O medicamento Depakine (Depakene, no Brasil), voltado para o tratamento de epilepsia, é conhecido na França por ser responsável por má-formação de fetos quando administrado durante a gravidez. Desde o início de 2016, as farmácias franceses não têm mais o direito de vender a droga, apenas com a receita de um médico especialista (no Brasil, não há essa restrição). Porém, a medida não tem surtido efeito, segundo reportagem do jornal Le Figaro.

Na frança, o antiepilético deve ser prescrito por um especialista (como um neurologista). Outra determinação, é que o farmacêutico deve solicitar à paciente que leia o “formulário de cuidados”, escrito pela Agência Europeia de Medicamentos. O material avisa que “as pacientes que tenham idade suficiente para engravidar sejam plenamente informadas e entendam os riscos de problemas com o bebê, como desordens no desenvolvimento neurológico”.

Muitos farmacêuticos franceses, no entanto, não cumprem esta dupla exigência. Segundo levantamento do Le Figaro, duas farmácias na região de Val-d’Oise forneceram o Depakine a uma mulher que apresentou a prescrição de seu médico generalista. O farmacêutico não perguntou nada sobre o protocolo e entregou o remédio. A mulher, que participou da reportagem, lembrou o profissional das novas regras, e ouviu como resposta um simples “sim, mas você já está acostumada”.

Em maio de 2015, a Agência Francesa de Medicamentos enviou o protocolo a ser seguido para os médicos. A categoria já vinha sendo informada das novas regras de prescrição desde dezembro de 2014. Para Isabelle Adenot, presidente do Conselho do Colégio de Farmacêuticos, “o Depakine é uma questão explosiva, quase igual ao talidomida”, diz ela, lembrando do medicamento anti-náusea administrado a mulheres grávidas nos anos 1950 e responsável por malformações congênitas.