Mundo | 16 de outubro de 2013

Pesquisa relaciona gastos com saúde e combate ao câncer de mama

European Cancer Congress enfatiza a importância de investir no setor para diminuir a mortalidade
Pesquisa relaciona gastos com saúde e combate ao câncer de mama

Um recente estudo apresentando no European Cancer Congress (ECC2013), na capital holandesa, Amsterdam, e publicado simultaneamente na revista Annals of Oncology, revela que quanto maior é o orçamento em saúde, maior a chance de cura de pacientes com câncer de mama.

Os dados de investimento em saúde, incidência e mortalidade do câncer de mama foram obtidos da Organização Mundial da Saúde, Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial. Um dos autores do estudo, dr. Evandro Azambuja, oncologista brasileiro que trabalha no Breast European Adjuvant Studies Team (BrEAST), na Bélgica, ressalta que investimento em saúde é diretamente correlacionado com resultados clínicos melhores.

Os pesquisadores observaram que, apesar de grande esforço de uniformizar condutas, existe uma grande disparidade entre os países do oeste e leste europeu. Foram estimadas as taxas de mortalidade de câncer e relacionados com o PIB e a porcentagem de investimento per capita em saúde.

Dr. Azambuja lembra que, em países com gastos inferiores a US$ 2 mil per capita (como Romênia, Polônia e Hungria), aproximadamente 60% dos pacientes faleciam após diagnóstico do câncer. Em contrapartida, em países com investimentos entre US$ 2,5 mil e US$ 3,5 mil (casos de Espanha e Portugal), as taxas baixam para 40 a 50%. Já aqueles que gastam US$ 4 mil ou mais (França, Reino Unido e Alemanha), as taxas eram inferiores a 40%.

A pesquisa foca o câncer de mama, doença na qual a triagem com mamografia traz forte impacto nas taxas de mortalidade. A relação entre casos novos e óbitos também foram exploradas, já que revelam a eficácia das políticas de detecção precoce.

Dr. Stephen Stefani, oncologista do Instituto do Câncer Mãe de Deus, de Porto Alegre, e presidente do capítulo brasileiro da International Society of Pharmaceoconomics and Outcome Research (ISPOR), ressalta que os dados nacionais devem ser analisados com o cautela, separando a saúde pública da suplementar. O Brasil gasta em torno de 9,6% do PIB em saúde, porém 50% do valor é contabilizado pelo SUS (80% da população) e os outros 50% com sistema suplementar (20% da população).

“Mesmo que tenhamos aumentado nosso gasto com saúde de US$ 107 per capita para US$ 466 na última década, ainda estamos longe dos US$ 549 da média mundial. A diferença com os países ricos é nítida: o gasto per capita nos EUA é US$ 3,7 mil, na Holanda é US$ 4,8 mil e na Noruega, US$ 6,8 mil. A Romênia, menor valor na Europa, é de US$ 898,00”, afirmou, dr. Stefani.

 



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