O preço médio dos medicamentos adquiridos pelos hospitais aumentou em 16,44% de março, com o início da pandemia da Covid-19 no Brasil, até julho. Os dados são do Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), realizado em uma pesquisa inédita realizada pela Fundação Instituto de Pesquisa Econômica (Fipe) em parceria com a Bionexo, empresa de soluções digitais em saúde que coleta dados mensais de alterações de preços dos medicamentos hospitalares.

O IPM-H traça comparativos mensais com as variações de preço medida pelo IPCA/IBGE, pelo IGPM/FGV e a variação na taxa de câmbio, mensalmente. De acordo com os autores da pesquisa, a alta de 16,44% acumulada pelo IPM-H desde o início da pandemia supera, no período, o comportamento do IPCA/IBGE, (que permaneceu praticamente estável), e do IGP-M/FGV (com alta acumulada de 6,25%). Por outro lado, a variação no preço médio dos medicamentos ficou abaixo da variação da taxa de câmbio nesse período (que teve elevação de 21,64%).

Medicamentos tiveram elevação no preço de até 92,6%

O aumento foi impulsionado principalmente pela elevação no preço médio de grupos de medicamentos do aparelho cardiovascular (92,6% de elevação), sistema nervoso (66,0%), aparelho digestivo e metabolismo (50,4%), preparados hormonais sistêmicos (21,8%) e sistema musculoesquelético (18,2%). De acordo com os autores do índice, os aumentos podem ter sido associados ao choque positivo da demanda das unidades de saúde, pelo desabastecimento do mercado doméstico, pela elevação do dólar, entre outros fatores.

“É necessário ressaltar que uma parte importante dos medicamentos e de insumos necessários para produzi-los no país são obtidos no mercado internacional, tornando os preços suscetíveis à variação cambial. Com o aumento da incerteza e a consequente depreciação expressiva da moeda brasileira, o custo de aquisição de medicamentos, de insumos da indústria e de transporte de produtos também se tornou mais elevado. Além da exposição cambial, a concorrência internacional pelos mesmos produtos reforçou de pressão no mercado, resultando na elevação dos preços”, dizem os autores no documento.

O IPM-H também apresenta série histórica da variação acumulada em 12 meses do IPM-H e de outros índices de preço (IPCA E IGPM).

Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H)

Lançado no dia 20 de agosto, o Índice de Preços de Medicamentos para Hospitais (IPM-H), fruto de parceria entre a Fipe e a Bionexo, foi criado com o objetivo de disponibilizar informações inéditas e de grande interesse público relacionadas à área de saúde, com foco no comportamento de preços de medicamentos transacionados entre fornecedores e hospitais no mercado brasileiro.

O índice é elaborado com base em dados de transações realizadas através da plataforma Bionexo entre janeiro de 2015 e julho de 2020.

O IPM-H apresenta variação mensal dos medicamentos classificados em 12 grupos terapêuticos; comparativo dos preços, com suas variações mensais atreladas à taxa de câmbio; a variação de preços em 12 meses; a variação anual de cada grupo terapêutico; variação por grupo; e um documento especial sobre o impacto da pandemia, chamado “o contexto COVID-19 no preço dos medicamentos para hospitais”.

“O objetivo do índice é gerar informações de qualidade para o setor de saúde, promovendo maior transparência e previsibilidade para o mercado. Vínhamos trabalhando no desenvolvimento do índice há mais de dois anos, mas a pandemia demonstrou a urgência desse indicador. Nos últimos meses, hospitais e fornecedores estavam às cegas, sem ter noção dos impactos da crise na variação de preços, para que pudessem planejar seus orçamentos e conduzir as negociações. Isso deixou o mercado como um todo extremamente fragilizado e vulnerável. Não podíamos mais esperar para oferecer esse suporte ao mercado”, diz o CEO da Bionexo, Rafael Barbosa.

O CEO da Bionexo ressalta a importância do índice avaliar as alterações dos preços mensalmente, pois, de acordo com ele, a cada 1,5 segundo são realizadas transações entre fornecedores e administradores de hospitais, e essas informações ficam todas registradas na plataforma.

A atualização dos preços é constante, e permite avaliar em tempo real a oferta e demanda e poder ter uma informação mais correta do preço. “Essa nova informação é uma ferramenta importante pois dá ao setor uma referência mensal. Se um gestor precisa comprar um medicamento e vê que o preço no mês anterior estava 50% mais baixo, caso ele não tenha necessidade imediata, pode aguardar um pouco”, afirma.

A Bionexo esclarece que o índice IPM-H não reflete a variação dos preços de medicamentos vendidos em farmácias para o consumidor final. Ele também não é uma medida de variação de custos de tratamentos em hospitais ou planos de saúde, que envolvem outros gastos, como equipamentos, recursos humanos e demais materiais.

O material é disponibilizado gratuitamente no site da Bionexo. Confira aqui.