Estados Unidos vive “epidemia dos não vacinados” contra a Covid-19
Novos casos, hospitalizações e mortes aumentam consideravelmente entre os não imunizadosApesar de disponibilizar vacinas em abundância para toda a população, o coronavírus continua matando muitos cidadãos dos Estados Unidos, principalmente no grupo de pessoas que se recusaram a ser imunizadas. As autoridades chamam este momento de a quarta onda ou “epidemia dos não vacinados”.
Os estados de Alabama, Mississippi, Geórgia, Arkansas, Texas e Flórida estão com as suas unidades de terapia intensiva com capacidade limitada (muitos hospitais com 100% de ocupação). As hospitalizações continuam a aumentar em praticamente todos os estados, e grande parte dos que estão sendo acometidos é de pessoas que não foram vacinadas – cerca de 47% dos cidadãos. A grande maioria, ou quase a totalidade dos novos casos estão associados à variante Delta, que se tornou predominante no País. Com o seu elevadíssimo poder de transmissão, muitos estados voltaram a adotar regras mais rígidas de segurança visando controlar o aumento repentino das infecções.
Mesmo assim, nas últimas quatro semanas mais de 4 milhões de novos casos de Covid-19 foram notificados. Os especialistas lembram que é preciso separar dados oficiais dos reais. Os reais são desconhecidos e certamente mais elevados, já que muitas infecções não são contabilizadas e referem-se principalmente a pessoas com sintomas inexistentes ou leves que não fizeram testes para identificar o coronavírus.
Fator verão
Ainda segundo as autoridades, as infecções têm aumentado consideravelmente no País desde o início do verão, compreendendo o período de junho a agosto. A mediana de sete dias divulgada na segunda-feira (6) – Dia do Trabalho nos EUA -, foi de 137.270 casos por dia – quatro vezes maior do que no Dia do Trabalho de 2020, com 39.355 por dia. A celebração ocorre sempre na primeira segunda-feira de setembro.
No ano passado, na mesma época, não havia vacina disponível. Agora, por outro lado, todas as pessoas com mais de 12 anos de idade podem receber doses. No entanto, o País enfrenta hoje uma enorme recusa das pessoas em se imunizarem – quase metade da população ainda não foi a um centro de vacina.
“É importante dizer: todos aqueles que eu estou hospitalizando não estão vacinados. De longe, e em todo o país, não estamos internando pessoas que têm as duas doses da vacina. Esta é uma doença de não vacinados ou como a Casa Branca vem alertando há meses: “a epidemia dos não vacinados”, disse à CNN Megan Ranney, médica da Brown Emergency, no estado de Rhode Island.
Ranney se refere a declarações da Dra. Rochelle Walensky, diretora dos Centros de Controle e Prevenção de Doenças e do Dr. Anthony Fauci, diretor do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas. Ambos disseram, no final de julho, que 97% das hospitalizações de pacientes com Covid são de pessoas não vacinadas, e ainda, 99,2% das mortes pela doença pertenciam a este mesmo grupo. Fauci classificou a situação como a “pandemia” dos que não se vacinaram.
Preocupação com as crianças
“Também é preocupante o grande aumento de casos entre as crianças. É fundamental que as pessoas ao seu redor estejam vacinadas e que a máscara seja usada, tanto pelas crianças como pelos que estão à sua volta”, alerta a especialista. Crianças abaixo dos 12 anos não podem se vacinar. E a retomada do ano letivo vem criando apreensão das autoridades.
Transmissão comunitária
Dados divulgados pelo Covid Data Tracker (CDC) nesta quarta-feira (8) demonstram o alto risco de contaminação comunitária em todos o País. Cerca de 95% dos condados apresenta risco “Alto”. Menos de 2% foi classificado com risco “Baixo”.
O País ultrapassou 40 milhões de casos de coronavírus desde o início da pandemia. Mais de 649 mil pessoas morreram em virtude da Covid-19 até o momento, segundo dados da Universidade Johns Hopkins.
E o Brasil?
O Brasil já alcançou a marca de cerca de 64% da população vacinada com a primeira dose. Enquanto aqui a vacinação segue aumentando, por lá está praticamente estagnada, com muitos estados atrasados. A pergunta que fica é? O que se vê nos EUA pode se repetir aqui?
A variante Delta, mais cedo ou mais tarde chegará com mais força por aqui. Porém, o fator “resistência a tomar a vacina” e o verão no hemisfério norte têm papeis decisivos para se acreditar em um cenário diferente. A época mais quente do ano é um período perigoso em função do aumento das festas e dos deslocamentos das pessoas, adicionado à maior propensão da população em relaxar as medidas de proteção.
O nosso verão ainda tem alguns meses para iniciar. Até lá, mais pessoas serão vacinadas, já que apresentamos uma maior adesão da população à vacina. Além destes fatores, teremos em breve a terceira dose para idosos e imunossuprimidos, prometida pelo Ministério da Saúde para iniciar em 15 de setembro. Tais elementos são fundamentais para crer que o Brasil pode sim se sair bem melhor do que os EUA quando a Delta também se tornar a cepa prevalente por aqui.