Estatísticas e Análises, Política | 29 de janeiro de 2016

Mobilização nacional ampla para enfrentar a microcefalia

Ação coordenada entre entidades, gestores estaduais, municipais, Ministério da Saúde e sociedade civil
Mobilização nacional ampla para enfrentar a microcefalia

O Governo Federal, através do Ministério da Saúde (MS), está promovendo uma ampla mobilização nacional para tratar do atual cenário epidêmico relacionado ao aumento expressivo da microcefalia no Brasil associado ao Zika vírus, uma doença que é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti (o mesmo da Dengue e da Chikungunya).

Em uma ação emergencial para conter novos casos de microcefalia, oferecer suporte às gestantes e aos bebês e intensificar as ações de combate ao mosquito, o Governo Federal criou o Plano Nacional de Enfrentamento ao Aedes e à Microcefalia (veja a íntegra http://combateaedes.saude.gov.br/plano-nacional). O objetivo é criar uma atuação coordenada entre gestores estaduais e municipais, órgãos do Ministério da Saúde, e diversificados setores da sociedade civil, desenvolvendo ações de identificação, erradicação e eliminação de todos os possíveis criadouros de larvas do Aedes Aegypti.

O desafio é grande e, para isso, foram convidados a atuarem no projeto a Confederação Nacional de Saúde (CNS), Federação Brasileira de Hospitais (FBH), Confederação das Santas Casas e Hospitais Filantrópicos (CMB), Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde (CONASEMS) e Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS).

Em nota conjunta, assinada pela CNS e FBH, as entidades destacam que “as providências a serem tomadas são muito abrangentes e a colaboração de todos será de fundamental importância para o pleno êxito das ações propostas, cabendo aos hospitais e demais serviços de saúde no dia 4 de fevereiro, em concomitância com as respectivas secretarias de saúde realizar buscas, no âmbito das unidades, de possíveis pontos de procriação de larvas, inclusive uso de larvicidas quando for o caso”.

O documento também solicita a diretores e gestores do setor saúde, de todos os níveis, que colaborem “no sentido de fazer chegar aos serviços de saúde de sua área de abrangência, as informações e orientações emanadas pelo MS para que possam conhecer essas ações e tomar as providências para a eliminação dos focos do mosquito”. O andamento do combate pode ser acompanhado através do portal http://combateaedes.saude.gov.br/.

Os órgãos envolvidos, após reunião entre CNS, FBH, CMB, CONASS, CONASEMS e Ministério da Saúde, sugeriram os seguintes encaminhamentos para o enfrentamento da microcefalia:

1) Encaminhar o endereço das salas estaduais de coordenação e comando

2) Carta para a equipe de saúde, minimizando a excessiva valorização dos ACS/ACE

3) Encaminhar os vídeos destinados aos prefeitos para o Conasems

4) Contato com as industrias para a inserção de orientações nas embalagens sobre o destino responsável das embalagens descartáveis

5) Solicitada a colaboração/participação de técnicos do MS para apoiar a videoconferência com as Federações das Filantrópicas

6) Encaminhar um “kit informação” para as representações presentes na reunião

7) Encaminhar boletins semanais sobre o enfrentamento do Aedes para colaborar na mobilização da rede de hospitais

8) Encaminhar informes sobre o plano nacional de enfrentamento da Microcefalia.

9) Envolver todos os gestores do SUS neste processo do dia nacional de mobilização dos serviços públicos de saúde.

10) Encaminhar o boletim para os prefeitos, governadores, Conass e Conasems

11) Colaborar com o site do Conasems, baner de acesso a informações e atualizações do processo de mobilização da gestão, dos trabalhadores do SUS. Lembram que o número de acesso a este site é de mais de 1.000.000 de visitas por mês.

12) Produzir um artigo assinado explicitando o número de pesquisas que o MS esta financiando sobre a Microcefalia

13) Maior agressividade na comunicação sobre a microcefalia

14) Sugerem que o dia nacional de mobilização seja 4 de fevereiro

Dilma discute ações com governadores e ministros

Na manhã de 29 de janeiro, a presidente Dilma Rousseff se reuniu com governadores dos estados de Pernambuco, Paraíba, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo, por meio de videoconferência, no que foi chamado de “dia de mobilização para eliminação de criadouros do Aedes aegypti”. De acordo com o Palácio do Planalto, os cinco Estados que participaram da videoconferência foram escolhidos por motivos específicos. São Paulo por ter a maior população do país e maior incidência de dengue por cem mil habitantes. Rio de Janeiro porque vai sediar as Olimpíadas em julho, com grande circulação de pessoas. Pernambuco, Paraíba e Bahia em função de terem os três maiores números, respectivamente, de casos de microcefalia em investigação ou confirmados.

Dilma afirmou que “temos de nos mobilizar para ganhar a luta. Não vamos ganhar a luta se ficarmos de braços cruzados”. A presidente esteve acompanhada de sete ministros, entre eles Marcelo Castro, da Saúde.

“O governo federal hoje começa uma faxina em dentro de todas as unidades do governo e das Forças Armadas”, completou Dilma. Na cerimônia, Marcelo Castro disse que os servidores da pasta precisam dar o exemplo em primeiro lugar. “Não temos ainda a vacina, o remédio para combater o vírus. O que nos resta é o trabalho cotidiano e ininterrupto para destruir os criadouros do mosquito”, disse o ministro da Saúde. Ele lembrou que o Aedes aegypti circula atualmente em pelo menos 113 países e está no Brasil há cerca de 30 anos. Acabar com os criadouros é uma tarefa difícil, mas não impossível. “O governo está fazendo a sua parte. Nunca houve na história deste país uma mobilização tão efetiva”, disse. “São fundamentais e mais necessárias ainda a participação e a mobilização da sociedade”, completou Castro.

Números

O continente americano deve ter entre três milhões e quatro milhões de casos de Zika em 2016. A estimativa, divulgada dia 28 de janeiro, é da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas), braço da Organização Mundial da Saúde (OMS).

Já o Boletim nacional mais recente, divulgado dia 27 pelo Ministério da Saúde, confirma que 270 crianças nasceram com microcefalia por infecção congênita (não necessariamente causada pelo vírus Zika) e outros 3.448 casos suspeitos de microcefalia estão sendo investigados. O Nordeste é a região com maior numero de registros (86% dos casos). O Estado com maior número de casos em investigação é Pernambuco (1.125), seguido de Paraíba (497), Bahia (471), Ceará (218), Sergipe (172), Alagoas (158), Rio Grande do Norte (133), Rio de Janeiro (122) e Maranhão (119).

Rio Grande do Sul

No Rio Grande do Sul, o balanço das três primeiras semanas de acompanhamento das doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti, em 2016, realizado pela Secretaria Estadual da Saúde, confirmou dois casos de dengue contraídos no Estado: um em São Paulo das Missões (uma mulher de 40 anos que teve os primeiros sintomas no dia 10 de janeiro e não havia saído do Estado nos 30 dias anteriores) e o outro em Guaíba (outra mulher, de 28 anos, que procurou atendimento em 13 de janeiro, também sem histórico de viagem). Em 2016 já foram notificados, no RS, 342 casos de dengue, sendo 20 confirmados (dois autóctones e 18 contraídos fora do Rio Grande do Sul). O número é quatro vezes maior do que no mesmo período de 2015.

Os casos de zika vírus são os que mais preocupam entre as doenças transmitidas pelo Aedes aegypti. Em 2015, houve 20 notificações no Estado, enquanto nas três primeiras semanas de 2016, o número já está em 29 notificações.

Contato da sala estadual de comando no enfrentamento do Aedes no RS:

Alberto Tomasi Diniz Tiefensee

Diretor da Ouvidoria

Fone: (51) 9843-4614

Email: alberto-tomasi@saude.rs.gov.br

A Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do Rio Grande do Sul (Fehosul), filiada à CNS, juntamente com o Sindicato dos Hospitais de Porto Alegre (Sindihospa) estão engajados na luta contra o Aedes. Ambas ajudaram financiando a reforma e ampliação da Sala de Comando no Enfrentamento do Aedes no RS, em uma parceria inédita. O Hospital Moinhos de Vento cedeu equipamentos, móveis e profissionais técnicos para a concepção e desenvolvimento da sala de comando. Com isto, a Secretaria Estadual da Saúde não teve qualquer custo para implementação das tecnologias ou da estrutura. Além desta iniciativa, os canais de comunicação das entidades estão produzindo ações para alertar seus públicos de relacionamento sobre a importância do combate ao mosquito, evitando sua propagação e as doenças associadas.

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