Mundo | 12 de janeiro de 2015

Médicos da França em greve contra novas medidas do governo

Mudança na forma de pagamento das consultas desagrada categoria
Médicos da França em greve contra novas medidas do governo

Em dezembro, médicos particulares da França iniciaram uma greve nacional e, embora com grande adesão, o ministério da Saúde afirma que a situação está sob controle e não prejudica o atendimento aos pacientes. Sindicatos médicos, profissionais e o serviço privado de emergências (SOS Médecins) estão unidos no movimento.

Os médicos pedem ao governo o aumento da taxa de reembolso de seus honorários pela seguridade social. A categoria também é contra várias medidas de um novo projeto de lei da área de saúde, como o fato de outras profissões terem a possibilidade de praticar determinados  atos médicos até então privativos, como a aplicação de vacinas – o governo quer permitir este ato para os farmacêuticos.

Para acalmar a população, o ministério da Saúde do país garante que “não houve registro de funcionamento anormal dos serviços de emergência” públicos desde o início da greve.

Grande parte do segmento de médicos generalistas cruzou os braços para protestar contra mudanças no sistema de pagamento de consultas (cuja tarifa básica é de € 23, ou cerca de R$ 73 atualizados). Em enquete feita pelo jornal Le Figaro  95% dos médicos declararam-se contrários à norma.

Atualmente, as consultas são pagas pelos pacientes diretamente aos médicos, e são reembolsados após pelo governo. Pelo novo projeto de lei o governo pretende modificar essa sistemática.  Se os pacientes não precisarem mais desembolsar nada no ato, os médicos temem que realizarão seus serviços e só receberão do governo no final de cada mês, ou mesmo no mês seguinte.

A situação é ainda pior porque, em meio à greve, no dia 6 de janeiro, o Irsan (base de dados de médicos que atendem pacientes em domicílio) emitiu alerta para o aumento de casos de gripe e a gastroenterite que atingiram níveis de contaminação epidêmica na França.

A evolução do número de episódios tem sido rápida desde o fim de 2014. Na primeira semana do corrente ano, os casos de gripe chegaram a 157 para cada 100 mil pessoas (é considerada epidêmica quando a proporção é de 121 casos/100 mil pessoas). Os dados mais recentes relacionados à gastrenterite (divulgados dia 5), indicam que a proporção foi de 332 casos por 100 mil habitantes, com uma concentração elevada nas regiões de Perpignan, Ajaccio, Nice, Lorient, Troyes, Mulhouse, Amiens, Nimes, Toulouse e na capital Paris.

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