Mundo | 27 de junho de 2014

O (alto) custo para a erradicação da Hepatite C

Três meses de tratamento pode custar R$ 184 mil
O (alto) custo para a erradicação da Hepatite C

Uma pílula que tem potencial para erradicar a hepatite C tem gerado debates entre especialistas. O motivo é o alto custo, que pode chegar a US$ 84 mil (cerca de R$ 184 mil) por três meses de tratamento.

O Sovaldi (sofosbuvir), vendido pela Gilead Sciences, pode curar 90% dos pacientes que têm a forma mais comum da doença (leia mais). Para isso, o preço pode chegar a US$ 1 mil por pílula, que deve ser tomada diariamente.

O medicamento reduz o tempo de tratamento, poupa os pacientes dos intensos efeitos colaterais produzidos pela combinação de remédios usados atualmente para tratar a enfermidade, entre os quais cansaço e dores articulares. A recomendação para casos mais resistentes é de tratamento com sofosbuvir (US$ 84 mil), aliado ao simeprevir (US$ 66 mil, ou R$ 144 mil), gerando um custo total de US$ 150 mil (R$ 328 mil).

A Organização Mundial da Saúde lançou um apelo, sugerindo diretrizes de uso destes remédios. “Espero que as orientações promovam uma redução no preço”, disse Stefan Wiktor, que lidera o programa de hepatite da entidade, através de comunicado oficial. A OMS sugere que os fabricantes baixem o preço, através de descontos diferenciados, o licenciamento voluntário dos remédios pelo fabricante para a indústria de genéricos e até mesmo o licenciamento compulsório (rompimento de patente).

Em defesa do preço dos medicamentos está a questão dos inúmeros tratamentos alternativos. Os pacientes precisam de muitas consultas médicas, cuidados hospitalares e, em alguns casos, transplante de fígado. Até 20% das pessoas infectadas com hepatite C podem desenvolver cirrose hepática e 4% vão desenvolver câncer de fígado. Assim, seria mais eficaz e barato tomar as pílulas.

Entre os que estudam uma solução para o problema, o Instituto de Pesquisa da consultora global Pricewaterhouse (EUA), avaliou o impacto do custo global do novo tratamento e afirma que o número real de doentes vai diminuir gradualmente ao longo da próxima década à medida que mais pacientes sejam tratados. O impacto econômico-financeiro dessas drogas, segundo estimativas pode ser de 0,5% dos custos médicos totais em 2014 (nos EUA) e 0,7% nos dois anos seguintes. Porém, com a cura e a eliminação de outros tratamentos, o impacto esperado a médio prazo é que se chegue a 0,3 % dos gastos totais até 2020.

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