O Superintendente Executivo Hospital São Vicente de Paulo (HSVP) de Passo Fundo, no Rio Grande do Sul, Ilário De David, concedeu entrevista para a Série Especial do portal Setor Saúde, e analisou o ano de 2021 vivido pela instituição com 103 anos de história. Como em 2020, os desafios da pandemia ditaram as ações do HSVP. “Este ano de 2021 não foi muito diferente de 2020, foi um período bastante desafiador quanto ao enfrentamento da pandemia da Covid-19. Mesmo assim, foi possível concretizar projetos importantes para o Hospital” explica Ilário.

O executivo apresenta as principais conquistas e os investimentos que estão programados para 2022, como a ampliação do Centro Oncológico Infantojuvenil e melhorias em processos por meio do aumento do uso de tecnologias digitais. A tecnologia, aliás, receberá ainda mais atenção a partir do próximo ano, conforme Ilário: “Estamos caminhando para uma revolução tecnológica na saúde…. É com o uso da tecnologia que a nossa área pretende otimizar processos e proporcionar ao paciente uma melhor experiência. ” Ele destaca ainda alguns ensinamentos que a pandemia deixa como legado para gestão, e discorre sobre gargalos a serem enfrentados por governos e organizações de saúde nos próximos anos: entre eles o cofinanciamento e a sustentabilidade das instituições.

 Ilário é o 5º entrevistado da série especial de entrevistas com CEOs de hospitais e operadoras do RS (saiba mais no final da matéria).

Confira a entrevista completa.

Retomada dos procedimentos eletivos, Ambulatório do Índio, nova sede para Médicos Residentes e re-acreditação ONA

“Este ano de 2021 não foi muito diferente de 2020, foi um período bastante desafiador quanto ao enfrentamento da pandemia da Covid-19. Mesmo assim, foi possível concretizar projetos importantes para o Hospital. Além disso, graças às mudanças de cenário, principalmente, por conta da vacinação, retomamos a normalidade de nossos atendimentos eletivos gradativamente, restabelecendo o fluxo normal de assistência à população de Passo Fundo e Região”, comemora Ilário.

Outro fator importante e que trará benefícios para a população indígena da Região, é a inauguração do Ambulatório do Índio, a segunda unidade do país. “Implementamos o segundo Ambulatório do Índio do país. Segundo dados do IBGE, a região Norte do Rio Grande do Sul concentra 54% da população indígena, totalizando 32.989 pessoas, com predominância das etnias Guarani, Kaingang e Charrua. Desde o início das atividades, em agosto, foram realizadas cerca de 200 consultas e agendamentos, através do Sistema Nacional de Regulação (Sisreg). O espaço é resultado de uma parceria firmada entre o HSVP, Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS – campus Passo Fundo), Ministério da Saúde (Secretaria Especial de Saúde Indígena – SESAI) e o Governo do Estado (6ª Coordenadoria Regional da Saúde – CRS e Prefeituras. ”

Entre os destaques do ano, Ilário cita a nova sede para os médicos residentes, o que garante um melhor ambiente para o convívio e bem-estar aos usuários. “Inauguramos uma nova sede para a Associação dos Médicos Residentes (AMER), um espaço integrado com dormitórios, copa, lazer, banheiros e sala de estudos. A nova área conta com 235m2, o ambiente é todo climatizado e dispõe de alojamento para 18 camas. ”

 A instituição segue investindo na qualidade e na segurança do paciente. “A nossa Unidade Teixeira Soares foi reavaliada e re-acreditada ONA 1 em 2021, pela Organização Nacional de Acreditação. Isso significa que o HSVP atende os critérios de boas práticas de trabalho, seguindo os padrões de qualidade e segurança, nas diferentes áreas de atividades e em seus aspectos estruturais e assistenciais”, explica.

Investimentos previstos para 2022

“Por conta do cenário da pandemia da Covid-19, 2021 não foi um ano propício para grandes investimentos. Para 2022, estamos prevendo ampliar o nosso Centro Oncológico Infantojuvenil. Para isto, destinamos uma área de 411,11 m2 para reforma estrutural, permitindo a implantação de 15 novos leitos de internação, entre isolamento e enfermaria, e a aquisição e instalação de equipamentos especializados. A obra está estimada em R$ 1,3 milhões e será custeada pelo Governo do Estado do RS, com recursos do Programa Avançar na Saúde. Já para a manutenção desse novo espaço, realizamos parceria com o Instituto do Câncer Infantil do RS para arrecadar recursos financeiros, por meio de doações de pessoas físicas e jurídicas”, destaca.

O Hospital também pretende avançar na melhoria de seus processos com o uso das tecnologias digitais. “No último ano, tivemos vários avanços nesse sentido e, em 2021 lançamos o HSVP Digital, que marca o início de uma jornada para um hospital sem papel. Adotamos ferramentas colaborativas, como o GSuite da Google e uma rede social corporativa que facilita a comunicação e o trabalho por meio digital. E, também neste ano, implantamos ferramentas com recursos de Inteligência Artificial e disponibilizamos o App Médico, com o foco na agilização de atividades e melhoria no relacionamento com o Corpo Clínico do Hospital”, destaca Ilário.

Em relação às fusões e aquisições, formação de grandes redes e a busca pela eliminação de custos e desperdícios, o Superintendente diz que a instituição está atenta aos movimentos de mercado, já que segundo Ilário, a concorrência está cada vez mais tecnológica e preparada. “Percebemos movimentos que transformarão a saúde no Brasil. Procuramos estar atentos quanto ao nosso posicionamento de mercado, com o objetivo de nos mantermos atualizados e competitivos frente a uma nova concorrência, mais tecnológica e com maior eficiência operacional. ”

Revolução tecnológica na saúde

Em relação às tendências que mais impactarão a saúde, Ilário pontua que a tecnologia ditará os próximos passos na saúde. O Superintendente aposta que a adoção de novas tecnologias ajudará o HSVP a entregar melhores resultados, nas áreas administrativa e assistencial. “Estamos caminhando para uma revolução tecnológica na saúde. E essa é uma tendência mundial, que deve se fortalecer ainda mais a partir de 2022. É com o uso da tecnologia que a nossa área pretende otimizar processos e proporcionar ao paciente uma melhor experiência, um atendimento mais ágil e seguro e, especialmente, quando falamos de procedimentos cirúrgicos, o foco será cada vez mais na adoção de técnicas menos invasivas e com menor tempo de internação.”

Principais ensinamentos que a pandemia trouxe

“As ações para o enfrentamento da pandemia da Covid-19 reforçaram as práticas de gestão focadas na organização e manutenção de fluxos de atendimentos especializados, no processo de aquisição de insumos e EPIs de forma ágil e eficiente e na adequação da infraestrutura de forma flexível para o atendimento em situações de crise e, o mais importante, na gestão do cuidado com os profissionais da Instituição. Durante esse período, reconhecemos, também, a necessidade de centralizar e direcionar as nossas principais decisões em momentos de crise. Para isso, criamos um Comitê de Gerenciamento de Crise (neste caso para o coronavírus). Outro ponto importante, foi adotarmos agilmente ações de organização para a implementação de medidas de proteção e de segurança de colaboradores, pacientes, familiares e acompanhantes”, explica.

“Especificamente quanto a gestão da crise com a pandemia da Covid-19, nos organizamos por meio de pacotes de medidas, comunicados, resoluções especiais, fluxos de atendimento especializados, oferecemos documentos com orientações de utilização e descarte de EPIs, mantivemos a creche para os filhos de nossos colaboradores (com implementação de medidas de proteção e segurança dos empregados da creche e das crianças assistidas) e, além disso, foram implementados, durante o período mais crítico, dois ambulatórios, um clínico e outro psicológico para atendimento de todos os profissionais do Hospital”, completa Ilário.

Enfrentamentos mais urgentes: cofinanciamento e sustentabilidade das instituições

Ao ser indagado sobre os principais gargalos da saúde, Ilário alerta para o problema do financiamento – ou da falta dele – na saúde. “A pandemia da Covid-19 deixa uma questão em aberto para o governo e as organizações de saúde para o ano de 2022, é de que a mesma veio para ficar, mais do que isto, ela instiga toda a cadeia a se organizar e se reorganizar de forma ágil e planejada, não em crises, mas de forma continuada. O centro de uma pandemia não é a crise, mas sim, são as práticas e as decisões tomadas pela sociedade em geral quanto às pessoas. Pensar, sempre, preventivamente é a melhor solução, pois toda a medida corretiva em saúde demanda tempo e recursos financeiros importantes. O cofinanciamento da saúde e a sustentabilidade das instituições, tanto públicas como privadas, devem ser o foco dos governos e das organizações desta área. ”

Sobre a Série Especial Setor Saúde

Pelo quarto ano consecutivo, o portal Setor Saúde publica a sua série especial com executivos da saúde do Rio Grande do Sul. Neste ano, as entrevistas serão publicadas diariamente a partir do dia 20 de dezembro. Não haverá publicações no período de festas de Natal e Ano Novo (dias 24, 25, 26 e 31 de dezembro, assim como em 1º e 2 de janeiro). Acompanhe as nossas redes sociais (facebook, twitter, linkedin) para ficar atualizado sobre as publicações ou acesse www.setorsaude.com.br.