Empregabilidade e Aperfeiçoamento | 30 de abril de 2014

Hospital Ernesto Dornelles debate avanços no tratamento do câncer de pulmão

Oncologista Rafael Seewald apresenta destaques da 1ª Best of World Conference Lung Cancer
Best Word Conference

No dia 10 de maio o Hospital Ernesto Dornelles sedia a 1ª Best of World Conference Lung Cancer (veja aqui), realizado em parceria com o Instituto de Oncologia Kaplan. O evento é voltado para oncologistas clínicos, cirurgiões oncológicos, cirurgiões torácicos, radioterapeutas, pneumologistas, radiologistas e alunos de pós-graduação médica com interesse nas áreas de neoplasia pulmonares e outras neoplasias torácicas.

Trata-se de um evento oficial da International Association for the Study of Lung Cancer, que abordará os principais temas tratados na 15ª World Conference Lung Cancer, ocorrida em Sydney (Austrália), em outubro de 2013. Para apresentar um panorama do que será tratado no evento o oncologista Rafael Seewald, do Instituo Kaplan, cedeu entrevista para o Portal Setor Saúde.

Setor Saúde – Cigarro é uma das principais causas do câncer de pulmão, o que está faltando para que as pessoas entendam os malefícios do ato de fumar?

Dr. Rafael Seewald – Isso mudou muito nos últimos anos, somos de uma geração que não fuma. Quem tem 50 anos ou mais, é de uma época em que a propaganda de cigarro era muito forte, se via muito na televisão, havia ligação com o esporte. Era um contrassenso patrocinar esportistas. Isso foi combatido, só a eliminação da propaganda gera efeito na nova geração, que fuma menos. Esse é o foco: combater, não dar publicidade, como se faz hoje, mostrando os malefícios do cigarro.

Setor Saúde – Qual a importância e o papel prático do médico neste processo?

Dr. Rafael Seewald – A gente continua enfrentando o problema. O tumor é uma coisa que vem ao longo do tempo, acontece mais em idosos, dessa geração que fumou muito. A maioria dos nossos pacientes tem o tumor devido ao uso prolongado. É uma briga diária do oncologista convencer o paciente a parar. No tratamento do câncer, o grande foco é a prevenção, temos que orientar leigos. Mas o fundamental é que o paciente é quem precisa decidir e parar.

Setor Saúde – Especificamente sobre o evento, quais são as principais linhas de pesquisa destacadas no 15th World Conference on Lung Cancer que serão discutidas no evento promovido pelo Hospital Ernesto Dornelles e Instituto Kaplan?

Dr. Rafael Seewald – Um dos pontos que vamos discutir, que foi muito reforçado no World Conference on Lung Cancer, é o uso de terapias-alvo no tratamento de câncer de pulmão. Foram identificadas mutações no DNA das células do tumor, que fazem com que elas se comportem disseminando o tumor para outros órgãos. Há um potencial de agressividade associado à mutação. Ao longo dos anos foram desenvolvidas drogas que podem bloquear as mutações. Identificado o alvo, é criada a medicação para combater esse alvo. Será um assunto bastante discutido e vamos trazer os avanços para debate com oncologistas. Essas terapias tendem a ser melhores toleradas do que a quimioterapia convencional. Ela age em células do tumor e nas normais, pode gerar mais efeitos adversos do que a terapia-alvo.

Setor Saúde – Quais outros pontos o senhor entende como importantes para serem destacados?

Dr. Rafael Seewald – O evento reúne oncologistas clínicos, cirurgiões oncológicos, cirurgiões torácicos, radioterapeutas, pneumologistas, radiologistas e alunos de pós-graduação médica. Queremos colocar em discussão o uso de cirurgias minimamente invasivas, que tendem a diminuir a taxa de complicações do paciente, de dor pós-operatória, o tempo de internação. São cirurgia diferentes das clássicas, mais agressivas e conservadoras.

Setor Saúde – Pelo que foi debatido em Sydney, a realidade brasileira está longe dos países que estão na vanguarda do tratamento oncológico?

Dr. Rafael Seewald – A grande maioria das drogas aprovadas para câncer de pulmão, temos no Brasil. Uma das diferenças que vemos ainda em comparação a outros países, é que os pacientes tem mais acesso a pesquisas clínicas de novas medicações. Queremos esse mesmo desenvolvimento aqui, possibilitar o acesso de novas medicações. Nos EUA, por exemplo, há acesso a drogas modernas de forma mais fácil, o paciente procura a pesquisa clínica, tem essa cultura. Muito pela burocracia o Brasil que impede as pesquisas clínicas, esse é um grande fator de limitação.

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