Estatísticas e Análises | 6 de fevereiro de 2018

Pedra nos rins: Casos aumentam 30% no verão

Saiba como evitar a formação dos pequenos cristais
pedra nos rins casos aumentam 30 por cento no verão

O Cálculo Urinário, também conhecido popularmente como pedra nos rins ou calculo renal, é uma condição aguda causada por cristais que se agrupam e perdem a solubilidade, formando uma espécie de “pedra” que pode ser eliminada na urina ou se alojar nos dutos urinários, causando uma obstrução.

No verão, a incidência de cálculos urinários sofre um aumento de 30% no número de casos, de acordo com o Centro de Referência em Saúde do Homem, órgão vinculado à Secretaria Estadual de Saúde de São Paulo. Isso ocorre pela combinação das altas temperaturas com o aumento da transpiração e a falta de ingestão adequada de água.

Todos os anos, na segunda quinta-feira do mês de março é celebrado o Dia Mundial dos Rins. Em 2018, a data será celebrada no dia 8 de março, com o tema “Saúde da Mulher: Cuide de seus rins”, já que na mesma data se celebra o Dia Internacional da Mulher. No Brasil, as campanhas de conscientização são realizadas pela Sociedade Brasileira de Nefrologia.

O portal Setor Saúde entrevistou especialistas sobre o assunto para abordar o tema. O médico urologista do Hospital Moinhos de Vento, Dr. Ricardo Zordan, e o nefrologista do Hospital Mãe de Deus, Dr. Roberto Berdichevski, explicaram os motivos, complicações e como prevenir a doença nas entrevistas.

Como as pedras são formadas e quais exames médicos devem ser realizados?

Segundo o médico urologista Ricardo Zordan, o cálculo renal não é uma doença, mas a associação de vários distúrbios. “Um indivíduo que tem cálculo renal apresenta também algum distúrbio metabólico que faz com que os cristais, normalmente eliminados pela urina, se precipitem e formem a pedra. Alguns são decorrentes de excesso de ácido úrico ou oxalato de cálcio na urina, de infecções urinárias de repetição, de falta de citrato ou, raramente, de uma doença chamada cistinúria”, explica.

“Em termos de perigo, depende muito do tamanho, localização dentro do sistema urinário e da quantidade. Um cálculo dentro do rim, pequeno, isolado em uma pessoa sem nenhum sintoma pode não representar perigo. Já um cálculo grande, dentro do ureter (descendo para a bexiga), associado à infecção pode ser grave. Por isso os casos têm que ser sempre avaliados medicamente, se necessário encaminhados para um nefrologista ou urologista. No longo prazo, pacientes com pedra nos rins de repetição não tratadas podem ter complicações na funcionalidade de um ou ambos os rins”, conta.

Quem sofre com as pedras nos rins?

Homens são duas vezes mais afetados que as mulheres, segundo Berdichevski. “A chance de quem teve uma crise de cálculo renal vir a ter uma nova pedra é de 50% em 5-10 anos. Quem sofreu duas crises têm 80% de chances de ter uma nova. Isso mostra a importância de consultar o nefrologista para avaliar bem o motivo da formação”, conta. Zordan também informa que a formação de cálculos ocorre em qualquer indivíduo e qualquer idade.

Qual a melhor maneira de prevenir?

De acordo com o Zordan, o ideal é o paciente consultar um especialista que indicará a melhor forma de prevenção de acordo com o distúrbio metabólico detectado. “De uma maneira geral a melhor forma de prevenção é diminuindo a concentração do sangue, o que consequentemente reduz a concentração da urina não atingindo o ponto de saturação. Como se faz isso? De duas formas simples: aumentando o solvente, no caso do ser humano o solvente é a água, ou diminuindo os solutos, no caso o mais importante soluto que aumenta a concentração da urina é o sal. Uma dieta com aumento de volume ingerido de água (6 a 8 copos/dia) e a redução do sal extra (aquele da salada e da batata frita), há uma redução da formação dos cálculos urinários”, afirma.

Que alimentos devem ser evitados e quais devem ser mais buscados?

Berdichevski conta que ingerir uma boa quantidade de cálcio protege contra as pedras nos rins e não é um risco como se pensava no passado. “De modo geral, evitar excesso de sal e de proteínas de origem animal na dieta, além de aumentar o consumo de frutas e verdes é beneficial. Claro que são orientações gerais, cada caso é um caso. Seja qual for o problema, ingerir muito líquido é um passo fundamental. Recomenda-se mais de 2 litros de água por dia para quem faz pedras repetidas vezes. Interessante também evitar o excesso de vitamina C, que está associada à formação de cálculos de oxalato”, explica.

Quais exames médicos são realizados para descobrir e tratar?

Segundo Zordan,  além do histórico e do exame físico, são realizados exame de urina, ecografia abdominal e/ou tomografia computadorizada. No diagnóstico metabólico são realizados a análise laboratorial ou cristalográfica do cálculo e exames bioquímicos específicos e de urina de 24 horas. Berdichevski conta que a Ecografia e tomografia são os exames mais utilizados no diagnóstico e acompanhamento.

“O tratamento depende muito do caso. As crises em geral são acompanhadas pelo urologista, que dependendo do caso pode tratar com observação ou procedimento para remoção. Uma pedra pequena pode passar espontaneamente. O tratamento nesses casos é baseado na analgesia, anti-inflamatórios e medicações que facilitem a expulsão. Fora da crise, em cálculos dentro do rins e maiores do que 0,7 cm em geral se indica litotripsia. Menores se observa em geral, sendo que entre 0,5 e 0,7cm depende de cada caso. O estudo da urina de 24h para dosar os elementos como o cálcio, ácido úrico, oxalato, citrato, cistina (em alguns casos) é indicado para pacientes com crises recorrentes, história familiar ou múltiplos cálculos nos exames de imagem”, informa.

O que fazer se a dor persistir?

O Dr. Ricardo Zordan alerta sempre procurar uma emergência urológica ou seu urologista assistente caso a dor persista. O Dr. Roberto Berdichevski também enfatiza que toda a crise de cálculo renal deve ser acompanhada por um médico clínico, nefrologista ou urologista. Muitas vezes a dor não tem relação com o tamanho do cálculo e o tratamento é sintomático e outras vezes pode haver necessidade de procedimento urológico.

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