Mundo | 12 de janeiro de 2016

Descobertas células que ativam a resposta ao câncer

Cientistas analisam se essa presença pode prever a eficácia do tratamento
Descobertas células que ativam a resposta ao câncer

Cientistas do Centro de Investigação Médica Aplicada (CIMA) da Universidade de Navarra (foto) e do Centro Nacional de Investigação Cardiovascular Carlos III (CNIC), ambos da Espanha, acreditam ter descoberto um mecanismo que desencadeia a resposta imune contra o câncer. As informações são do portal La Vanguardia.

Trata-se de um subconjunto de células dendríticas (célula imune cuja principal função é capturar e transportar os antígenos para a drenagem nos linfonodos) capazes de captar antígenos de células tumorais e apresentá-los para ativar a resposta imunitária do corpo basal, que, embora seja muito fraco para acabar sozinho com um tumor, é suficiente para alcançar um efeito multiplicador quando é administrado um tratamento de imunoterapia antitumoral.

O funcionamento destas células foi descoberto e analisado em ratos. Os investigadores comprovaram que, em animais, sem essas células dendríticas, o efeito terapêutico da imunoterapia desaparece, ao passo que se o número dessas células e o grau de ativação são aumentados, os resultados alcançados com imunomoduladores são poderosos.

“O que temos visto é que, para que as ferramentas da imunoterapia antitumoral com base na liberação do freio das células imunes ou em acelerá-las – que estão dando bons resultados em alguns pacientes com certos tipos de câncer – é necessário que o motor do sistema imunológico esteja inicializado, e descobrimos que existem células apresentadoras de antígenos (ou APC – parte do sistema imune inato capaz de realizar fagocitose de microorganismos patógenos presentes no hospedeiro, digeri-los em peptídeos e de apresentar esses peptídeos na superfície externa de sua membrana, através de um complexo proteico denominado Complexo principal de histocompatibilidade, ou MHC) que são necessárias para que haja resposta imunitária basal, o que logo se amplifica com os tratamentos, explica Ignacio Melero, pesquisador do CIMA e co-autor do estudo publicado na revista Cancer Discovery.

O investigador garante que estas células dendríticas parecem importantes e manipuláveis para tratamentos de imunoterapia, mas revela cautela sobre se os mesmos resultados (obtidos com ratos) serão alcançados em pacientes com câncer. Sua previsão é de que em dois anos, os primeiros testes clínicos comecem, dentro do projeto europeu Procrop, que está isolando e diferenciando o que chamam de “células dendríticas profissionais de apresentação cruzada”. A ideia é combiná-las com tratamentos de imunoterapia que já se oferece em alguns laboratórios que participam no projeto e utilizar uma injeção intratumoral e estratégias de vacinação em clínicas.

“Vimos que o número destas células aumenta quando se utiliza um fator de crescimento chamado FLT-3L, e através deste agente poderíamos aumentar o seu número em pacientes que estão recebendo imunoterapia com anticorpos anti-PD-1 ou anti-CD137 (dois dos tratamentos com imunomoduladores mais relevantes atualmente) para aumentar a eficácia de tratamento combinado”, considera Melero.

Paralelamente, e em colaboração com outros pesquisadores de câncer líderes como Antoni Ribas, da Universidade da Califórnia (EUA), o especialista do CIMA analisa se a presença ou ausência deste subgrupo de células em tumores pode ter um efeito preditivo na eficácia dos tratamentos de imunoterapia.

Melero afirma que as células identificadas como mecanismos de arranque da resposta antitumoral se caracterizam por terem antígenos de segunda mão – que usam outras células infectadas ou mortas por vírus – e tensões que têm desempenhado um papel importante na evolução “porque processam os restos mortais destas células, aprendem que morreram devido a um vírus e tomam antígenos relevantes para esse vírus” para apresentá-las e ativá-las no sistema imunológico, explica Ignacio Melero. Portanto, elas são capazes de assumir antígenos de células tumorais e usá-las para ativar e manter a resposta imune.

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