Estatísticas e Análises | 19 de abril de 2023

Oncologia: novas tecnologias de tratamento, como o CAR-T para cânceres hematológicos, chegam ao país 

O Grupo Oncoclínicas é um dos pioneiros a oferecer a novidade no país, dentro de seu programa de terapia celular liderado pelo onco-hematologista Dr. Renato Cunha
Oncologia novas tecnologias de tratamento, como o CAR-T para cânceres hematológicos, chegam ao país 

Assim como em outras áreas da medicina, a oncologia apresenta avanços no tratamento do câncer por meio de novas tecnologias que começam a ser aplicadas no Brasil. Um campo que vem se desenvolvendo muito é o da terapia celular, exemplificada pelo CAR-T (Chimeric Antigen Receptor T-Cell Therapy) e que consiste na potencialização do sistema imune do próprio paciente para combater a célula doente. 

O Grupo Oncoclínicas é um dos pioneiros a oferecer a novidade no país, dentro de seu programa de terapia celular liderado pelo onco-hematologista Dr. Renato Cunha (foto). Na última terça-feira (18), o profissional esteve em Porto Alegre para um encontro com a equipe de hematologia da Oncoclínicas RS. Em 2019, o especialista liderou a equipe clínica responsável pelo primeiro tratamento bem-sucedido baseado nessa terapia celular. Em 2021, ele coordenou o Consenso Brasileiro para Células Geneticamente Modificadas pela Associação Brasileira de Hematologia e Hemoterapia.


PUBLICIDADE

NAXIA-DIGITAL


A hematologista da Oncoclínicas RS, Dra. Rafaela Dal Molin, explica que essa reprogramação celular é realizada em laboratórios localizados em sua maioria nos Estados Unidos. No entanto, o processo de coleta das células do paciente e a posterior infusão destas mesmas células trabalhadas geneticamente já é feito no Brasil.

Menos de dez pacientes no Brasil foram submetidos à nova terapêutica que, até o momento, é indicada para casos refratários de leucemia linfoblástica aguda, linfoma difuso de células B e mieloma múltiplo (cânceres do sangue). “É uma quebra de paradigma e nos traz uma esperança muito robusta no contexto de tratamentos prévios sem sucesso nestes tipos de câncer, incluindo quimioterapia e transplante de medula óssea”, destaca a Dra. Rafaela. O CAR-T integra a recente prática conhecida como medicina de precisão, em que os tratamentos são cada vez mais personalizados de acordo com as características de cada pessoa e sua patologia.  


PUBLICIDADE

oncologia-tratamento-cancer


Embora a aplicação da nova tecnologia ainda seja restrita a situações específicas tanto pelo custo elevado quanto pela criteriosa seleção de pacientes que podem ser submetidos e beneficiados por tal tratamento, a expectativa é de que, futuramente, possa ser adotada para outros tipos de câncer e se torne mais acessível com a cobertura por planos de saúde. No ano passado, a ANVISA aprovou o CAR-T como uma terapia infusional oncológica. Contudo, somente alguns centros no país estão habilitados para aplicá-la. 

Mensagem específica na célula de defesa  

A base do CAR-T é o linfócito T do paciente, célula que faz parte do sistema imunológico. A coleta dessas células já é realizada no Brasil com o uso de uma máquina de aférese, parecida com a de hemodiálise. Este equipamento separa os linfócitos T do paciente que, então, são enviados ao laboratório nos EUA e lá recebem a modificação genética que os torna capazes de identificar e destruir as células cancerosas. “É como introduzir uma sinalização especial nesses linfócitos”, observa a Dra. Rafaela. Dessa forma, são “ensinados” a identificar de forma mais precisa as células malignas, viabilizando a sua destruição.  


PUBLICIDADE

ZG SOLUCOES GLOSAS SS 600


O processo no laboratório demora em torno de três a quatro semanas para ser concluído, e o produto final serve a apenas uma pessoa de cada vez. Depois de executada a manufatura no laboratório, as células T voltam ao Brasil para serem administradas no paciente por meio de infusão única semelhante a uma transfusão de sangue. No seguimento, sinais de toxicidade da terapia e eventuais intercorrências ainda precisam ser acompanhadas de perto, com o paciente hospitalizado por até 30 dias.

 



VEJA TAMBÉM