Estatísticas e Análises | 6 de janeiro de 2018

Exercícios físicos são aliados para a preservação da memória em idosos

2,5 horas de atividade física por semana após os 65 anos
Exercícios físicos são aliados para a preservação da memória em idosos

Depois dos 65 anos de idade, é comum que ocorram episódios como não lembrar onde está determinado objeto, dificuldade em encontrar palavras, entre outros esquecimentos. Nesta fase da vida, estas situações podem ser um sinal de comprometimento cognitivo leve. Esta alteração das faculdades mentais, mesmo que não tenha efeito sobre a vida diária de forma significativa, pode ser um prenúncio da doença de Alzheimer.

No entanto, o comprometimento cognitivo leve é de certa forma evitável.  De acordo com as recomendações da Academia Americana de Neurologia, a atividade física e o exercício cognitivo – como jogos lúdicos -, com a prescrição de médicos, são armas eficazes para melhorar a memória.

O comprometimento cognitivo leve é o estágio intermediário entre o declínio cognitivo que normalmente é antecipado na velhice e a deterioração mais grave da demência. Os sintomas podem incluir problemas de memória, linguagem e pensamento que são maiores que as mudanças normais na idade.

O estudo publicado em 27 de dezembro na edição online da revista científica Neurology, mostra que o exercício físico duas vezes por semana pode ajudar aqueles que sofrem de comprometimento cognitivo leve, como parte de um método geral para o controle de sintomas.

“O exercício regular tem sido conhecido por seus benefícios para a saúde do coração, e hoje podemos dizer que pode melhorar a memória de pessoas com deficiência cognitiva leve. O que é bom para o seu coração pode ser bom para seu cérebro “, disse Ronald Peterson, diretor do Centro de Pesquisa de Alzheimer na Mayo Clinic, um dos mais conceituados dos Estados Unidos, e autor líder do estudo.

Sem medicamentos

Caminhada, corrida e ciclismo são alguns dos exercícios recomendados pelo Dr. Peterson, que encoraja todos os idosos com essa desordem a praticar atividade física por 150 minutos por semana (ou seja, 30 minutos em 5 vezes por semana ou 50 minutos em 3 vezes por semana), o tempo recomendado pelas autoridades internacionais. “O exercício pode retardar a velocidade com que o comprometimento cognitivo leve progride em direção à demência”, diz o médico. “O nível de exercício deve ser moderado para manter uma conversa”, explica.

Os neurologistas também indicam os exercícios de estimulação cognitiva. Entre as recomendações, que passam pela prática de xadrez, palavras cruzadas, aprender a tocar um instrumento musical ou conhecer um novo idioma, qualquer uma que possa alimentar o cérebro é considerada benéfica. Além dos exercícios cognitivos, também é importante manter laços sociais.

Essas novas recomendações enfatizam, além disso, que nenhuma terapia com remédios pode diminuir o comprometimento cognitivo leve. Por outro lado, os especialistas apontam que certos tratamentos apenas fornecem a “aparência” de melhora. Por isso, “os médicos devem parar, na medida do possível, com a indicação de remédios que contribuem para isso”, dizem as novas recomendações. Com a idade avançando, medicamentos podem se tornar verdadeiras armas contra a longevidade.

Passividade não combina com longevidade

Pouco menos de uma em cada dez pessoas com 65 anos de idade é afetada por este transtorno neurológico. Porém, aos 85 anos, 37% dos idosos são afetados. E mais da metade deles desenvolverá a doença de Alzheimer. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 75 milhões de pessoas terão essa demência em 2030. Em 2050, a previsão é que serão mais de 135 milhões afetados.

“O envelhecimento não é um processo passivo, podemos agir adotando certos comportamentos. Isso poderia realmente fazer a diferença para os indivíduos e a sociedade “, alerta Peterson.

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