Gestão e Qualidade | 9 de novembro de 2019

Fusão entre Dasa e Ímpar cria novo gigante na saúde 

"Vamos oferecer soluções que ainda não existem às operadoras”, disse Pedro Bueno, que será o CEO da empresa combinada
Fusão entre Dasa e Ímpar cria novo gigante na saúde 

O site Brazil Journal informa que a família Bueno está fundindo a Dasa, sua rede de medicina diagnóstica (a maior da América Latina), com a Ímpar, sua holding de hospitais, criando um gigante de saúde integrado, com faturamento de mais de R$ 7 bilhões. A fusão das companhias foi anunciada na sexta-feira (8).

A transação vem em um momento em que as operadoras de saúde buscam conter a disparada nos custos médicos e cria uma alternativa para as operadoras que hoje negociam pacotes de soluções como a Rede D’Or – que recentemente fez um investimento minoritário na Qualicorp.

Para efeito de transação, a Ímpar – uma holding de sete hospitais e 1.800 leitos em Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro – está sendo avaliada em R$ 10 bilhões, ou 22 vezes seu EBITDA estimado para 2019. A empresa de diagnósticos (DASA) está sendo avaliada no mesmo múltiplo.

Os Bueno – herdeiros do fundador da Amil, Edson de Godoy Bueno – controlam 97,7% da Dasa, mas o 1% restante ainda é negociado em Bolsa após uma oferta pública para retirar a companhia do Novo Mercado em 2015.

“Nossa ideia foi criar uma empresa para apoiar uma medicina transformacional e benéfica ao setor”, disse Pedro Bueno, de 29 anos, que será o CEO da entidade combinada, ao Brazil Journal. “Num curto espaço de tempo, vamos oferecer soluções que ainda não existem às operadoras”, disse.

Um hospital da Ímpar foi o primeiro do país a sair do modelo ‘fee for service’ e se remunerar com base no modelo chamado na indústria de ABP (adjusted budget payment), que remunera o prestador pelo desfecho clínico e a complexidade do tratamento. Hoje, outros hospitais da rede já operam nesse modelo. A Dasa também foi a primeira a testar o modelo fora do ‘fee for service’, aceitando correr o risco de frequência de utilização.

Depois da fusão, a família Bueno controlará a Dasa por meio de um veículo chamado Cromossomo Participações III, que terá 48,75% da companhia, um FIP chamado Genoma III (que está contribuindo a Ímpar e terá 33,65%), além de 15% da pessoa física.

De acordo com o Brazil Journal, o CEO da Ímpar, Paulo Cury, e o da Dasa, Carlos de Barros, se reportarão a Bueno, e as companhias manterão autonomia operacional.

Bueno disse que a fusão permite alinhar os times, a cultura e os processos para que as duas empresas possam trabalhar de uma forma mais integrada e conectada. Ele disse que o movimento não é “uma mudança incremental”.

“Não vamos ficar só em hospitais e diagnósticos: vamos olhar onde estão as carências do setor e criar um ecossistema para atender as operadoras de forma mais holística”, disse Bueno. “Em vez de fazer redução de custo por restrição de acesso, estamos apostando em tecnologia, excelência médica e prevenção. Só vai ter saída para o setor de saúde se a gente fizer as coisas de uma forma diferente”, ressaltou.

Ele disse que a fusão demonstra “a visão de longuíssimo prazo” de sua família, que recebeu inúmeras sondagens para vender a Ímpar depois da morte de Edson Bueno.

A companhia combinada nasce com alavancagem baixa – menos de 2x EBITDA – e capitalizada tanto para crescimento greenfield e aquisições. A Ímpar tem um rating de crédito triple-A e é auditada há cinco anos.

Bueno disse que a empresa não tem planos imediatos de acessar o mercado de capitais, mas, com os múltiplos praticados hoje no setor, parece apenas uma questão de tempo até que a nova Dasa faça um re-IPO.

Cláudio Allgayer

O presidente da Federação dos Hospitais e Estabelecimentos  de Saúde do Rio Grande do Sul (FEHOSUL), Associação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do RS (AHRGS) e Organização Nacional de Acreditação (ONA), Dr Cláudio Allgayer, analisou o movimento de ‘merger’, contextualizando a história recente das instituições envolvidas no negócio.

“Com o infarto fulminante que causou a morte repentina do médico Edson Godoy, fundador da Amil, em fevereiro de 2017 – que permanecera como chairman da United Health Group, no Brasil, por força de acordo firmado quando da venda do plano de saúde para a gigante americana – os negócios que a família do fundador ainda mantinham na área da saúde, foram desmembrados em dois grupos. A Dasa, empresa líder na área de medicina diagnóstica, ficou com o primogênito Pedro, então com 27 anos, e o conjunto de hospitais, agrupados na Ímpar, restaram sob o comando de sua ex-mulher e sócia, Dulce, e da filha deles, Eliane, que residiam ambas em Londres. Em virtude de acordo firmado quando da venda da Amil, a United Health Group detinha preferência para exercitar a aquisição da Ímpar no prazo de cinco anos após a negociação da AMIL, o que não acabou ocorrendo. Esta é a razão porque somente agora, estando os sucessores de Edson Godoy alinhados entre si, ambas as operações passam a ser unificadas, criando um novo e robusto player no mercado da saúde brasileira”, destacou Allgayer, que fora amigo do fundador desde os anos 80.

Com informações do Brazil Journal. Edição do Setor Saúde.

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