O Hcor apresentou recentemente o Mapa de Valor 2025, uma iniciativa que conforme o próprio relatório explica, representa a convicção institucional de que a medicina deve ser transparente, mensurável e centrada no valor entregue às pessoas. A publicação está organizada em dois formatos complementares: um documento técnico-científico, com análises voltadas a profissionais e gestores; e uma versão dedicada a pacientes e familiares, que alia transparência de indicadores a relatos de quem viveu a experiência do cuidado. O portal Setor Saúde conversou com o Dr. Gabriel Dalla Costa (Diretor Médico Executivo do Hcor) para entender melhor os objetivos da publicação; conhecer os indicadores-chave para a instituição; como se deu o trabalho interno preparatório para alimentar o documento e as primeiras repercussões junto às fontes pagadoras. Confira.

Segundo Dalla Costa, o Mapa de Valor é a consolidação de um novo momento para o hospital fundado em 1976. “O Hcor vem crescendo desde a pandemia, se compararmos os resultados do período pré-pandemia. O NPS [Net Promoter Score], por exemplo, no pré-pandemia, era 79. Nesse ano ele bateu em 86. A receita praticamente dobrou. Nós triplicamos o número de publicações científicas. Anteriormente eram 60 e vamos fechar o ano com mais 180 publicações. A gente conseguiu multiplicar por mais de 10 vezes os eventos científicos. Eram mais de 20 por ano, agora são mais de 300 eventos. Ou seja, implementamos uma revolução, uma transformação importante no Hcor.” Conforme o Mapa de Valor no tópico Performance Institucional 2024, o Hcor atingiu receita anual de R$ 1,3 bilhão, com crescimento de 75% desde 2019. 

“Se olharmos os hospitais cardiológicos da mais recente lista de melhores hospitais da Newsweek e os hospitais gerais da América Latina, das instituições com até 300 leitos, o Hcor está em primeiro lugar. O Mapa de Valor também serve para celebrarmos uma mudança de trajetória, um turn around, uma virada que começou há uns cinco anos.” Na mais recente lista da Newsweek (World’s Best Specialized Hospitals 2025) o Hcor avançou quatro posições em cardiologia e nove posições em cirurgia cardíaca, comparado ao ano anterior.

Compromisso com a transparência absoluta

O executivo falou sobre a ideia da criação do Mapa do Valor e seus objetivos, assim como o compromisso com a transparência e os benefícios para o hospital, pacientes e mercado. “O primeiro objetivo foi assegurarmos o compromisso com a transparência absoluta. Por quê? Porque a gente entende que devemos ser o mais verdadeiro possível com as outras instituições, com as pessoas de dentro da instituição, com o público interno e principalmente com o nosso paciente e com a sociedade.”

“Há muita empresa que publica seus dados sem uma auditoria externa. Os nossos dados foram validados pelo CBA, o Consórcio Brasileiro de Acreditação. Os nossos indicadores foram acreditados de uma maneira independente para afirmar o nosso compromisso com a transparência, doa a quem doer. Queremos saber o que está bom, o que precisa melhorar. Dessa forma conseguimos estar sempre trabalhando para melhorar. Mas também queremos influenciar outras instituições a terem este compromisso com a transparência. A gente acredita que esta conduta é uma forma importante de exercer a nossa responsabilidade perante a sociedade e pacientes. Este foi o mote inicial: sermos muito transparentes. Não abrimos mão desta premissa.”

Conforme o documento do Hcor, para avaliar a acurácia dos dados de 2024, o CBA seguiu uma metodologia estatística. O método se baseia na comparação entre dados reportados ao sistema do Hcor, recuperados no momento da auditoria presencial, com informações apuradas e verificadas presencialmente pelos avaliadores. A validação se deu por meio de consulta direta às fontes primárias de dados do hospital, utilizadas pelas equipes na geração dos indicadores. Os dados foram então comparados a uma ficha técnica e a uma planilha de variáveis fornecidas pelo Hcor. A avaliação levou em conta critérios de inclusão e exclusão de dados sempre que descritos.

Contribuir com o setor da saúde

“É parte da nossa atuação contribuir com a melhoria contínua do setor como um todo também. Claro que ficamos felizes com os rankings com o da Newsweek. Mas a gente não trabalha para ser o melhor hospital para figurar nos rankings. O objetivo é ser o melhor hospital para aliviar o sofrimento, para cuidar das pessoas. Eu fico feliz em ver o BP, o Hospital de Clínicas, o Sírio bem. Queremos contribuir com um ecossistema que atenda as pessoas de uma forma cada vez melhor. Para que eu me torne maior, não preciso que quem está do meu lado seja menor. Esse é um princípio de vida. Assim que eu sinto. E com o Mapa de Valor podemos influenciar positivamente outros hospitais para que o sistema como um todo melhore.”

“Por isso, é importante que os outros hospitais estejam cada vez mais bem informados e a partir disso sejam atores ativos no seu processo de cuidar. Da mesma forma que os familiares e pacientes. Eles também precisam ter acesso a mais informação, se tornando mais letrados. Assim, incentivamos pacientes e familiares a participarem mais ativamente do seu processo de cuidado. Há toda uma vasta literatura dizendo que isso melhora o desempenho das equipes e dos centros de cuidado, pois quem é cuidado questiona mais a equipe de saúde, questiona as instituições; isso eleva a barra e faz com que aumente a entrega de valor.”

Papel das lideranças e redesenho do planejamento estratégico

Dalla Costa falou sobre o trabalho prévio que desencadeou a publicação do Mapa de Valor. “Designamos lideranças fortes nas áreas com autonomia para que elas pudessem desenvolver o seu trabalho, pessoas competentes com autonomia para montar suas equipes, as melhores equipes possíveis. Naturalmente isso passou por um redesenho do planejamento estratégico. A partir desse redesenho do planejamento estratégico nós definimos de forma clara onde queremos estar com a participação das áreas médico-assistenciais, quanto às áreas operacionais e administrativas. Quando você tem um norte mais claro, fica mais fácil convergir pontos de vista.”

Alguns modelos foram muito importantes para o sucesso do processo. “Alguns mecanismos, sim, foram muito importantes, como, por exemplo, o modelo de governança clínica na instituição, onde a gente trabalha em seis pilares, onde a gente delimita o que queria alavancar como subsídio para o trabalho dos profissionais. São seis lentes através das quais eles tinham que olhar os seus serviços, as suas áreas. Que lentes eram essas? Pilar da assistência, educação, pesquisa, responsabilidade social, sustentabilidade financeira e econômica e cada vez mais a responsabilidade ambiental. Basicamente você faz um framework para esses líderes olharem os seus serviços e desencadearem as ações dentro dessas seis caixinhas, esses seis pilares. Isso ajudou a estruturar também as entregas, os projetos e os direcionamentos.

Indicadores médico-assistenciais mais relevantes para o Hcor

“No manual são apresentados mais 60 indicadores validados, curados. Nos orgulhamos de alguns indicadores que são muito importantes para o Hcor. Por exemplo, em cinco anos reduzimos o Tempo Porta-Balão, que é o período em que a vítima de Infarto do Miocárdio chega para o atendimento e tem a sua coronária aberta. Reduzimos esse tempo de 120 minutos para menos de 50 minutos. É um patamar que podemos classificar como de ‘super excelência’. Esse é um indicador que nos orgulha bastante. E que pese o fato de ser um indicador de processo, é um dado de que a gente se orgulha bastante”, enfatizou o Diretor Médico Executivo da instituição hospitalar.

“O Hcor também se orgulha dos índices de Higienização de Mãos, um indicador clássico; assim como a redução do número de Quedas Dentro do Hospital e a redução do número de Infecções.”

“Para nós é muito importante a experiência máxima nos indicadores de qualidade de vida e de experiência dos pacientes”, completou.

Para avaliar a eficácia, o Escritório de Valor em Saúde do Hcor acompanhou mais de 1.500 pacientes em 2024, analisando quatro condições clínicas distintas (standard sets). “Há conquistas dentro dos nossos programas clínicos de Artroplastia Total de Quadril, Artroplastia Total de Joelho, Insuficiência Cardíaca Congestiva, Infarto Agudo do Miocárdio”, adicionou o executivo médico.

“É importante ressaltar que não adianta só melhorarmos o processo, é preciso que impacte positivamente na vida das pessoas”, assegurou Dalla Costa. “É saber como a gente impacta a vida das pessoas, como mensuramos isto? É preciso buscar saber como serão os três, seis, nove, doze meses de qualidade de vida dessas pessoas, se após o atendimento vem melhorando.”

Próximos passos a partir o Mapa de Valor

“Queremos ampliar cada vez mais o número de programas clínicos nas diversas especialidades, especialmente naquelas que a gente entende que são especialidades mais estratégicas para o Hcor, a saber, cardiologia em primeiro lugar. E que consigamos a partir de todo esse movimento, continuar divulgando que a gente está melhorando cada vez mais e entregando mais valor para a sociedade”, explicou o executivo.

Contribuição para o ecossistema por meio da educação e da consultoria

Nos últimos anos o Hcor vem crescendo muito em termos de ensino e em consultorias também, por meio do Hcor Consultoria e Gestão. O Hcor Academy, uma parceria entre Hcor, Artmed e PUC-PR, teve crescimento de 108% de receita em relação a 2023. Já forma mais de 8 mil e 600 alunos capacitados em áreas como assistência, gestão e especializações, em cursos intensivos e de graduação. Ja a área de consultoria, teve um crescimento de 33% no faturamento e 10% no incremento da rentabilidade (dados do site do Hcor Consultoria e Gestão).

Dalla Costa explicou que o Mapa de Valor também estará presente em programas a serem utilizados para disseminar conhecimento para mais pessoas, empresas e instituições, tanto no ensino como na consultoria. 

Repercussão e parceria com as fontes pagadoras

“As fontes pagadoras usualmente solicitam uma série de indicadores, alguns deles o Hcor já compartilhava. Outra parte, a gente não tinha compartilhado com ninguém ainda. Estamos recebendo contatos de diretorias e lideranças das operadoras e seguradoras bastante positivos. É importante dizer que o Mapa é uma iniciativa ‘viva’, ou seja, não é para ser um documento que será publicado e olhado uma vez ao ano.”

“O Mapa ajudou a abrir caminhos. Esperamos que possamos ter fóruns de construção para acompanharmos os indicadores juntos e alinharmos a busca dos resultados almejados pelas partes de uma maneira ainda mais próxima. Esperamos ter a competência necessária para caminharmos na mesma direção em prol daquilo que mais importa, alinhando interesses, mas sempre buscando o melhor para os pacientes”, finalizou Dalla Costa.

Acesse os MAPAS DE VALOR AQUI.