Empregos no setor da saúde crescem durante a pandemia
Coordenador da CNSaúde, Clóvis Queiroz projeta até 100 mil postos de trabalho criados pelo setor até o final de 2020Nos nove primeiros meses de 2020, o Brasil perdeu 558.597 empregos com carteira assinada. Entretanto, no mesmo período, o setor da saúde apresentou saldo positivo: 78.697 empregos abertos no setor, em meio à pandemia da Covid-19. Os dados são do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), divulgados pelo Ministério da Economia, na quinta-feira (29).
Apesar do saldo negativo em 2020, a criação de empregos no Brasil vem crescendo nos últimos três meses – em setembro, por exemplo, o país abriu 313.564 vagas de emprego com carteira assinada, o melhor resultado para um mês de setembro em 29 anos, desde 1992, quando foi iniciado o levantamento (que conta somente os empregos com carteira assinada).
Já o setor de saúde apresentou saldo positivo (relação entre admitidos e desligados) em oito dos nove meses avaliados – somente em abril o saldo foi negativo. Nos meses mais críticos da pandemia, o saldo positivo confirma a alta demanda por profissionais no setor saúde. Em setembro, com a estabilização das internações, o resultado foi menos intenso. Confira:
Janeiro: (+5.644 empregos)
Fevereiro: (+10.612)
Março: (+8.315)
Abril: (-1.876)
Maio: (+8.145)
Junho: (+14.593)
Julho: (+14.630)
Agosto: (+13.254)
Setembro: (+5.380)
Setor privado da saúde gerou 820 mil empregos formais nos últimos 10 anos, aponta coordenador da CNSaúde
Em entrevista ao Setor Saúde, o coordenador do Conselho de Relações do Trabalho e Sindicais da Confederação Nacional da Saúde (CNSaúde), Clóvis Queiroz, avalia que o setor de saúde privado apresenta saldo positivo na empregabilidade há pelo menos uma década. Queiroz é e responsável pela edição do Boletim CNSaúde – Mercado do Trabalho, divulgado mensalmente pela entidade.
“O setor saúde é um grande gerador de postos de trabalho, pois uma das suas características é ser intensivo de mão de obra. Nos últimos 10 anos (2010-2019), os prestadores privados de saúde foram responsáveis por um saldo positivo de mais de mais de 820 mil empregos formais (CLT) no país. O ano de 2020 tem seguido a mesma tendência, no acumulado do ano (janeiro a setembro) o setor saúde foi responsável por gerar mais de 78 mil novos postos de trabalho. Somente no mês de setembro, último dado divulgado pelo CAGED, foram gerados 5.380 novos postos de trabalho”, aponta.
Ele salienta que, mesmo com todas as dificuldades e desafios que o setor passou e ainda passa ao longo de 2020, o mês de abril foi o único que registrou a perda de postos de trabalho (-1.876), e todos os demais tiveram saldo positivo, destacando os meses de junho e julho, que tiveram uma média mensal de 14,6 mil novos postos de trabalho criados.
Expectativa de 100 mil novos postos em 2020
Queiroz aponta que a perspectiva para o último trimestre do ano é positiva, com projeção de 100 mil postos de trabalho criados pelo setor da saúde.
“A expectativa é que o setor saúde chegue próximo dos 100 mil novos postos de trabalho, superando o número de postos criados no ano de 2019 que foi de 93 mil. A demanda pela prestação de serviços de saúde é crescente no país, temos muito ainda a que crescer, acreditamos que continuaremos gerando oportunidades de emprego para milhares de profissionais em 2021”, diz.
O saldo positivo do setor em um país em crise econômica
A demanda crescente por prestação de serviços de saúde fará com que a saúde siga sendo uma das áreas de destaque em empregabilidade no país, na avaliação de Queiroz. De acordo com ele, as oportunidades são maiores para profissionais de 18 a 39 anos com qualificação profissional
“A característica de ser intensivo de mão de obra, alinhada à crescente demanda por prestação de serviços de saúde, nos parece constituir um cenário adequado para continuarmos sendo um dos principais setores econômicos na geração de novos postos de trabalho no país, em especial para os mais jovens e com qualificação profissional. De acordo com os dados do Caged, a geração de oportunidades na saúde está para pessoas entre 18 a 39 anos, com ensino médio e superior completos”, avalia.
Empregos na área da saúde
Confira alguns detalhes do levantamento do Caged que leva em consideração somente o setor da saúde, divulgado no Boletim Mercado de Trabalho, da CNSaúde.
Saldo da Geração de Emprego no Setor Saúde por sexo (Setembro 2020)
Homens: (+227)
Mulheres: (+5.153)
Saldo da Geração de Emprego no Setor Saúde por sexo (Acumulado – Jan/Set 2020)
Homens: (+20.341)
Mulheres: (+58.356)
Os dados da geração por sexo confirmam uma característica do setor, formado em grande parte por profissionais do sexo feminino.
Saldo da Geração de Emprego no Setor Saúde por grau de instrução (Setembro 2020)
Analfabeto: (+12)
Fundamental Incompleto: (-278)
Fundamental Completo: (-150)
Médio Incompleto: (-348)
Médio Completo: (+5.331)
Superior Incompleto: (+471)
Superior Completo: (+342)
Saldo da Geração de Emprego no Setor Saúde por grau de instrução (Acumulado – Jan/Set 2020)
Analfabeto: (+91)
Fundamental Incompleto: (-2.773)
Fundamental Completo: (-1.855)
Médio Incompleto: (-4.834)
Médio Completo: (+60.274)
Superior Incompleto: (-266)
Superior Completo: (+28.060)
Saldo da Geração de Emprego no Setor Saúde por faixa etária (Setembro 2020)
Até 17 anos: (+758)
18 a 24 anos: (+4.952)
25 a 29 anos: (+1.840)
30 a 39 anos: (+401)
40 a 49 anos: (-753)
50 a 64 anos: (-1.525)
65 anos ou mais: (-293)
Saldo da Geração de Emprego no Setor Saúde por faixa etária (Acumulado – Jan/Set 2020)
Até 17 anos: (+3.382)
18 a 24 anos: (+37.604)
25 a 29 anos: (+23.436)
30 a 39 anos: (+25.948)
40 a 49 anos: (+7.032)
50 a 64 anos: (-15.046)
65 anos ou mais: (-3.659)
Um ponto que impacta na empregabilidade em muitos setores, não apenas o da saúde, é a faixa etária. Com a pandemia, profissionais mais jovens foram naturalmente demandados em maior grau. A necessidade de resguardar integrantes de grupos de risco – como aqueles com idade acima de 60 anos – podem ajudar a explicar o saldo negativo de profissionais acima dos 50. Outro fator que devemos ponderar é a aposentadoria.
Minas de Gerais, Goiás, São Paulo e Rio Grande do Sul com melhor saldo
Os estados de Minas Gerais, Goiás, São Paulo e Rio Grande do Sul são os quatro melhores em termos de saldo positivo no mês de setembro (entre 623 a 1.872). Mais 18 estados apresentam saldo positivo (no intervalor que varia de 571 a 8). Os cinco estados que apresentam saldo negativo são Acre, Sergipe, Rio Grande do Norte, Maranhão e Rio de Janeiro. Chama a atenção o saldo negativo do estado fluminense: -1.127 (4.335 admitidos e 5.462 demitidos). De forma geral, o saldo de empregos no Brasil foi positivo, com 5.380.
Saldo da geração de emprego por estado e DF no mês de setembro/2020
UF | Admitidos | Desligados | Saldo |
Minas Gerais | 6690 | 4818 | 1872 |
Goiás | 2587 | 1857 | 730 |
São Paulo | 19979 | 19329 | 650 |
Rio Grande do Sul | 3924 | 3301 | 623 |
Bahia | 3106 | 2535 | 571 |
Paraná | 3385 | 2978 | 407 |
Santa Catarina | 2125 | 1765 | 360 |
Ceará | 1426 | 1075 | 351 |
Tocantins | 444 | 195 | 249 |
Pernambuco | 1599 | 1426 | 173 |
Distrito Federal | 1767 | 1538 | 169 |
Amazonas | 470 | 307 | 163 |
Mato Grosso do Sul | 799 | 655 | 144 |
Paraíba | 428 | 307 | 121 |
Pará | 882 | 781 | 101 |
Rondônia | 303 | 234 | 69 |
Mato Grosso | 847 | 791 | 56 |
Piauí | 312 | 263 | 49 |
Espírito Santo | 1238 | 1201 | 37 |
Roraima | 90 | 54 | 36 |
Amapá | 79 | 49 | 30 |
Alagoas | 375 | 367 | 8 |
Acre | 64 | 93 | -29 |
Sergipe | 272 | 318 | -46 |
Rio Grande do Norte | 476 | 575 | -99 |
Maranhão | 643 | 931 | -288 |
Rio de Janeiro | 4335 | 5462 | -1127 |
TOTAL | 58645 | 53265 | 5380 |