uma mudança no sistema nervoso central do animal transgênico sem o receptor B1, levando ao aumento da expressão de um hormônio que controla o apetite chamado Cart (sigla em inglês para Cocaine and Amphetamne-Related Transcript).

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