Gestão e Qualidade | 19 de fevereiro de 2021

Obras do novo Centro de Oncologia do Grupo Hospitalar Conceição podem ser paralisadas em março

Em entrevista, Cláudio Oliveira detalha pedido à bancada gaúcha de verba de R$ 33 milhões  
Obras do novo Centro de Oncologia do Grupo Hospitalar Conceição podem parar em março

As obras do Centro de Hematologia e Oncologia do Grupo Hospitalar Conceição (GHC) poderão ser paralisadas se a instituição não conseguir nos próximos dias uma verba de R$ 33 milhões. O diretor-presidente do GHC, Cláudio Oliveira, alerta que o valor disponível atualmente só permitirá à instituição prosseguir com as obras até o início de março. Por isso ele vem clamando à bancada gaúcha em Brasília uma solução. A ideia é que o movimento junto aos deputados e senadores permita que a obra seja concluída até o final de agosto (inicialmente, a obra estava prevista para encerrar em dezembro de 2020).

Em entrevista ao Setor Saúde, o diretor-presidente explica que as obras, que estão 62,3% concluídas, poderiam estar prontas se o GHC tivesse recebido verba de R$ 40 milhões que foi solicitada em 2019 – na ocasião foi recebido apenas R$ 15 milhões necessários. As obras iniciaram em fevereiro de 2018.

O Centro de Hematologia e Oncologia contará com sete pavimentos, em área projetada total de 14.380,70m². O Centro irá reunir no mesmo local unidades de diagnóstico (ambulatório e recursos de imagem) e tratamento (radioterapia e internações) necessárias para atendimento de pacientes com câncer. Além de ampliar a assistência destes casos pelo SUS, realizará transplantes de medula. A unidade visa humanizar o tratamento hospitalar, conforme a Política Nacional de Humanização (PNH).

Obras do novo Centro de Oncologia do Grupo Hospitalar Conceição podem parar em março_

Oliveira afirma que, além dos R$ 33 milhões, o GHC ainda necessita de R$ 30 milhões para aquisição de equipamentos. Mas detalha que a instituição já possui um plano B: um pedido de doação do Ministério da Saúde de dois aceleradores lineares, que custam R$ 15 milhões, que irão para a exclusiva área de radioterapia do novo Centro. O diretor-presidente irá tratar dessa demanda em viagem marcada para Brasília na próxima semana. Confira os detalhes da entrevista:

“Essa obra não teve paralisação em momento algum”

Oliveira faz questão de ressaltar que, apesar de a obra não ter sido entregue em dezembro de 2020, não foi paralisada em nenhum momento.

“Nós precisamos de R$ 33 milhões, e mais R$ 30 milhões para equipamentos, o que soma R$ 63 milhões. Nós sabemos que é difícil que a bancada gaúcha destine todo esse valor para um único hospital. Porém, estamos focando no término da obra, e por isso frisamos para os deputados que o valor principal que necessitamos agora são os R$ 33 milhões para a conclusão das obras. Essa obra não teve paralisação em momento algum, já pagamos cerca de 52 milhões, temos empenhado 55,6 milhões, então nos sobra R$ 3,6 milhões para pagamento até março”, explica.

Com o atraso na entrega, Oliveira explica que ocorreram aditivos contratuais e correções monetárias, o que aumentou o valor total da obra em R$ 13 milhões (inicialmente, eram R$ 75 milhões previstos; agora, o valor final é estimado em R$ 88 milhões).

Obras podem ser paralisadas a partir de março

“Se não conseguirmos recursos para março, as obras do Centro de Hematologia e Oncologia irão atrasar mais. A partir daí, não temos mais recursos para seguirmos as obras com o ritmo que está andando. Essa obra começou por uma frente parlamentar criada pela bancada gaúcha, as obras iniciaram em fevereiro de 2018 com previsão de conclusão para dezembro de 2020. Não aconteceu a conclusão por falta de recursos, mas no ano de 2019 a bancada gaúcha nos visitou e estávamos pedindo R$ 40 milhões, mas veio somente R$ 15 milhões, do deputado Giovani Cherini e do senador Lasier Martins. Se tivessem vindo os R$ 40 milhões, as obras já estariam concluídas. Porém, estamos com 62,3% das obras concluídas. Os recursos iniciais são da bancada gaúcha e desejamos que seja concluído com os recursos destinados por eles”, diz.

Estágio atual: 62,3% das obras concluídas

O diretor-presidente detalha o estágio atual da obra.“A parte externa está praticamente concluída. Quem passa pela rua, já observa o prédio quase concluído. Internamente, faltam elevadores, além de dois aceleradores lineares que ficarão no térreo. A parte elétrica está sendo colocada. Os recursos restantes serão para os acabamentos necessários no prédio”, diz. Oliveira aponta que a previsão do momento é que, se não houver paralisação, o prédio possa ser entregue no dia 31 de agosto.

GHC planeja solicitar doação de 2 aceleradores lineares (R$ 15 mi)

O diretor-presidente explica que, dos R$ 30 milhões que ainda faltam para concluir a aquisição de equipamentos, há um plano traçado que reduziria o valor pela metade: o GHC irá solicitar a doação de dois aceleradores lineares ao Ministério da Saúde, que custarão R$ 15 milhões.

“Nós temos o serviço de quimioterapia no Hospital Fêmina, no Hospital da Criança Conceição e no Hospital Nossa Senhora da Conceição. O serviço de radioterapia necessita desses dois equipamentos, que serão interligados nos andares em que faremos radioterapia do prédio do novo Centro. Somente hospitais de grande porte possuem esses equipamentos, e o Ministério da Saúde fornece esses equipamentos após solicitações”, afirma. Oliveira explica que irá a Brasília na próxima semana para tratar do assunto (ainda não há garantia da doação dos equipamentos).

Obras do novo Centro de Oncologia do Grupo Hospitalar Conceição podem parar em março__

Atraso afeta outras obras no Hospital Conceição

“Nós gostaríamos de estar com a obra pronta, esse atraso nos causa uma preocupação momentânea. Os serviços de oncologia e hematologia já são prestados pelo GHC, e as áreas que eles estão alocados atualmente, após a conclusão do novo prédio, serão usadas como backup de outras áreas, para fazer outras obras necessárias no Hospital Conceição. Além do atraso para a conclusão do novo Centro, isso atrasa obras no Hospital Conceição”, avalia.

Números de atendimentos oncológicos no GHC

O diretor-presidente explica que, no GHC, são cerca de 6 mil internações por ano de casos oncológicos, e mais de 33 mil sessões de quimioterapia por ano. O câncer é responsável por 20% dos óbitos no GHC.

“Esse Centro virá com a proposta de mantermos esses atendimentos nos 94 novos leitos, além de ofertar mais para a rede de saúde do Estado esse serviço de tratamento oncológico com a possibilidade de radioterapia e transplante de medula” diz.

Ele explica que, num primeiro momento após a entrega do Centro, não ocorrerá aumento de atendimentos no GHC, que evoluirá gradualmente. “Iremos transferir pacientes, nesse primeiro momento, do Fêmina e do Nossa Senhora da Conceição. Precisaremos de mais profissionais para atender a demanda crescente. A perspectiva é de aumento gradual da capacidade de atendimento”, afirma. 

Centro possibilitará que GHC realize radioterapias

“Atualmente, temos mais de 900 encaminhamentos de radioterapia, e poderemos absorver essa demanda. O Centro qualificará o serviço, e poderemos atender pacientes que estejam em uma fila de espera pelo RS ou pelo município de Porto Alegre”, aponta.

“Obra do Rio Grande do Sul”

No final da entrevista, Oliveira reforçou a importância de obter os recursos que faltam para a conclusão das obras, porque o novo Centro representará ampliação de oferta de atendimentos oncológicos para moradores de todos os cantos do RS.

“A obra será do Estado do Rio Grande do Sul, não é uma obra apenas para o Grupo Hospitalar Conceição. Nós precisamos do apoio da bancada gaúcha, eles são fundamentais para o término das obras”, finaliza.

ghc oncologia

Pandemia: procedimentos eletivos deverão ser suspensos

Questionado sobre o momento atual do enfrentamento à pandemia da Covid-19, Oliveira relatou um dado preocupante: na terça-feira (16), pela primeira vez, desde o início da pandemia, o Hospital Nossa Senhora da Conceição registrou 100% de ocupação das duas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) – Covid e não Covid. “Foi uma situação que permaneceu por algumas horas. Na quinta-feira, 18, a ocupação da UTI Covid tem ocupação 94,9% e 94% na UTI não Covid”, relata.

Oliveira adianta que a tendência, a partir de reunião interna na sexta-feira (19), é que seja decidida a suspensão de procedimentos eletivos, para lidar com a demanda crescente de atendimentos por Covid-19.



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