Empregabilidade e Aperfeiçoamento, Gestão e Qualidade | 18 de maio de 2016

Empreendedores debatem oportunidades em momentos de crise

Talk-show ocorreu em evento da Feira Hospitalar, em São Paulo
Empreendedores debatem oportunidades em momentos de crise

Quatro empreendedores de destaque do mercado brasileiro participaram do talk-show Experiência de quem percebeu, na adversidade, oportunidade para crescimento, na manhã do dia 17. A atividade antecedeu a abertura oficial da Feira Hospitalar 2016, em São Paulo, e contou com a cobertura do portal de notícias Setor Saúde, da Fehosul. Alexandre Accioly fundador da Accioly Fitness Participações (Body Tech e Fórmula Academias); Randal Luiz Zanetti um dos sócios-fundadores da Odontoprev; Jorge Moll fundador da Rede D’Or São Luiz e Walfrido dos Mares Guia um dos fundadores do pré-vestibular Pitágoras, compartilharam insights e visões de mercado. André Lahóz, diretor de redação da revista EXAME foi o moderador. Questões como a importância da escolha do nome para o negócio, a influência do governo e as perspectivas para os empreendedores diante da situação política e econômica brasileira, fizeram parte dos debates.

Cada um dos convidados começou explicando a origem do nome de seus negócios. De forma geral, indicaram que a escolha da denominação é importante para o sucesso, mas não o primordial, e sim a qualidade do serviço. “Um nome bem posicionado vai ajudar muito, mas eu acho que o que faz o nome é o serviço que você presta”, disse Accioly, que possui sociedades em restaurantes de sucesso como o Gero, na cidade do Rio de Janeiro.

A interferência do governo teve declarações tanto positivas quanto negativas por parte dos empresários, mas todos entendem que um estado menor é necessário.

“Antes das agências [reguladoras] o governo se metia em tudo”, disse Walfrido dos Mares Guia, que hoje é dono da maior rede de ensino privado do Brasil, a Kroton. Walfrido diz que a melhoria contínua acaba se estabelecendo com o tempo, e por este motivo, o papel das agências reguladoras ainda está na fase de ser entendido e construído. Na opinião dele, elas são importantes para normatizar questões do mercado. “O governo atrapalha muito, mas ajuda também”. Uma das formas positivas para o empreendedor do Pitágoras/Kroton é o Prouni. “Ele [Prouni] propiciou a 2 milhões de alunos pobres, com bom desempenho, entrarem em uma universidade particular, sem pagar nada, trocando por imposto. Este programa tem 260 mil matrículas por ano, de alunos que vem de escolas públicas”, defendeu. As instituições de ensino superior privadas abatem parte do imposto ao aderir ao programa federal.

Já o executivo Randal Luiz Zanetti, que foi efetivado como diretor-presidente do Bradesco Seguros no mês de março, acredita que muitas vezes, existe uma proteção excessiva nos modelos regulatórios. “O Brasil ainda não decidiu o quê quer ser”, referindo-se a alta burocracia que muitas vezes, no caso da regulação, exagera em buscar sempre o entendimento que se caracteriza com a “infantilização do clientes”, ou seja, uma superproteção que deixa, muitas vezes, o mercado engessado.

Jorge Moll, fundador da Rede D’Or São Luiz, maior rede de hospitais do Brasil, defendeu o papel das agências regulatórias, mas alertou que “hospitais menores não conseguem sobreviver por causa das muitas exigências impostas pelos governos.”

Sobre a situação brasileira, que vive uma grave crise econômica e política, os empresários foram num mesmo caminho de otimismo com a mudança de governo, menos Accioly, que demonstrou preocupação com o risco de o governo Dilma retornar após o período de afastamento.

Jorge Moll entende que a mudança de governo apresenta um oportunidade ímpar para corrigir o rumo, e reforçou que “nas crises é que se constrói as grandes coisas”. Segundo Moll, a Rede D’Or não deixou de investir, continuou com o mesmo ritmo estipulado para entregar os seus projetos (construção de novos hospitais). Moll explicou que estes projetos foram bem estudados em diferentes cenários e respondem a demandas latentes de mercado. Moll lembrou que o setor imobiliário, por exemplo, oferece em momentos de crise as melhores oportunidades para os empreendedores. “Sempre temos que olhar para estas oportunidades”.

Walfrido dos Mares Guia, enfatizando ser conhecido por todos os seus amigos, como um verdadeiro otimista, reforçou que procura sempre “racionalizar o seu otimismo”. O principal, segundo o empresário, é o novo governo Temer melhorar somente no que for possível, pois não há, em apenas dois anos, tempo necessário para fazer as reformas trabalhistas e previdenciárias. Já a [reforma] tributária, ele acredita que ” é possível fazer alguma coisa mesmo neste curto período”.

Já Randal Luiz Zanetti diz que a situação chegou realmente ao que se chama “fundo do poço”. Mas afirma que existe uma expectativa de retomada, uma tendência de melhora. “O mundo está desesperado para que o Brasil dê certo. Torce para que dê certo. O investidor está na ´boca da fronteira´esperando permanentemente qualquer notícia boa para trazer recursos e investimentos. É um dos poucos países do mundo que ainda tem potencial de crescimento real e importante”.

O executivo disse ainda, que o setor da saúde possui um potencial fantástico, em áreas que apresentam uma caracteristica disruptiva muito elevada, onde a inovação está sempre presente, citando áreas como a biotecnologia. A ressalva, porém, é a necessidade de maior eficiência, em diminuir “os custos que são repassados aos pagadores”, sejam eles governo, empresas ou usuários diretos. O envelhecimento da população, com as pessoas vivendo mais, tem um preço que precisa ser considerado, conforme Randal Luiz Zanetti.

Por fim, Alexandre Accioly concordou que o novo governo precisa de apoio, mas alertou para o perigo da perda da credibilidade inicial do governo transitório, podendo o cenário piorar ainda mais. Inclusive com a volta da presidente afastada, já que haverá nova votação no Senado em até 180 dias. “Bastam dois senadores trocarem de lado”, resumiu.

O público do evento foi composto por lideranças da saúde de todo o Brasil, entre eles o presidente da CNS, Dr. Tércio Kasten, e os vice-presidentes Dr. Breno Monteiro e Dr. Yussif Ali Mere Jr; além do presidente da ANS, Dr. José Carlos Abrahão e o diretor presidente da Anahp, Francisco Balestrin.

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Jorge Moll e Walfrido dos Mares Guia

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Randal Luiz Zanetti e Alexandre Accioly

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Lideranças presentes ao evento

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Público composto por executivos do setor da saúde

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