Médicos norte-americanos criticam altos preços dos medicamentos e sugerem mudanças
Pacientes oncológicos têm dificuldades para ter acesso às drogasUm editorial publicado na revista Mayo Clinic Proceedings atraiu a atenção nos EUA, em relação ao alto custo dos medicamentos para tratamento de câncer.
Um grupo de 118 oncologistas critica o crescente aumento de custos de medicamentos para tratar o câncer. O editorial pressiona por preços mais justos de empresas farmacêuticas. “Os elevados preços dos medicamentos para o câncer estão afetando o atendimento de pacientes e o sistema de saúde”, alertou o principal autor, Dr. Ayalew Tefferi, hematologista da Mayo Clinic.
Segundo a publicação, muitos pacientes com câncer nos Estados Unidos estão falidos pelo alto custo do atendimento, mesmo pacientes com planos de saúde. Um tratamento que custa US$ 120 mil por ano, só pode ser reduzido para US$ 30 mil em despesas de um segurado, mais da metade da renda familiar média dos EUA. O alto custo dos medicamentos faz com que até 20% dos pacientes oncológicos não tomem a medicação conforme prescrito.
Essa realidade nem sempre foi assim. Nos últimos 15 anos, de acordo com um estudo no Journal of Economic Perspectives, o custo de medicamentos contra o câncer aumentou 10% (cerca de US$ 8,5 mil) anualmente. Só em 2014, o preço desses medicamentos subiu 12%.
O editorial calcula que, para cada ano adicional de vida dos pacientes que necessitam desses medicamentos, o custo pode chegar a uma média de US$ 207 mil. “Quando os primeiros novos medicamentos surgiram, em 1997 e 1998, custavam cerca de US$ 1,5 mil a US$ 3 mil por mês”, lembra o hematologista Vincent Rajkumar, da Mayo Clinic. “A última nova droga aprovado custa US$ 10 mil por mês, mas você não pode usar apenas uma droga, você deve combinar com uma outra droga de US$ 10 mil. Isso gera um custo de US$ 20 mil por mês”, explica.
O grupo de médicos projetou uma lista de ideias que fariam medicamentos contra o câncer serem mais acessíveis para as pessoas. As soluções incluem uma proposta para permitir a importação de medicamentos contra o câncer de outros países, onde o custo é mais barato. No Canadá, medicamentos oncológicos custam em média metade do preço dos norte-americanos.
Outra sugestão é a criação de um novo órgão regulador para propor preços justos depois da aprovação da FDA (agência reguladora de medicamentos, similar à Anvisa no Brasil), o que permitiria a negociação de preços dos medicamentos e impediria as empresas de atrasar o acesso aos genéricos. “É hora dos pacientes e dos médicos convocarem uma mudança”, disse Dr. Tefferi.