Gestão e Qualidade | 22 de setembro de 2015

Ferramenta para medir a qualidade e a segurança do atendimento

Calcular a taxa total de dano ao paciente ajuda hospitais a concentrarem esforços de melhoria
Ferramenta para medir a qualidade e a segurança do atendimento

Acompanhar as taxas de eventos adversos para cada paciente é importante, mas a medição total de riscos de dano é essencial para hospitais e sistemas de saúde melhorarem a segurança e a qualidade no atendimento.

A taxa total de dano ao paciente pode ser calculada e usada para ajudar a conectar pontos de projetos de melhoria. Como destaca um artigo do portal H&HN, “uma análise ampla fornece informações valiosas para equipes, gestores, comitês executivos médicos e de enfermagem”.

Gestores hospitalares que monitoram e relatam estes dados, dizem que a medida “ajuda a organização a concentrar-se nas prioridades de qualidade e aumenta a responsabilidade através da transparência. Para calcular um quadro global do dano ao paciente, as organizações de cuidados de saúde podem agregar métricas sobre o número de ocorrências de danos”, diz o texto, assinado por Maulik S. Joshi (vice-presidente executivo associado da American Hospital Association e presidente do Health Research & Educational Trust) e Todd C. Linden (presidente e CEO do Grinnell Regional Medical Center).

As ocorrências que devem ser registradas incluem: eventos adversos relacionados ao uso de medicamentos, infecções do trato urinário associadas a cateter, infecções associadas à linha central da corrente sanguínea, lesões causadas por quedas, eventos obstétricos adversos e altas concedidas precocemente, úlceras, infecções cirúrgicas, tromboembolismo venoso e eventos associados à ventilação mecânica.

Acompanhar os eventos adversos e identificar oportunidades de melhoria força líderes hospitalares e administradores a elaborar estratégias para reduzir problemas. O artigo aponta exemplos de casos de instituições dos EUA, que melhoraram a comunicação e a colaboração através da adoção de um formato padronizado de notificação, o que permite uma discussão sobre dados e procedimentos em tempo real.

Aprofundamento do painel de controle

Quando o médico Frederick Goldberg, chegou ao Nathan Littauer Hospital (Nova York), quatro anos e meio atrás, para assumir o cargo de vice-presidente de assuntos médicos, ele descobriu que as informações reportadas ao Conselho de Administração de Qualidade e Segurança, precisavam de mais foco e clareza. “O conselho tinha visto um painel de controle com um grande número de métricas com cores verde, amarelo ou vermelho para mostrar o progresso em direção a metas de longo prazo. Vários hospitais estavam fazendo o mesmo, e alguns ainda fazem”, comentou Goldberg. “Isso é muita informação. Você se perde nos detalhes e não consegue ver o que é importante e onde estão as maiores oportunidades de melhoria”.

O especialista, então, desenvolveu um relatório resumido sobre a qualidade, a segurança e a satisfação do paciente – o relatório QPSS – para mostrar tendências organizacionais e focada na redução de riscos. “Os membros do conselho precisam saber se os pacientes estão sofrendo mortes inesperadas, reinternações evitáveis, experiências desagradáveis ou danos adquiridos no hospital”. Nas palavras do especialistas,são esses os Grandes Pontos. “Só é preciso aprofundar o painel de controle, incluir processos de avaliação, se não estamos atingindo as metas de resultados”, resume Goldberg.

Ao aplicar uma avaliação completa, Frederick Goldberg calculou, a média de eventos para cada 1.000 internações. Após 18 meses, a taxa total de dano ao paciente do hospital melhorou: caindo de 6,5 eventos para 1 evento a cada 1.000 internações. Em 2014, Goldberg acrescentou um segundo nível ao relatório, chamado “dano cirúrgico”. O relatório, trimestral, compartilha informações de pacientes entre funcionários, gestores e médicos, visando ser “totalmente transparente em toda a organização”.

Segundo o especialista, é importante para gestores e demais profissionais de saúde, permanecer em eterna vigilância. “Se você começar a descansar sobre bons indicadores, as pessoas serão prejudicadas. É importante medir a segurança do paciente e ver o que podemos fazer para redesenhar continuamente o nosso sistema, para eliminar riscos”.

Bons dados para aprimorar a comunicação

Prevenir danos ao paciente é o grande foco do Yampa Valley Medical Center, no Colorado. “Como um hospital que atende a comunidade rural, levamos a sério a segurança do paciente”, explica Glenn Sommerfeld, gerente de melhoria do desempenho da instituição. “Nos preocupamos com nossos pacientes e queremos que eles tenham os melhores resultados possíveis”.

Em um trabalho conjunto com a American Hospital Association, Sommerfeld elaborou um banco de dados que mensura o dano ao paciente e cria uma plataforma de comunicação aberta. “Ela nos dá dados para medir o risco e uma forma de comunicação que podemos observar e para definir metas”, diz Sommerfeld. Em uma época de muita informação e transparência, a ferramenta “ajuda a tornar mais clara a informação, tanto para a equipe quanto para a comunidade”.

Anteriormente, os eventos eram registrados apenas no departamento de gestão de riscos e eram discutidos a portas fechadas. “Agora nós estamos olhando para um evento adverso e perguntando: ‘O que aconteceu com o sistema? Nós estamos procurando ver onde o sistema é falho”. O resultado: a taxa de dano ao paciente total na instituição diminuiu de 9,6 por 1000 pacientes dia (em 2013), para 3,6/1000, em meados de 2015. Ter uma ferramenta padronizada ajuda a abordar os danos ao paciente. “Ao utilizar estes dados, podemos mostrar onde e como eles ocorrem”. A transparência incentiva as equipes a colaborar, com informações mais precisas.

Modelo de rastreamento de danos

Esses hospitais norte-americanos estão usando o modelo Eliminating Harm Across the Board (Painel de Eliminação de Danos, em tradução livre), da American Hospital Association. Ela permite que as instituições, de forma sucinta, ilustrem seus progressos no sentido de eliminar danos ao rastrear o número real de ocorrências, destacando medidas específicas de redução de eventos e compartilhando estratégias de sucesso.

O artigo do H&HN, sugere que os estabelecimentos de saúde, em busca da redução de danos ao paciente, verifiquem a seguinte lista:

Considere o número total de danos ao paciente como a medida inicial da segurança do paciente.

Meça e monitore a taxa total de dano ao paciente mensalmente.

Discuta estratégias organizacionais para a melhoria.

Seja transparente sobre a taxa de danos e as estratégias de melhoria.

Alinhe incentivos de liderança para eliminar o dano ao paciente.

Para acessar o modelo de cálculo de melhoria (em inglês), visite o endereço www.hret-hen.org.

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