Mundo | 21 de julho de 2017

Câncer: é sempre melhor prevenir do que remediar?

Idosos estão realizando exames de triagem sem necessidade, gastando tempo, dinheiro e até piorando a saúde
No câncer, é sempre melhor prevenir do que remediar

Os médicos e as organizações médicas geralmente aconselham que, após uma certa idade, os adultos mais velhos já podem renunciar a vários testes de triagem para câncer, mas muitos pacientes, independentemente da idade, estão relutantes em abandonar a realização de exames.

Em matéria do The New York Times, a colunista Jane E. Brody, conta que, em seu círculo próximo de amigos septuagenários (a partir dos 70 anos de idade), nenhuma mulher parou de obter mamografias anuais. “Conheci pessoas sem risco conhecido de câncer colorretal que continuam a fazer colonoscopias bem após a idade constante nas recomendações estabelecidas”, explica.

Ela também lembra dos inúmeros homens com baixo risco de câncer de próstata que continuam a fazer testes, quando a melhor evidência diz que, para esses homens, o teste pode resultar em mais danos do que benefícios.

Poucos podem perceber que os testes de triagem mal aconselhados tem um preço, e não apenas monetário. Uma nova pesquisa on-line com participantes selecionados aleatoriamente demonstrou claramente que as mulheres estão mais conscientes dos benefícios da triagem de mamografia do que de seus danos.

Se, por exemplo, uma mamografia detectar falsamente uma lesão, o resultado falso-positivo pode causar não só uma angústia emocional grave, mas também levar a uma biópsia cirúrgica, que tem seus próprios riscos. A colunista lembra que se um grupo de 10 mulheres realizarem 10 exames de mamografias, quase metade delas receberá um achado falso-positivo.

Da mesma forma com os homens e os exames de próstata, que resulta em múltiplas biópsias da próstata e a própria colonoscopia que pode ser perigosa, particularmente para pessoas mais velhas cujas paredes intestinais se tornam frágeis e suscetíveis a perfuração.

Por que, você pode se perguntar, as pessoas continuam a fazer exames que não precisam, mesmo que isso exija custos para sua saúde, tempo e finanças?

A razão principal é a crença generalizada de que é melhor prevenir do que remediar. Fazer algo geralmente é mais atraente do que não fazer nada. Muitos que pensam desta forma consideram apenas o benéfico “e se” e não as possíveis desvantagens dos exames de triagem do câncer. Outro provável motivo: o plano de saúde paga o teste, então por que não aproveitar?

Veja as diretrizes de triagem dos Estados Unidos, segundo a Força-Tarefa dos Serviços Preventivos (United States Preventive Services Task Force), que congrega especialistas em prevenção e medicina baseada em evidências:

Câncer de mama

A mamografia a cada dois anos é recomendada para mulheres com idade entre os 50 e os 74. Para mulheres de 40 a 49 em risco médio de câncer, a triagem regular pode resultar em diagnóstico e tratamento de um câncer que nunca se tornaria uma ameaça para a saúde. Para as mulheres de 75 anos ou mais, as informações atuais sugerem equilíbrio entre os benefícios e os danos da mamografia de triagem.

Câncer de próstata

Para homens de 55 a 69 anos, os médicos devem informá-los de que o rastreio “oferece um pequeno benefício potencial de reduzir as chances de morrer de câncer de próstata”. O rastreio não é recomendado para homens de 70 anos ou mais.

Câncer colorretal

Para pessoas de risco médio, o rastreio deve começar aos 50 anos e continuar até a idade de 75. Os adultos com 76 a 85 anos devem ser analisados, dependendo da saúde do paciente e do histórico de triagem prévia. Eles devem ter uma expectativa de vida razoável e estarem saudáveis o suficiente para resistir ao tratamento se o câncer for encontrado.

Acesse a matéria original (em inglês).

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