Mundo | 28 de julho de 2015

Estudo mostra novos alertas para evitar o uso excessivo de antibióticos

Além da resistência às drogas, superbactérias causam infecções cada vez mais graves
Estudo mostra novas alertas para evitar o uso excessivo de antibióticos1

Há décadas os cientistas alertam para o uso excessivo de antibióticos, o que vem gerando a disseminação de superbactérias resistentes aos medicamentos.

As drogas são amplamente usadas tanto em pessoas, para tratar infecções, e na agricultura, para aumentar a massa em criação de animais de abate – suínos, aves, bovinos destinados à alimentação humana – e mantê-los livres de doenças. As consequências, como os especialistas alertam, são terríveis e já emergentes em hospitais que convivem com bactérias que não podem ser tratadas com qualquer um dos medicamentos existentes.

Em um recente estudo publicado na revista Science Translational Medicine, pesquisadores mostram que, ao analisar o código genético de certas bactérias comuns (como Pseudomonas aeruginosa e Acinetobacter baumannii – ambas resistentes a múltiplos antibióticos) foi possível identificar genes que se alteram na presença destas drogas.

Essas mudanças afetaram a capacidade de infecção das diferentes bactérias. Ao invés de ficarem comprometidas, as estirpes de superbactérias parecem ficar mais fortes e com uma maior capacidade de infectar células, do que as estirpes menos resistentes. “Entre todas as possíveis mutações nas bactérias, há uma batalha, uma competição entre todas as mutações, e vemos que os mais aptos foram as que eram resistentes aos antibióticos”, explicou o Dr. David Skurnik, principal autor da pesquisa e professor assistente de medicina na Brigham and Women Hospital e também na Harvard Medical School.

Em reportagem da revista Time, o especialista diz que, no caso da Pseudomonas aeruginosa, “a aquisição da resistência aos antibióticos foi associada com o aumento da aptidão em todas as suas possíveis mutações”. Isso significa que a resistência aos antibióticos só tende a aumentar.

O uso excessivo de antibióticos aumenta o número de estirpes bacterianas que apresentam mutações que as tornam mais capazes de resistir às drogas, e esta recente pesquisa mostra que estas estirpes também podem ser mais hábeis em infectar hospedeiros e causar doença. “Nós temos um duplo problema com o aumento da resistência aos antibióticos”, alertou Gerald Pier, co-autor do estudo e professor de medicina, microbiologia e imunobiologia na Brigham eHarvard.

“Não só a resistência aos antibióticos torna as infecções mais difíceis de tratar, porque temos menos drogas eficazes, e também torna o organismo da bactéria mais capaz de causar a infecção”. Reduzir o uso de antibióticos é importante, mas pode não ser suficiente, diz o Dr. Pier.

Usar antibióticos de forma mais adequada vai reduzir o aparecimento de novas estirpes resistentes, mas não será suficiente para contê-las. Para isso, diz o pesquisador, outras estratégias de combate a infecção, focando o sistema imunológico através de vacinas ou tratamentos com anticorpos, são possibilidades.

Isso é o que os especialistas, Pier e Skurnik, estão trabalhando atualmente, desenvolvendo opções para o tratamento de infecções que podem neutralizar as bactérias mais potentes, evitando infecções graves e doenças.

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