Para acompanhar ritmo de expansão, Tacchini Sistema de Saúde foca em gestão, excelência e eficiência
Hilton Mancio é o oitavo entrevistado da série especial do Setor SaúdeO momento atual apresenta de um lado um grande projeto de expansão, com obras do Hospital Tacchimed e do novo Pronto Socorro do Hospital São Roque, por exemplo. De outro, a necessidade de recuperar margens perdidas e o aumento de custos de insumos e de mão de obra. Para manter a sustentabilidade econômico-financeira, o Tacchini Sistema de Saúde (formado pelos hospitais Tacchini, em Bento Gonçalve/RS e São Roque, em Carlos Barbosa/RS; além do Plano de Saúde Tacchimed, o Instituto Tacchini de Pesquisa em Saúde e a Casa de Repouso Elisa Tramontina), aposta em uma gestão ágil e com foco na excelência e eficiência para o atingimento das metas estipuladas para 2023. O superintendente Hilton Mancio é o oitavo entrevistado da série especial que apresenta a análise de lideranças de hospitais e operadoras sobre o setor da saúde.
Ele apresenta os desafios e conquistas de 2022 e os planos para 2023. Mancio também aborda as iniciativas do Tacchini para aperfeiçoar a gestão, como a digitalização e automação dos processos. As principais diretrizes em termos de gestão e assistência também foram tema da entrevista. Neste ponto em específico, a busca pelo atingimento de metas será aperfeiçoada, tanto na gestão como na assistência. Em termos macro, há gargalos importantes a serem enfrentados pelo setor neste ano, principalmente em relação a acesso e financiamento público. No final da entrevista, Mancio faz um alerta aos gestores sobre a necessidade de participarem das discussões políticas: “se olharmos as coisas acontecerem, seremos apenas seguidores de regras que outros definiram. ” Confira a entrevista completa:
Desafios enfrentados e as conquistas mais relevantes de 2022
“De um lado, seguimos nosso ritmo de crescimento, expansão e inovações, inclusive com o início da nossa residência médica. De outro, foi um ano de perda de margens, custos superiores aos crescimentos das receitas e ameaças novas, agora pelo Congresso Nacional, como o Projeto de Lei da Enfermagem. E aqui é preciso deixar mais uma vez claro que o real problema jamais foi o aumento proposto, que é considerado meritório por nós e por diversos outros hospitais, mas sim a formatação da proposta, que acarreta um impacto violento para as finanças das instituições hospitalares sem qualquer preocupação com a fonte de financiamento desses custos extras”, explica.
Principais investimentos previstos para 2023?
“Em Bento Gonçalves, seguimos com a construção do Hospital do Tacchimed (à esquerda na foto), cujas primeiras etapas já devem ser disponibilizadas ao público no primeiro semestre de 2023. Também vamos dar continuidade à implantação do novo Centro de Diagnósticos por Imagem e o novo Hospital Dia. Além disso, também daremos início à implantação do primeiro curso de graduação em medicina do município em parceria com a Univates. Em Carlos Barbosa, seguimos com as obras do novo Pronto Socorro do Hospital São Roque (à direita na foto), que vai modernizar toda a estrutura e dobrar a capacidade de atendimento da instituição. ”
A busca pela eficiência
“Em agosto, lançamos o projeto eficiência total. O principal objetivo é a digitalização completa de todos os documentos fornecidos pela instituição, eliminando totalmente o uso de papel dentro do Tacchini. O mesmo projeto também prevê a automação plena dos processos, o que nos permite eliminar de uma vez por todas as formas mais arcaicas de controle, como as planilhas de excel e garante que toda a informação necessária seja integrada e centralizada em um espaço único”, aposta Mancio.
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Principais diretrizes para o ciclo 2023, em termos de gestão e assistência
“Para a gestão, está em andamento um reforço importante que tem como centro a produção diária a partir do estabelecimento de novas metas a cada 24 horas. Normalmente o acompanhamento das metas de atendimentos não acontecem dia a dia, mas estamos trabalhando para transformar essa ação em uma cultura organizacional, focada na excelência e eficiência. ”
“Por exemplo: se hoje a meta era a realização de 10 exames e ao final do dia foram computados apenas nove, amanhã a meta passará a ser 11 exames. Parece óbvio, mas hoje não é assim. Na parte assistencial, já acompanhamos indicadores com referenciais externos. Porém agora, vamos apertar as metas”, completa o superintendente do Tacchini Sistema de Saúde.
“Grande parte dos indicadores de desfecho, como os protocolos de Sepse, fundamentalmente precisam de pessoas e processos. Nestes quesitos, o tamanho do hospital ou seu nível de investimentos em tecnologia não podem ser desculpas para o não atingimento de excelentes resultados. ”
Formação de pessoas e o crescimento sustentável
Sobre as tendências do setor, Mancio acredita que o foco dos hospitais, cada vez mais, também deve ser o de formar pessoas. “Acredito que os hospitais estão desenvolvendo cada vez mais estratégias de formação de pessoas em suas estruturas. A qualificação se dá em todos os níveis: graduação, residências, formação técnica. O objetivo, além de obviamente garantir a mão de obra necessária para um crescimento sustentável da instituição, é formar pessoas identificadas com os valores e o propósito da instituição. Promovendo um grande alinhamento de forças, conseguiremos fortalecer cada dia mais o trabalho do Tacchini junto à comunidade. ”
Gargalos que devem ser foco de atenção dos governos e das organizações de saúde em 2023
“Na área pública, o acesso a serviços de saúde ainda é um gargalo. Quando o gestor público habilita um prestador para atendimento de uma determinada especialidade, entende que a solução está dada de forma ilimitada. O contrato tem um tamanho e ele precisa ser respeitado. Afinal, cada hospital também tem um tamanho, uma capacidade instalada. A Central de Regulação do Estado muitas vezes parece não se importar tanto com os termos acordados entre governo e prestador de serviço, usando equivocadamente o recurso de vaga zero quando o hospital já está operando com sobrecarga. ”
“A outra questão diz respeito ao financiamento. Quando um incentivo é implantado, é preciso prever também pelo menos o reajuste anual da inflação. Temos vários exemplos de incentivos que permanecem com os mesmos valores aplicados há uma década. Isso inviabiliza a prestação de serviços e ameaça a saúde financeira das instituições de saúde a médio e longo prazos”, pontua.
A importância das entidades representativas e o debate político
“Procuro sempre encarar os problemas com uma atitude otimista. Mas só o otimismo não resolve. É preciso investir o tempo disponível e participar das entidades representativas, federações, discutir os problemas com deputados, senadores e ajudar a formatar o setor. Se olharmos as coisas acontecerem, seremos apenas seguidores de regras que outros definiram”, finaliza.
Série Especial
Pelo quinto ano consecutivo, o portal Setor Saúde apresenta a série especial com entrevistas com executivos da saúde do Rio Grande do Sul. Neste ano, as matérias serão publicadas a partir do dia 27 de dezembro. Acompanhe as nossas redes sociais (facebook, twitter, linkedin) para ficar atualizado sobre as publicações ou acesse www.setorsaude.com.br.