Mundo | 14 de março de 2013

E se uma nova epidemia surgisse?

Jornal francês relaciona situações que podem gerar uma doença altamente letal
E se uma nova epidemia surgisse

Mesmo com o desenvolvimento da ciência e os avanços da medicina, as epidemias que vitimam milhares ou até milhões de pessoas, sempre foram e continuam sendo parte da realidade da espécie humana. Sarampo e malária, por exemplo, já possuem medicamentos , mas seguem matando milhões de crianças a cada ano. Da França, que no século XIV perdeu 25% da sua população devido à peste, vem um recente estudo – publicado pelo jornal Le Figaro – que projeta a possibilidade de uma nova onda de mortes por epidemias.

Os esforços para combater doenças foram bem sucedidos ao longo do século XX. Contudo, justamente esse sucesso fez com que a preocupação deixasse de ser prioridade, o que inverteu o quadro e, aos poucos, novos vírus como HIV, Ebola e H1N1, ou até mesmo antigos como tuberculose, voltaram a trazer temor. Para piorar, muitas bactérias são, hoje, cada vez mais resistentes aos medicamentos.

Em 2008, Kate E. Jones, do Institute of Zoology e da Zoological Society of London, publicou uma pesquisa na revista Nature mostrando que surgiram 84 novos agentes patogênicos no mundo, sendo 11 vírus diretos de DNA, nove intermediários de DNA (como HIV e hepatite B) e 64 vírus de RNA.

A mudança no comportamento humano está diretamente ligado (82%) às novas viroses. Destes, o primeiro fator é a utilização do território (desmatamento, urbanização), responsável por um quarto dos casos, seguido da alimentação industrial (13%), viagens (11%), indústria da saúde (10%) e a queda na imunidade humana (10%).

Os vírus de RNA possuem uma capacidade genética heterogênea, sendo capaz de serem transmitidos entre diferentes espécies e, como hospedeiro, conseguem se adaptar e aumentar sua vitalidade. Cerca de 61% das patologias humanas são zoonóticas e quase 72% estão relacionadas à vida selvagem.

Sendo assim, a chance do século XXI ver surgir uma epidemia é plausível. A hipótese mais temível seria um vírus de RNA, zoonótico, com grande capacidade de adaptação e de transmissão respiratória. A origem dessa doença mortífera seria um país em que existisse uma grande área modificada (desmatada) e que, posteriormente, fosse transformada em uma megalópole. O cenário, embora pareça apocalíptico, se assemelha a diversas regiões de todos os continentes, inclusive muitas cidades brasileiras. Mais do que nunca, o antigo ditado “é melhor prevenir do que remediar” deveria se tornar uma prioridade.

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