Estatísticas e Análises, Mundo | 23 de julho de 2022

OMS declara varíola dos macacos como emergência de saúde global 

Ministério da Saúde emitiu nota neste sábado, Brasil tem até o momento 607 casos confirmados
OMS declara varíola dos macacos como emergência de saúde global 

O surto de varíola dos macacos (monkeypox) foi declarado como “emergência de saúde pública” de interesse global pela Organização Mundial da Saúde (OMS). A PHEIC (Public Health Emergency of International Concern, em inglês) é definida pela OMS como “um evento extraordinário determinado a constituir um risco de saúde pública para outros países através da disseminação internacional de doenças e potencialmente exigir uma resposta internacional coordenada ”. A Covid-19 era a mais recente PHEIC declarada, entre 2019 e 2020. A Agência destaca que o termo implica no entendimento de que a situação é séria, repentina, incomum ou inesperada, o que traz implicações para a saúde pública além das fronteiras nacionais, exigindo uma atenção internacional imediata.

Tedros Adhanom Ghebreyesus, diretor-geral da OMS, disse em entrevista coletiva que o comitê se reuniu na quinta-feira para revisar os dados mais recentes, mas que não conseguiu chegar a um consenso. No entanto, ele decidiu romper o impasse declarando um PHEIC.

“Em suma, temos um surto que se espalhou rapidamente pelo mundo por meio de novos modos de transmissão sobre os quais entendemos muito pouco e que atendem aos critérios das regulamentações internacionais de saúde. Por todas essas razões, decidi que o surto global de varíola dos macacos representa uma emergência de saúde global de interesse internacional”.

Risco alto na Europa

Embora Tedros tenha dito que o risco de varíola era “moderado” globalmente, era “alto” na Europa e havia “um risco claro de maior disseminação internacional”.

Globalmente, até agora houve 16.016 casos de varíola dos macacos – 4.132 dos quais na semana passada, segundo dados da OMS. Está presente em 75 países, com cinco mortes registradas até o momento.

A região europeia tem o maior número de casos totais, com 11.865, e o maior aumento nos últimos sete dias, com 2.705.

Rosamund Lewis, líder técnica para varíola no programa de emergências de saúde da OMS, destacou: “Há muito trabalho a ser feito”. Lewis completou dizendo que ações devem ser tomadas para estabelecer o que causa o risco e reduzir situações que possam colocar as pessoas em risco para que possam se proteger. “É assim que chegaremos ao fim desse surto”.

Outros países e o Brasil

Casos também foram relatados nos EUA, Canadá, Austrália, Nigéria, Israel, Brasil e México, entre outros.

No Brasil, foram confirmados 607 casos pelo Ministério da Saúde, até sexta-feira (22). Os estados com casos confirmados são:

São Paulo 438


Rio de Janeiro 86


Minas Gerais 33


Distrito Federal 12


Paraná 10


Goiás 8


Bahia 5


Rio Grande do Sul 3


Pernambuco 3


Ceará 2


Rio Grande do Norte 2


Espírito Santo 2


Mato Grosso do Sul 1


Santa Catarina 1

Em nota divulgada neste sábado (23) a pasta diz que “todas as medidas hoje anunciadas pela Organização Mundial da Saúde (OMS) já são realizadas pelo Brasil desde o início de julho de forma a realizar uma vigilância oportuna da doença. Antes mesmo da ocorrência de casos suspeitos ou confirmados da varíola dos macacos no país, o ministério instalou uma Sala de Situação para elaborar um plano de ação com o objetivo de estabelecer estados e municípios sobre a melhor forma de atender a população. ”


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Testes para diagnóstico e compra de vacinas

O Ministério da Saúde informa ainda que os testes para diagnóstico da varíola dos macacos estão disponíveis para toda a população que se enquadre na definição de casos suspeitos. “O Ministério da Saúde também tem articulado com a OMS as tratativas para aquisição da vacina varíola dos macacos, de forma que o Programa Nacional de Imunizações (PNI) possa definir a estratégia de imunização para o Brasil”, completa o comunicado deste sábado.

A doença

Classificada como endêmica em países da África Central e Ocidental, a doença chegou a outros continentes em 2022. Foi identificada em 1958 e é causada pelo vírus Monkeypox (MPXV) do gênero Orthopoxvirus, da família Poxviridae. Trata-se de uma doença zoonótica viral, cuja transmissão para humanos pode ocorrer por meio do contato com animal ou humano infectado ou com material corporal humano contendo o vírus. Apesar do nome, os macacos não são reservatórios.

Os sinais e sintomas duram de duas a quatro semanas. O período de incubação, quando a pessoa infectada é assintomática, é tipicamente de seis a 16 dias, mas pode chegar a 21 dias. Inicialmente, os sintomas incluem febre súbita, dor de cabeça, dores musculares, dores nas costas, adenomegalia, calafrios e exaustão.

Já a manifestação cutânea, mais conhecida pela população, ocorre entre um e três dias após os sinais e sintomas iniciais e a erupção da Monkeypox na pele passa por diferentes estágios: mácula, pápula, vesícula, pústula e crosta. Quando aparecem, as lesões têm diâmetro de meio centímetro a um centímetro e podem ser confundidas com varicela ou sífilis. A principal diferença é a evolução uniforme das lesões na MPX.

Para evitar que haja um estigma e ações contra os primatas não humanos, o Ministério da Saúde optou por não denominar a doença no Brasil como varíola dos macacos. O reservatório natural da doença ainda está sendo investigado, principalmente em pequenos roedores. Assim, apesar do estrangeirismo, uma tentativa de solucionar a situação foi a de usar a denominação dada pela OMS: Monkeypox.

Surto e estigma

A OMS disse que o surto ocorreu principalmente entre homens que fazem sexo com homens que relataram ter tido relações sexuais recentemente com novos ou múltiplos parceiros. No entanto, especialistas enfatizaram que qualquer pessoa pode pegar varíola, pois é transmitida por contato próximo ou íntimo, com a ONU alertando que alguns retratos da mídia de africanos e pessoas LGBTQ + “reforçam estereótipos homofóbicos e racistas e exacerbam o estigma”. Michael Ryan, diretor-executivo do programa de emergências da OMS, disse: “Todos nós sabemos o quão difícil tem sido historicamente lidar com questões como essa por causa do estigma”.

Com informações OMS, The Guardian e Ministério da Saúde.

 

 



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