Geral | 22 de abril de 2013

Moinhos de Vento reúne especialistas em Câncer de Mama

Evento reuniu oncologistas, mastologistas e radioterapeutas
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Profissionais do Estado e convidados do Brasil e do mundo estiveram reunidos, entre os dias 19 e 20 de abril, para o 5º Congresso Internacional de Câncer de Mama e 1º Encontro Sul-Brasileiro de Especialistas, ambos promovidos pelo Hospital Moinhos de Vento, em Porto Alegre.

O evento, realizado no hotel Sheraton, foi coordenado pelos oncologistas Sérgio Roithmann e Daniela Rosa e pela mastologista Maira Caleffi. “O núcleo Mama Moinhos, desde o seu inicio há 10 anos, sempre se preocupou com a discussão multidisciplinar em cima de casos. Tentamos absorver o conhecimento de um ou de outro e, assim, ver como alcançar uma maior agilidade e um embasamento cada vez mais científico para oferecer aos pacientes”, salientou Maira.

As atividades contaram com as participações de profissionais que são referência nacional: Dr. Ricardo José Marques, oncologista do Hospital Sírio Libanês, proferiu a palestra ” Heterogeneidade da Doença Receptor Hormonal Positivo”. Já o Dr. Evandro Azambuja, oncologista gaúcho que atua no Instituto Jules Bordet (Bélgica), apresentou o tema “Como Vencer a Resistência ao Tratamento Hormonal”.

Os convidados internacionais foram Astrid Margossian, mastologista do Baylor College of Medicine (EUA) e diretora do Breast Center (Argentina), que falou sobre “Como Construir um Biobanco;” e o dr. Hugo Marsiglia, chefe da Unidade de Radioterapia do Institut Gustave Roussy (França), cuja palestra abordou a “Radioterapia em Câncer de Mama: Hipofracionamento.”

Destacando a importância de integrar o trabalho médico, dra. Daniela Rosa apontou as principais preocupações do encontro. “O nosso objetivo principal é tornar os cuidados da paciente com câncer de mama multidisciplinar. Outro objetivo é reunir especialistas das áreas que tratam as pacientes. Temos médicos de todas as áreas, mastologistas, radioterapeutas, oncologistas, e ao integrar cada vez mais os cuidados, acreditamos que a paciente se sente melhor e consegue enfrentar melhor esse momento”, considerou.

Com bastante interatividade entre os participantes, o primeiro dia de congresso teve os palestrantes mostrando suas pesquisas e trabalhos nas diferentes áreas. Já no sábado, o encontro teve como foco principal a apresentação de casos clínicos e debates entre os participantes.

Sobre a doença com receptor hormonal positivo, foi lembrado que nem todas as pacientes são iguais, o que exigem diferentes tratamentos. “A heterogeneidade existe. Algumas delas nós captamos no laudo de patologia inicial, algumas dessas heterogeneidades no momento, através do Oncotype (teste de diagnóstico que quantifica a probabilidade de recorrência da doença em mulheres com hormônio receptor de estrogênio em estágio inicial), mas ainda restam situações em que um bom laudo, uma boa leitura funciona, frisou o dr. Ricardo José Marques.

Em relação à resistência hormonal, dr. Azambuja destacou que este comportamento é fundamental. “A maioria das pacientes são receptores hormonais positivos, então grande parte vai responder por algum tempo à terapia hormonal, mas vai progredir na doença. Então, o que vamos fazer no próximo passo? Tentamos evitar a quimioterapia ao máximo, se tiver possibilidades para reverter essa resistência, é uma opção interessante”. Azambuja alertou ainda a necessidade de novos tratamentos, e o apoio em pesquisas.

Ao falar da radioterapia no tratamento de câncer, dr. Hugo Marsiglia lembrou que, antes de apostar em terapias modernas, é preciso rever conceitos antigos. “Toda a inovação que está nascendo, os serviços com aceleradores, com a tomoterapia Cyberknife, não têm sentido se não se pensar em mudar o sistema convencional de tratamento, que tem mais de 20 anos”.

Já a dra. Astrid ponderou que os biobancos (depósito de amostras biológicas, como sangue, tecido, tecido de tumor, DNA extraído dos tecidos, saliva, urina e qualquer outro fluido que pode ser colhido) requerem uma estratégia de uso, e para se ter um real uso potencial, é preciso visualizar estudos prolongados. “O valor do biobanco não depende só do número de indivíduos e das amostras que se possui, mas também do acompanhamento de longo prazo. Quanto mais os anos passam, mais valor ganha o banco, tendo em vista que será possível saber o que ocorreu com as pacientes que tiveram amostras coletadas”, frisou.

Além das palestras técnicas, o evento teve a participação da jornalista da RBS TV Rosane Marchetti, que recentemente passou por um câncer de mama e pôde oferecer suas considerações sobre a relação médico-paciente. “Eu vejo vocês falando em frações, em quantidades, em biobanco. Tudo isto é, sem dúvida, muito importante. Mas a bondade das palavras com o paciente e a forma atenciosa de explicar as coisas é igualmente necessária. Agradeço muito a minha médica, que atendia minhas chamadas e tentava responder minhas inquietações em relação à doença”, ressaltou.

O exemplo da jornalista na forma de encarar a doença foi elogiado pelos coordenadores e pelos médicos convidados. Segundo Marchetti, todo paciente deve buscar conversar bastante com o seu médico, com outras pacientes e tentar enfrentar a doença com uma atitude o mais positiva possível.

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