Geral | 16 de outubro de 2013

Outubro Rosa alerta o mundo para o câncer de mama

O movimento mundial e a realidade da doença no Brasil e no Estado
Outubro Rosa alerta o mundo para o câncer de mama

Em 1990 a Fundação Susan G. Komen for the Cure distribuiu aos participantes da primeira Corrida pela Cura, em Nova Iorque (EUA), pequenos laços cor-de-rosa. Desde então, o gesto simples tornou-se marca registrada do Outubro Rosa, movimento que ganhou proporções globais. Por diversos países de todos os continentes, organizações reforçam a luta contra o câncer de mama e estimulam a participação da população, empresas e entidades.  Durante todo o mês, o objetivo é chamar atenção, diretamente, para a realidade atual do câncer de mama e a importância do diagnóstico precoce.

No Brasil, a primeira iniciativa relacionada ao Outubro Rosa ocorreu em 2002, quando o monumento Mausoléu do Soldado Constitucionalista (mais conhecido como o Obelisco do Ibirapuera), em São Paulo, recebeu uma iluminação em rosa. Essa ação é, hoje, muito tradicional, com locais como o Cristo Redentor (RJ) já tendo participado desse colorido diferenciado que embeleza as cidades e ajuda a conscientizar a sociedade.

O portal Setor Saúde entrevistou a dra. Maira Caleffi, médica mastologista, presidente do IMAMA (Instituto da Mama do RS) e do Femama (Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama). Além de falar sobre as novidades do Outubro Rosa 2013, ela comentou alguns dados que mostram o alto índice de casos entre as gaúchas, bem como as formas de participar dessa importante campanha.

Setor Saúde – Quais as principais novidades do Outubro Rosa 2013?

Maira Caleffi – Nesse ano, colaboradores e voluntários do IMAMA estão novamente organizando uma programação intensa de atividades para o mês de outubro, que inclui palestras abertas ao público e festa para o público jovem. Também estão sendo planejadas ações de flashmob (aglomeração instantânea) e de pedágio em favor da causa rosa (ou pink-stop). Pela segunda vez consecutiva, contaremos com um quiosque de vendas no Moinhos Shopping, em Porto Alegre. Uma das novidades é que, junto ao local, está montado o Lounge Doe Seu E-mail, para captar novos contatos para o mailing do IMAMA. Ou seja, o internauta que se cadastrar receberá e-mails de empresas parceiras da entidade. A cada mensagem que o usuário abrir e clicar na tela, o IMAMA receberá R$ 0,50. As mensagens serão identificadas e cada parceiro poderá enviar apenas um e-mail por mês aos cadastrados na campanha. Vale ressaltar que o Movimento Outubro Rosa acontece, paralelamente, em diversos estados brasileiros por meio do trabalho da FEMAMA e suas associadas, que, por sua vez, é presidida pelo IMAMA. Destacamos que, nesse ano, a campanha defendida pela FEMAMA é O Tempo Corre Contra, uma vez que o paciente de câncer de mama precisa receber um tratamento qualificado e rápido, o que está assegurado pela Lei  12.732/12. Essa lei obriga que o Sistema Único de Saúde (SUS) inicie o tratamento contra o câncer em até 60 dias após o diagnóstico da doença.

Setor Saúde – Que locais serão (ou estão) iluminados de rosa em Porto Alegre?

Maira Caleffi – Temos o seguinte cronograma de iluminações previstas:

De 1º a 31 de outubro: Ministério Público (Av. Aureliano de Figueiredo Pinto, 80);

De 1º a 31 de outubro: Boulevard Shopping Center (Antigo Strip Center ZS – Av. Assis Brasil, 4320 – São Sebastião);

De 1º a 31 de outubro: Tribunal Regional Federal da 4ª Região (Rua Otávio Francisco Caruso da Rocha, 300, Praia de Belas);

De 1º a 31 de outubro: Crematório Metropolitano (Avenida Oscar Pereira, 584, Azenha);

De 1º a 31 de outubro: OAB/RS (Rua Washington Luiz, nº 1.110, Centro);

De 4 a 11 de outubro: Palácio Piratini (Praça Marechal Deodoro, s/n);

De 8, 9 e 10 de outubro: Museu Iberê Camargo (Avenida Padre Cacique, 2.000);

De 08 a 31 de outubro: Hospital Moinhos de Vento (Torre da Ramiro Barcelos e da Tiradentes);

De 10 a 21 de outubro: Moinhos Shopping (Rua Olavo Barreto Viana, 36, Moinhos de Vento);

De 11 a 26 de outubro: Museu de Medicina do RS – SIMERS (Avenida Independência, 270);

De 11 a 31 de outubro: TRENSURB (Arcos da Estação Mercado Público)

A confirmar – Instituto de Patologia (Av. Carlos Gomes, 1973);

A confirmar – Banco Central (Rua dos Andradas, 1.000, Centro).

Setor Saúde – Como os interessados podem participar mais efetivamente do Outubro Rosa?

Maira Caleffi – Sim, todos podem participar e o IMAMA está de portas abertas  na sua sede, em Porto Alegre (Rua Ramiro Barcelos, 850). É preciso lembrar que a ação do Movimento Outubro Rosa tem como objetivo colaborar para a diminuição das taxas de mortalidade do câncer de mama no RS, através do alerta para a importância do diagnóstico precoce da doença. Por isso, é urgente chamar a atenção para a Causa Rosa, o que pode ocorrer de diversas formas. Uma das mais frequentes nesse mês de outubro é incentivar a iluminação na cor rosa de casas, edifícios e prédios históricos, sejam residenciais ou de órgãos públicos e privados. Podemos, também, colaborar com a realização de campanhas e palestras informativas, para que mulheres e homens façam seus exames periódicos e cultivem hábitos saudáveis para a diminuição dos fatores de riscos.

Setor Saúde – A população ainda está pouco informada sobre o câncer de mama?

Maira Caleffi – Com certeza! Costumamos dizer que as pessoas têm medo de fazer seus exames preventivos e descobrir a doença. É a velha história de que “quem procura acha”. Entretanto, convém enfatizarmos que “quem procura acha, mas tem mais chances de cura”. Isso porque o diagnóstico precoce do câncer de mama pode resultar em até 95% de chances de cura. Além disso, quanto antes a paciente tiver o diagnóstico e iniciar o tratamento, melhor será o encaminhamento para o controle da doença. Mas esse processo deve ser rápido, sim, e transcorrer em dias e não em meses, como vemos acontecer no SUS e na rede suplementar de saúde, onde há excesso de burocracia de seguradoras e convênios privados. Como é dito na campanha da FEMAMA, O Tempo Corre Contra e o paciente precisa receber um tratamento qualificado e rápido.

Setor Saúde – Por que as gaúchas apresentam índices tão altos de mortes por câncer de mama?

Maira Caleffi – Trabalho há mais de duas décadas com o tema câncer de mama e sempre me perguntam por que tantas mulheres, cerca de 32 por dia no Brasil, ainda morrem dessa doença. Percebo que as barreiras psicológicas ainda são fortes entraves para que as mulheres, independentemente de sua faixa etária, continuem tendo medo de realizar seus exames preventivos, como é o caso de uma simples mamografia. Muitas acreditam que vão sentir dor e temem, principalmente, o diagnóstico, preferindo não realizar seus exames de rotina. As senhoras da chamada melhor idade não têm, muitas vezes, a informação de que o risco para o câncer de mama é cada vez maior com o passar do tempo e preferem não fazer exames, consultas com mastologistas ou revisões com ginecologistas, seguindo àquela máxima de que “quem procura acha”. Assim, precisamos mudar essa cultura do medo e solucionar o impasse de tanta desinformação. A mulher tem medo de fazer o exame e encontrar um nódulo, e isso pode significar descobrir a doença, perder o cabelo, a mama e a feminilidade, e as casadas temem até perder o marido. Algumas até são proibidas por seus companheiros de realizarem exames com médicos do sexo masculino. Além disso, e em grau maior, existe a preocupação com a morte.

Setor Saúde – Há dados sobre a mortalidade da doença no RS? As taxas estão aumentando, são estáveis ou diminuíram?

Maira Caleffi – A incidência de câncer de mama aumentou significativamente nos últimos 20 anos. Parte do resultado se dá devido ao aumento da procura por diagnóstico de imagem, além do exame clínico. Mas existe um aumento real devido ao aumento da expectativa de vida, fatores ambientais e hábitos de vida. Cada vez é mais importante as mulheres praticarem o autocuidado a fim de diminuírem os riscos para o câncer de mama. Ter uma alimentação saudável, praticar exercícios físicos, evitar o consumo de bebidas alcoólicas e não fumar pode minimizar a incidência do câncer de mama. Hoje, essa neoplasia mata cerca de 32 mulheres por dia em nosso país, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA). E Porto Alegre, infelizmente, segue líder  entre as capitais brasileiras nesse ranking, com números elevados da doença. Já o Rio Grande do Sul continua sendo o segundo estado brasileiro com maior incidência da doença. Ainda conforme o INCA, a doença é o segundo tipo de câncer mais frequente no mundo, sendo mais comum entre as mulheres, o que responde por 22% dos casos novos a cada ano. Se diagnosticado e tratado oportunamente, o prognóstico é relativamente bom. De acordo com informações do INCA, as taxas de mortalidade por câncer de mama continuam elevadas no Brasil, pois a doença é diagnosticada em estágios avançados. Na população mundial, a sobrevida média após cinco anos é de 61%. Estatísticas indicam aumento de sua incidência tanto nos países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento.

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