Estatísticas e Análises | 13 de abril de 2016

Falta de atividade física das crianças é “uma bomba-relógio” para a saúde

Uma juventude praticante de exercícios diminui a incidência de doenças crônicas na idade madura
Falta de atividade física das crianças é uma bomba-relógio para a saúde

Cada vez mais sedentários e menos ativos. As crianças não serão poupadas no futuro pela falta de atividade física. Uma tendência que preocupa profissionais de saúde, governos e responsáveis. É consenso que uma juventude saudável e praticante de esportes, possibilita um futuro melhor para a população, com a diminuição das taxas de incidência de doenças crônicas.

De acordo com uma pesquisa realizada pela empresa francesa Odoxa para o jornal Le Figaro, “61% dos franceses acreditam que as crianças (filhos, parentes, vizinhos próximos, etc) praticam menos atividade física em comparação com gerações anteriores, de 20 ou 30 anos. Entre as crianças inativas, 69% apresentavam inquietação e 53% eram irritadiças. Não surpreendentemente, jogos de videogame e uso constante de tablets são apontados como responsáveis importantes por esta tendência (citado por 62% dos participantes), muito à frente do segundo fator, que foi a falta de incentivos dos pais para que as crianças desenvolvam atividades aeróbicas (24%)”, diz a reportagem.

Redução de 25% da capacidade física

“Os pais estão sempre dispostos a fazer o que é certo para o seu filho, mas a mensagem sobre a necessidade de se exercitar é difícil de passar”, observa o professor François Carré, da Federação Francesa de Cardiologia e do Hospital Universitário de Rennes. “As pessoas tendem a pensar que a atividade física é boa para a saúde. É um equívoco. É a falta de atividade que é patológica. Somos feitos para nos mover”, explica.

Em 2013, um estudo internacional mostrou que jovens (entre 9 e 17 anos) perderam 25% da sua capacidade física, isto é, a sua resistência, ao longo dos últimos 40 anos. “O homem atinge a sua capacidade física máxima entre 18 e 22 anos. Depois, inexoravelmente declina. Quanto mais se exercitar, mais provável que viva muito bem de saúde”, diz o professor Carré. Mesmo se a criança não demonstre sinais visíveis desse mau hábito, isso irá resultar mais tarde em uma menor expectativa de vida sem deficiência. “Esta é uma bomba-relógio”, alerta o especialista.

Para alcançar uma boa capacidade física, a receita é simples: praticar atividade física. Não apenas esportes, mas simplesmente mover os músculos todos os dias, indo a pé para a escola ou na padaria, brincando, correndo, pulando corda, “Uma criança de quatro anos que sabe caminhar, não deve ser colocada em um carrinho de bebê”, ilustra. Antes disso, diz François Carré, “espere ela estar cansada e pedir para parar”.

Se movimentar pelo menos 60 minutos por dia

Os bons (e maus) hábitos são criados desde cedo. Antes dos 18 anos, é recomendável que uma pessoa se mova durante pelo menos 60 minutos por dia. Um estudo britânico em 6,5 crianças com idades entre 7 e 8 anos equipadas com um acelerômetro (um dispositivo usado para medir a aceleração própria, que podem funcionar a partir de diversos efeitos físicos e tem, portanto, uma ampla faixa de valores de aceleração que são capazes de medir, logo tem uma gama de aplicações bastante elevada) mostrou que apenas metade das crianças atingiu o nível recomendado de atividade física.

“Na França, o único estudo para observar esse tipo de evolução, realizada com crianças entre 2000 e 2007, destacou uma tendência aparentemente paradoxal: o aumento nas matrículas em clubes desportivos, mas também do tempo passado em frente às telas”, diz o Le Figaro. “Percebemos que esses esportes ao ar livre estão reduzindo o tempo gasto assistindo televisão ou com computadores”, comemora um dos autores do estudo, o epidemiologista Benoit Salavane, especialista em nutrição na Universidade Paris-XIII.

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