A sepse é um conjunto de manifestações graves em todo o organismo produzidas por uma infecção. Por não apresentar sintomas específicos, dificilmente é diagnosticada, o que pode gerar mais complicações em casos de pacientes com câncer, que já sofrem com um sistema imunológico enfraquecido e precisam reforçar as medidas de higiene.

De acordo com recente relatório do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo  (Icesp), 30% das internações de pacientes com câncer ocorrem por conta dessas infecções generalizadas, o equivalente a cerca de 100 pacientes por mês, na instituição. O relatório tem como objetivo aumentar a conscientização acerca da necessidade de um atendimento padronizado para pacientes com suspeita de sepse dentro das instituições hospitalares. O choque séptico é a forma mais grave da sepse, quando a função dos órgãos já está comprometida.

No Brasil, o índice de mortalidade é de 55% dos casos, mais que o dobro registrado na Europa, na América do Norte e na Austrália, que ficam na base de 25%, de acordo com a cardiologista especialista em UTI do Icesp, Ludhmila Abrahão Hajjar, que também é professora da Faculdade de Medicina da USP. Um dos fatores que leva a isso é que os sintomas são inespecíficos, dificultando um diagnóstico imediato.

Segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo, o próprio tratamento contra o câncer pode aumentar o risco de infecção. Técnicas como a quimioterapia e a radioterapia podem agredir as células brancas do sangue (o organismo perde a principal linha de defesa interna) ou provocar lesões locais (que funcionam como porta de entrada para germes), respectivamente.

Como explica o oncologista da Beneficência Portuguesa de São Paulo, Dr. Fernando Maluf, no exemplo de um caso de câncer no sangue como a leucemia, por exemplo, a chance de a internação se dever a uma infecção é muito maior do que quando uma mulher está fazendo controle de metástase com uma quimioterapia. Alguns cânceres que apresentam maior risco de gerar infecção podem ser administrados através de antibióticos profilaticamente, e existe um medicamento injetável que é capaz de estimular a produção de células brancas para proteger o organismo.

A sepse atinge 400 mil pessoas anualmente no Brasil e grande parte desse grupo morre por conta da demora (que pode ser de apenas algumas horas) em iniciar o tratamento. Entre as possíveis causas da infecção generalizada e do choque séptico estão infecções mal resolvidas, como a urinária, a gástrica ou mesmo uma pneumonia.