Mundo, Tecnologia e Inovação | 2 de janeiro de 2018

Japão testa robôs enfermeiros, uma inovação em crescimento

5 mil lares de cuidados de idosos em todo o país oriental estão testando a nova tecnologia
Japão testa robôs enfermeiros, uma inovação em crescimento

Na clínica de enfermagem Shintomi, em Tóquio, homens e mulheres sentam-se em um círculo seguindo instruções de exercícios e atividades conduzidas por Pepper, um robô humanóide de olhos grandes feito pela SoftBank, uma das gigantes na área de telecomunicação e internet.

Pepper2

O Japão lidera o mundo na robótica avançada. Muitas das suas empresas enxergam um grande potencial em “carerobots” (robôs que cuidam de idosos). Mais de um quarto da população tem mais de 65 anos. Falta profissionais da área de cuidados e muitos japoneses têm uma cultura mais receptiva à tecnologia dos robôs.

Por enquanto, o mercado é pequeno. Embora o governo espere que a receita aumente até 2020 para 54,3 bilhões de yenes, cerca de 480 milhões de dólares. O maior problema para isso é o custo. Poucos indivíduos podem pagar seus próprios robôs. As empresas privadas dependem em parte de subsídios governamentais para desenvolvê-los. Seus principais clientes são lares de idosos, que também recebem subsídios governamentais. Cerca de 5.000 instituições de cuidados de enfermagem estão testando robôs neste momento.

Yoshiyuki Sankai, fundador da Cyberdyne, uma empresa de robótica que fabrica alguns dos aparelhos mais caros do mercado se mostra indiferente. “Quando Steve Jobs inventou o computador pessoal, não havia um mercado para isso”, diz. Sankai conseguiu persuadir empresas privadas de seguros de saúde como a AIGpara ajudar a cobrir o custo de alguns de seus produtos.

Em Shintomi, grande parte dos equipamentos ajuda os profissionais a levantar, mover e monitorar os pacientes. Como, por exemplo, uma cama da Panasonic, um fabricante de aparelhos eletrônicos, que se divide em dois, com metade transformando-se em uma cadeira de rodas.

O terno de suporte lombar da Cyberdyne responde a sinais bioelétricos do corpo do usuário e ajuda a equipe de cuidados na hora de mover o paciente. Os sensores também alertam quando um paciente se move e corre o risco de cair da cama. Em alguns lugares, os sensores de excreção no corpo monitoram os movimentos intestinais para prever quando alguém precisa dos lavatórios.

Pepper3CyberDyne

Robôs que se comunicam e fornecem companheirismo estão entre os mais populares na casa de Shintomi.Paro, um robô bebê foca, feito pelo Intelligent System, um fabricante japonês, responde ao toque e ao som, reagindo aos pacientes que acariciam ou falam com ele. Aibo, da Sony, um cachorro robô, tornou-se animal de estimação para os mais velhos.

Robôs multiusos como o Pepper parecem especialmente promissores. Em outras empresas, o Pepper é especializado em atendimento ao cliente. Entretanto, em lares de idosos, fala com pacientes e monitora corredores durante a noite (além de coordenar aulas de exercícios).

Pepper1

A tecnologia robótica ainda tem um longo caminho a percorrer até que as máquinas substituíam os cuidadores humanos. “Isso não acontecerá até que eles tenham sontaku“, diz Yukari Sekiguchi, gerente da Shintomi, referindo-se ao conceito japonês de compreensão por envolvimento. “A interação social é muito mais fácil de resolver usando robôs do que as tarefas manuais são”, diz Kenichi Yoshida, que administra a divisão de robótica da SoftBank. Por enquanto, apenas os humanos podem fazer atividades manuais com os pacientes, como escovar os dentes ou fazer a barba.

Mesmo assim, muitos pacientes da Shintomi estão mais interessados nos robôs do que nos profissionais humanos, observa o Sr. Sekiguchi. Um recente estudo nacional japonês descobriu que o uso de robôs incentivou mais de um terço dos pacientes a se tornarem mais ativos e autônomos. As primeiras pessoas que podem adotar a robótica podem ser aquelas nas últimas fases da vida.

Com informações da The Economist. Edição Setor Saúde.

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