Tecnologia e Inovação | 25 de fevereiro de 2015

Nova vacina contra a nicotina pode ter sucesso no tratamento do tabagismo

Substância faz com que o sistema imunológico trate a nicotina como um invasor externo
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Uma equipe de cientistas do Instituto de Pesquisa Scripps, nos EUA, criou uma nova vacina contra a nicotina que “desativa” o sistema de recompensa do cérebro para o consumo da substância.

O artigo publicado no Journal of Medicinal Chemistry explica que a vacina prepara o corpo para perceber a nicotina como um invasor externo. Para desencadear uma resposta imunitária, os cientistas ligaram derivados da nicotina, conhecidos como haptenos, a uma proteína transportadora, cuja molécula é maior e já utilizada em vacinas licenciadas.

Após a aplicação da vacina, o organismo cria anticorpos que se ligam especificamente às moléculas de nicotina. Quando uma pessoa fuma, anticorpos contra a nicotina impedem que as moléculas entrem no sistema nervoso central e cheguem ao cérebro. “Embora a vacina não seja uma solução permanente, pois o paciente ainda apresenta sintomas de abstinência, a pessoa pode se sentir menos tentada a fumar de novo porque o sistema de recompensa do cérebro já não reage à nicotina”, justifica um dos autores do estudo, o químico Kim Janda.

Não é a primeira vez que uma vacina contra a nicotina é criada. Há alguns anos, uma vacina contra a nicotina falhou em ensaios clínicos, já que só demonstrou eficácia em 30% dos pacientes. Existem duas variedades de nicotina, e eles são como imagens de espelho moleculares de um outro e, por isso, são conhecidos como levógira (sendo que essa é 99% da encontrada no cigarro) e dextrógira.

A vacina anterior promovia anticorpos para ambas, o que pode parecer uma vantagem. Porém, na prática, acabou por ser um desperdício de resposta imune e atividade menos consistente contra a nicotina. O trunfo dos pesquisadores do Instituto Scripps foi conseguir uma resposta de anticorpos mais seletiva e forte, criando uma vacina que só age contra haptenos levógiros.

Depois de testar três vacinas em ratos (uma que agia apenas contra moléculas levógiras, outra contra dextrógira e outra contra ambos), os autores do estudo descobriram que a vacina contra o hapteno levógiro foi quatro vezes mais eficiente em comparação à dextrógira. Já a vacina para ambas teve apenas 60% de eficiência em relação à versão levógira.

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