Estatísticas e Análises | 24 de março de 2017

Nova técnica pode reduzir dores crônicas nas costas

Injeção de corticoides em pacientes com lombalgia crônica reduziu a dor
Nova técnica pode reduzir dores crônicas nas costas

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), parcela importante da população mundial sofre de lombalgia – dor localizada na parte inferior (lombar) das costas -, sendo a segunda maior causa de idas ao médico, atrás apenas da dor de cabeça. No Brasil, problemas crônicos na coluna afetam 21,1% das mulheres e 15,5% dos homens, sendo a causa de 116 mil auxílios-doença, em 2012, segundo a Pesquisa Nacional de Saúde.

Pela primeira vez, um estudo francês mostrou que é possível aliviar as dores de coluna, principalmente as relacionadas aos discos entre as vértebras, como as hérnias. Na França, a lombalgia crônica é a principal causa de incapacidade em pessoas com mais de 40 anos, afetando cerca de 5 milhões de pessoas. Destes, ao menos 20% têm algum tipo de doença nos discos intervertebrais.

“Nós identificamos os pacientes com doenças nos discos pelo fato de que eles sofrem particularmente na segunda metade da noite e de manhã”, diz o professor François Rannou, reumatologista no Hospital Cochin AP-HP, em Paris, à reportagem do jornal Le Figaro. “Essa síndrome é causada por inflamação de um disco intervertebral, e pode ser detectada por ressonância magnética”, completa o professor.

Embora hoje todos os pacientes de dor nas costas são tratados da mesma forma – poucos medicamentos, porém com treinamento, fisioterapia  e reabilitação – os resultados deste novo estudo mostra que é possível reduzir a dor adaptando este tratamento.

Inflamação dos discos intervertebrais

Os pesquisadores injetaram corticoides nos discos intervertebrais inflamados de 67 pacientes, enquanto outros 68 receberam uma injeção de placebo, desprovida de efeito intrínseco sobre a dor lombar. Os resultados, publicados na revista Annals of Internal Medicine, mostram que, por este método, é possível reduzir significativamente a dor durante um mês. Para além deste prazo, a dor relatada torna-se semelhante à experimentada por pacientes que não receberam corticoides.

“Quando um disco intervertebral se inflama, ele estimula as placas terminais, que são inervadas”, afirma o professor Rannou. “Muitas mensagens chegam ao cérebro, resultando em dor”, completa. A origem desta inflamação, no entanto, permanece ainda um mistério.

Mas como prolongar este efeito analgésico? “Vamos realizar um novo estudo clínico com muitas injeções de corticoides ao longo do tempo”, confirma Rannou. “Além disso, começamos um estudo clínico europeu onde vamos injetar células-tronco no disco intervertebral inflamado, porque elas têm um efeito anti-inflamatório maior que os corticoides”, conta o professor.

Se as injeções de corticoides realmente mostrarem-se eficazes, o tratamento pode baratear e ser oferecido aos pacientes. A única desvantagem: a injeção é um procedimento técnico que deve ser realizada por um profissional de saúde treinado.

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