Gestão e Qualidade | 24 de abril de 2019

Grupo Hospitalar Conceição aborda “O Erro na Perspectiva do Médico”

Na ocasião, novo diretor-superintendente, André Cecchini, realizou seu primeiro pronunciamento para os funcionários
Grupo Hospitalar Conceição aborda O Erro na Perspectiva do Médico

O Grupo Hospitalar Conceição (GHC) realizou na segunda-feira, 22 de abril, no Auditório Jahyr Boeira de Almeida, a palestra O Erro na Perspectiva do Médico. Promovida pelo Serviço de Medicina Interna do Hospital Conceição, Gestão de Riscos e Comissão de Residência Médica do GHC, a palestra, conduzida pelo médico Eduardo Oliveira Fernandes, reuniu, entre funcionários, grande grupo de médicos e residentes da instituição.

O diretor-superintendente do GHC, André Cecchini, realizou seu primeiro pronunciamento para funcionários do GHC. No dia 4 de abril ele foi anunciado como novo membro da diretoria do Grupo. À vontade para falar com seus colegas, o neurocirurgião destacou a importância do tema da palestra para sua gestão.

“Ao passo que estou agora superintendente e sou corregedor do Conselho Regional de Medicina [CRM], então todos esses problemas passam pela minha mesa. A gente sabe que é fácil decidir às 15h, ou quando se está de bom humor. Mas decidir às 3h da manhã, depois de ter enfrentado um plantão, por vezes, a gente toma a decisão errada. E esse erro é objetivo, pessoal e intransferível” pontuou.

André Cecchini realizou seu primeiro pronunciamento para funcionários do GHC

André Cecchini realizou seu primeiro pronunciamento para funcionários do GHC

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Conforme Cecchini, a instituição também deverá colaborar na defesa dos profissionais frente aos casos de situações adversas. “Não só na ajuda, mas sim na formulação de propostas para minimizar esse tipo de problema. Por exemplo, com a elaboração de protocolos”, frisou o diretor, lembrando que, muitas vezes, a decisão se baseia numa sensibilidade individual de cada médico que acaba o expondo ao risco. “Por vezes, os residentes também participam disso e acabam decidindo situações que eles não têm capacidade, pois são médicos em formação e necessitam do apoio do grupo pra tomarem algumas decisões que fazem parte da atividade médica”, pontuou o médico.

Evento adverso

“Segundo a Organização Mundial da Saúde, o evento adverso é um dano causado ao paciente que não é intencional. A ocorrência desses eventos pode acarretar aumento na permanência do paciente na instituição, aumento na mortalidade, além de também poder impactar no contexto social do paciente. Por isso, a importância de trabalhar junto com as equipes em relação às melhorias de processo, identificar a causa desses eventos e o que se pode fazer para que possíveis e futuros danos não ocorram com os pacientes”, proferiu em sua fala a enfermeira da Gestão de Riscos, Valkíria Martins, ao chamar o palestrante para falar com o grupo.

Em sua palestra, o médico do Serviço de Medicina Interna do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), Eduardo Oliveira Fernandes, abordou a gênese do erro médico processada no modo de pensar. Sua investigação busca por quais mecanismos cognitivos podem ocorrer os erros. O médico trouxe dados que apontam que 74% dos erros médicos estão condicionados à cognição, sendo 26% somente à cognição e 46% em uma combinação cognitiva e sistêmica. Os casos apenas sistêmicos, conforme o estudo, representam 19% do total de erros. “Se vocês somarem os sistêmicos somente com os sistêmicos combinados totaliza 65%, ou seja, o erro do processo cognitivo é mais frequente e aquele que resulta em mais consequência” apontou Fernandes.

O médico do Serviço de Medicina Interna do HNSC Eduardo Oliveira Fernandes abordou a gênese do erro médico processada no modo de pensar

O médico do Serviço de Medicina Interna do HNSC Eduardo Oliveira Fernandes abordou a gênese do erro médico processada no modo de pensar

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Mecanismos de falha pelo viés cognitivo

O médico apontou como mecanismos de falha pelo viés cognitivo o conhecimento insuficiente e o raciocínio deficiente. Para fundamentar sua abordagem de insuficiência procedural, Fernandes destacou trabalhos de Daniel Kahneman, Nobel de Economia (2002) com estudos sobre os processos decisórios das pessoas em diversas áreas da existência, que, conforme o médico, servem de base para a teoria hegemônica da cognição. “Há outras e muitas que dialogam com essa teoria. Mas esta teoria do processo decisório, onde esquematicamente, ainda que, assim como toda descrição de processos complexos peca pela super simplificação, nós temos duas formas de raciocinar do ponto de vista de diagnóstico, o que chamamos de Sistemas 1 e 2 de processamento cognitivo.”

Fernandes apresentou diferenças entre os sistemas de processamento cognitivo. Enquanto o primeiro é intuitivo, fácil, rápido, o segundo é baseado em raciocínio lógico, lento, por assim reduzir a probabilidade de erros sistemáticos. Conforme Fernandes, os profissionais médicos funcionam entre 90 e 95% do tempo do seu processo decisório no sistema 1, que é mais vulnerável a erros sistemáticos.

Conforme Fernandes, existem catalogados mais de 100 erros de processo cognitivo. Fechamento prematuro, excesso de confiança, vieses de confirmação, da estimativa da probabilidade e emocional, foram alguns dos destacados pelo médico. Conhecer as falhas do processo cognitivo, considerar explicações alternativas, minimizar disrupções foram algumas das orientações compartilhadas por Fernandes a fim de evitar o erro. Após abordagem do médico os presentes permaneceram em trocas de perguntas e respostas.

Palestra reuniu entre funcionários do GHC

* com informações assessoria de imprensa GHC. Edição SS. 

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