Hospital Virvi Ramos enfrenta a pandemia com ação pioneira e comemora certificações de excelência
Cleciane Simsen é uma das atrações da série especial de entrevistas do Setor Saúde
O Hospital Virvi Ramos, de Caxias do Sul (RS), provou ser um hospital de excelência em 2020. Seja por ações pioneiras no Rio Grande do Sul para tratar a doença, seja com recertificações de excelência em gestão, a instituição deixou evidente à comunidade de Caxias do Sul a sua competência para lidar com um ano desafiador de pandemia, como ressalta a diretora-executiva do Virvi Ramos, Cleciane Doncatto Simsen, que participa da série especial de entrevistas do Setor Saúde, com os gestores de hospitais e operadoras de planos de saúde do RS.
O ano de 2020 foi marcado por uma corrida sem precedentes por uma vacina ou tratamentos com medicamentos eficazes contra a Covid-19. Um dos tratamentos, que inicialmente foi uma grande aposta em diversos países, o tratamento com plasma convalescente, chegou primeiro ao RS pelo Virvi Ramos. Além disso, a instituição organizou um Pronto Atendimento exclusivo para tratamento da Covid-19 e inaugurou um Hospital de Campanha com sua estrutura para enfrentar o aumento de casos.
Em fevereiro, o Virvi Ramos recebeu a certificação da Organização Nacional de Acreditação (ONA) Nível 3 – selo ouro (nível máximo), que referenda qualificação de Excelência em Gestão (Acreditado com Excelência) para a instituição hospitalar. Em novembro, a instituição recebeu recertificação pela certificadora DNV/GL Business Assurance.
Apesar de a pandemia ter impactado em até 70% em alguns meses procedimentos como consultas, exames e cirurgias eletivas, a diretora-executiva revela que a instituição está se modernizando, com boas perspectivas para 2021.
Desafios impostos pela pandemia
Além do impacto financeiro devido à suspensão de procedimentos eletivos, a dificuldade para aquisição de insumos, com elevação dos preços, acentuou o desafio para que a instituição encarasse os meses de pandemia em 2020.
“Inicialmente, o impacto financeiro, em função da suspensão de alguns procedimentos e serviços oferecidos. Mesmo com o retorno gradual meses depois, a queda foi vertiginosa e isso foi um choque. Além disso, enfrentamos dificuldades para aquisição de insumos, devido à alta demanda e elevação dos preços. Outro fator relevante foi a incerteza de como a pandemia se expandiria em nossa região, logo, a gestão das pessoas e estrutura física para acolher a possível demanda foi e está sendo um desafio constante”, avalia.
Entretanto, a união de esforços possibilitou um enfrentamento assertivo, de acordo com Simsen. “Foi um ano de muitas mudanças e aprendizado, mas felizmente, através de algumas parcerias, mobilização da sociedade na doação de itens de consumo e do empenho de alguns parlamentares na aprovação de leis que minimizaram o impacto econômico e financeiro, conseguimos nos estruturar rapidamente e nos tornarmos uma referência na região”, destaca.
Simsen cita quatro conquistas
Apesar das dificuldades impostas pela pandemia, a diretora-executiva enfatiza que 2020 foi um ano de conquistas para o Hospital Virvi Ramos. Ela cita quatro conquistas: as certificações, da ONA Nível III e ISO 9001:2015, em fevereiro, e a recertificação pela certificadora DNV/GL Business Assurance, em novembro; o Pronto Atendimento que foi aberto exclusivamente em virtude da pandemia; a ação pioneira ao implementar o plasma convalescente no RS; e o Hospital de Campanha montado e o aumento de leitos de UTI para atender casos de Covid-19.
Certificações – Em fevereiro, a instituição recebeu a certificação da Organização Nacional de Acreditação (ONA) Nível 3 – que referenda qualificação de Excelência em Gestão (Acreditado com Excelência) para a instituição hospitalar.
A certificação ONA atesta a qualidade de todos os procedimentos do hospital, considerando níveis internacionais de excelência em atendimento e proteção ao paciente. A ONA tem por finalidade auxiliar na melhoria da qualidade na assistência à saúde, estimulando todos os serviços prestados a atingirem padrões mais elevados de qualidade.
Além da ONA nível 3 que é voltada para a qualidade dos serviços de assistência à saúde, recebida em janeiro, a instituição possui certificação ISO 9001 desde 2007, que tem enfoque na padronização dos sistemas de gestão. Em dezembro de 2019, o Virvi Ramos foi recertificado pela ISO 9001:2015, norma mais atualizada. Tanto a certificação ONA como a ISO 9001 são válidas por 3 anos.
Simsen afirma que, em novembro, o Virvi Ramos recebeu a recertificação pela certificadora DNV/GL Business Assurance, “o que referenda excelência na gestão e prestação de serviços”, avalia.
Pronto Atendimento exclusivo para Covid-19 – Para combater o coronavírus, o Hospital colocou em funcionamento, em março, um Pronto Atendimento exclusivo para pacientes com sintomas de doenças respiratórias, com capacidade de 360 atendimentos por dia.
O Pronto Atendimento exclusivo para Covid-19 fica em uma área nova do Complexo Virvi Ramos e externa ao hospital, e conta com uma recepção, triagem, sala de espera e consultório médico exclusivo, a fim de evitar a disseminação de vírus respiratórios no ambiente hospitalar.
Plasma convalescente – Em maio, o Hospital Virvi Ramos em parceria com o HEMOCS – Hemocentro de Caxias do Sul, passou a adotar um protocolo para uso de plasma convalescente no tratamento de pacientes graves e internados nas unidades de tratamento intensivo (UTI), em decorrência da Covid-19.
A própria diretora-executiva recebeu o tratamento, após ser internada com Covid-19. Ela deixou a UTI da instituição uma semana após receber a transfusão de plasma convalescente. Simsen internou no dia 15 de julho e, no dia seguinte (16), com a confirmação do diagnóstico e uma queda nos índices de oxigenação, recebeu plasma e iniciou tratamento em Terapia Intensiva, sem necessidade de auxílio de ventilação para respirar, apenas oxigênioterapia.
Até o fechamento da matéria, o Virvi Ramos contabiliza 110 procedimentos com plasma convalescente.
Hospital de Campanha e expansão de leitos de UTI – Simsen enaltece que, em maio, o Virvi Ramos implementou o primeiro Hospital de Campanha de Caxias do Sul, dentro da sua estrutura.
“Implantamos para o município de Caxias do Sul um Hospital de Campanha com 58 leitos (na estrutura hospitalar já existente) e abrimos duas UTIs com 8 leitos cada uma, exclusivas para o tratamento da Covid-19”, explica.
O Hospital de Campanha foi aberto em maio com 49 leitos de enfermaria 100% SUS. Mesmo com a diminuição de casos em setembro e outubro, não fechou em nenhum momento. Recentemente, foram abertos mais 9 leitos, totalizando 58.
Com a pandemia, o Virvi Ramos aumentou em 16 leitos de UTI Adulto – antes, contava com 10 leitos, e, agora, com 26. A instituição está estudando a possibilidade de abrir mais 8 leitos, mas ressalta que há dificuldade em contratar profissionais para formar a equipe.
Impacto de até 70% em consultas, exames e cirurgias eletivas
“O impacto foi enorme. Tivemos uma queda em alguns meses superior a 70% na realização de consultas, exames de diagnóstico por imagem e cirurgias eletivas. A perspectiva para 2021 é de que, com uma possível chegada de vacina e uma realidade mais próxima da normalidade, com as pessoas se sentindo mais seguras, possamos retomar patamares anteriores”, avalia.
Virvi Ramos projeta modernização para 2021
A diretora-executiva aponta que, apesar da instituição estar enfrentando um período de recuperação financeira, o Virvi Ramos está passando por um processo de modernização.
“O novo Pronto-Atendimento e acesso ao Hospital Virvi Ramos, em espaço moderno e ampliado, deve ser inaugurado em 2021. Recentemente, trouxemos para o hospital todos os serviços do Centro Clínico de Especialidades, que funcionava em outro bairro da cidade e agora está operando junto ao Complexo Virvi Ramos. Estamos pleiteando a manutenção e habilitação de 10 novos leitos de UTI com a efetivação dos profissionais que foram contratados durante a pandemia. Em 2020, devido a tantas incertezas do cenário que enfrentamos, cancelamos o investimento na troca do Sistema de TI Hospitalar. Em 2021, projetamos retomar este projeto”, detalha.
O hospital pós-pandemia
Com todos os desafios impostos, que exigiram rápida estruturação das instituições, a diretora-executiva acredita que o hospital pós-pandemia será ainda mais estruturado.
“Podemos dizer que a pandemia causou uma revolução de muitos processos. Tivemos que, em um curto espaço de tempo, implementar novos protocolos de atendimento, novos leitos de UTI e reforçar ainda mais as medidas de higiene e proteção. A tecnologia foi uma aliada para a melhoria dos processos, tanto para reuniões e treinamentos virtuais para a equipe, como para visitas virtuais aos pacientes. Diante de tantas mudanças, será um hospital ainda mais estruturado, seguro e preparado para todos, seja colaborador e/ou paciente, em função de todo aprendizado que esta pandemia nos proporcionou”, afirma.
Tendência do mercado: verticalização, fusões/aquisições e parcerias estratégicas entre hospitais
“Somos uma instituição filantrópica com excelência em gestão. As parcerias são saudáveis e fundamentais para a oferta e manutenção de serviços de qualidade”, pontua.
Telemedicina e LGPD
“Todo tipo de inovação, como a telemedicina, é necessário e bem-vindo para qualquer área. Acho importante oferecermos sempre o máximo de possibilidades para usuários e colaboradores. Sobre a LGPD, a adaptação se dará através de melhoria de processos e treinamentos periódicos, visto que é fundamental garantir a segurança das informações”, diz.
Prevenção de outras doenças ganharão força em 2021
O grande foco da saúde para a Covid-19 persistirá no próximo ano, na avaliação da diretora-executiva, mas ela salienta que outros cuidados voltarão a ganhar destaque.
“Até que a maioria da população seja imunizada, a Covid seguirá com grande foco de atenção. Mas, acredito que outras campanhas já consolidadas, principalmente relacionadas à prevenção de doenças crônicas e oncológicas, voltarão a ganhar força”, avalia.
Lições da pandemia
“Tenho mais de 30 anos de atuação na área da saúde. Minha formação inicial foi Enfermagem, então sempre fui de me cuidar bastante, mas com a pandemia, tive que redobrar os cuidados. Mesmo tendo tomado todas as precauções, acabei contaminada e necessitei de internação por alguns dias em UTI. Felizmente, superei a doença, não contaminei colegas ou familiares que convivem comigo, mas ficou a lição de que não existe cuidado exagerado em uma pandemia”, reflete.
Mensagem de final de ano
“Gostaria de parabenizar a todos os profissionais da saúde e dos serviços de apoio pelo desprendimento, coragem e dedicação neste período da pandemia. Tenho certeza de que o que estamos fazendo hoje será motivo de muito orgulho para as próximas gerações, que sigam se empenhando em sempre oferecer o seu melhor ao próximo e tomem o máximo de cuidados possíveis, que certamente vamos superar esse momento, porque juntos temos condições de sermos mais fortes e sairmos desta pandemia melhores do que quando entramos. A palavra é gratidão a todos os profissionais que atuam na linha de frente e aos parceiros que praticam a solidariedade no enfrentamento a esta doença”, finaliza.
Cleciane Doncatto Simsen
Graduada em Enfermagem e Obstetrícia pela UCS – Universidade de Caxias do Sul; Pós-graduada em Administração Hospitalar pela Universidade de Ribeirão Preto – São Paulo; também é Pós-graduada em Saúde Coletiva pela Universidade de Ribeirão Preto – São Paulo. É Mestre em Ciências da Saúde pela UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul; MBA em Gestão de Negócios, pela Fundação Dom Cabral. Foi docente da UCS- Universidade de Caxias do Sul durante 16 anos; e diretora de Saúde do Plano de Saúde Fátima por 13 anos. Atualmente, é diretora executiva de Saúde e Educação da Associação Cultural e Científica Virvi Ramos, mantenedora do Hospital Virvi Ramos e da Faculdade Fátima. Também é presidente do Sindicato dos Hospitais e Estabelecimentos de Serviços de Saúde da Região Nordeste do Rio Grande do Sul. É diretora de Saúde da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços, de Caxias do Sul.
