Estatísticas e Análises | 1 de junho de 2021

CoronaVac: sintomas, hospitalizações e mortes por Covid despencam com vacinação em massa em cidade de SP

Casos sintomáticos caíram em 80%, hospitalizações em 86% e mortes em 95% em toda população
CoronaVac sintomas, hospitalizações e mortes por covid despencam com vacinação em massa em cidade de SP

Resultados do Projeto S, estudo clínico de efetividade da vacina CoronaVac realizado em Serrana, interior de São Paulo, mostram que casos sintomáticos de Covid-19 caíram em 80%, hospitalizações, em 86% e mortes, em 95% em toda população da cidade após a aplicação da segunda dose da vacina CoronaVac. As informações são do Jornal USP e do Governo de SP.

No período do estudo, 27.160 pessoas tomaram as duas doses da vacina, número que representa 95,7% de toda a população adulta serranense, sendo que das 27.722 pessoas que tomaram a primeira dose da vacina, 97,9% tomaram a segunda. A efetividade da vacina foi acompanhada de poucos relatos de efeitos adversos na população adulta vacinada, bem como da proteção indireta de crianças e adultos não vacinados. Destaca-se também a redução de hospitalizações e mortes nos grupos acima dos 70 e dos 80 anos.

A vacinação foi realizada por escalonamento em conglomerados, ou seja, a cidade foi dividida em 25 áreas, formando quatro grupos (verde, amarelo, cinza e azul). A ordem de vacinação seguiu do grupo verde ao azul, com um intervalo de uma semana de um grupo ao outro. Foram oito semanas de vacinação, entre 14 de fevereiro e 10 de abril.

CoronaVac

As duas doses da CoronaVac foram aplicadas com um intervalo de 28 dias entre a primeira e a segunda dose.

Segundo Marcos de Carvalho Borges, professor da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (FMRP) da USP e diretor do Hospital Estadual de Serrana, que coordena o estudo na cidade, a vacina começa a ter um efeito protetor significativo a partir da segunda semana após a aplicação da segunda dose, o que reforça a necessidade de completar o processo de vacinação ao tomar as duas doses e manter as medidas de proteção individual.

Em entrevista à Rádio USP, o pesquisador aponta que os efeitos indiretos da vacinação aconteceram quando foram vacinados pelo menos 75% da população-alvo, o que corresponde a aproximadamente 46% da população geral de Serrana. “Do ponto de vista das políticas públicas, isso mostra que provavelmente só iremos conseguir controlar a pandemia quando atingirmos níveis similares de vacinação nas outras cidades”, complementa.

Além do censo populacional, foi realizada uma avaliação imunológica prévia e verificou-se que 25,7% da população serranense teve contato com o vírus Sars-Cov-2 antes da vacinação.

Durante o período de vacinação, houve 67 eventos adversos graves, não relacionados à vacinação, e 0,02% eventos adversos graves após a primeira dose. Após a segunda dose, houve o relato de 0,2% de eventos adversos não graves.

Segura, eficaz, eficiente e de altíssima qualidade

“A vacina do Butantan é segura, eficaz, eficiente, de altíssima qualidade e contribui para prevenir o desenvolvimento da doença, complicações e óbitos entre os infectados. Agora também sabemos que ela provoca efeito benéfico em uma população inteira, protegendo tanto os vacinados quanto os não vacinados e reduzindo a circulação viral de forma expressiva”, afirmou Dimas Covas, Diretor do Butantan, em evento de apresentação dos resultados realizado pelo Governo Estadual de São Paulo.

Metodologia da pesquisa

O método usado no ensaio clínico é chamado de implementação escalonada por conglomerados (stepped-wedge trial, na denominação em inglês). A cidade foi dividida em 25 subáreas, formando quatro grandes grupos populacionais que receberam o imunizante em semanas sucessivas. A vacina foi oferecida a todos os maiores de 18 anos elegíveis para o estudo em quatro etapas e datas distintas.

O estudo também concluiu que moradores dos dois últimos grupos foram beneficiados com redução na transmissão do vírus gerada pela imunização das pessoas vacinadas nas primeiras regiões. O diretor médico de pesquisa clínica do Instituto Butantan, Ricardo Palacios, disse que o escalonamento sequencial permitiu avaliar e comparar as quatro áreas vacinadas.

“Percebemos que os fenômenos observados não acontecem aleatoriamente, mas se repetem nos quatro grupos em momentos diferentes”, explicou. “O resultado mais importante foi entender que podemos controlar a pandemia mesmo sem vacinar toda a população. Quando atingida a cobertura de 70% a 75%, a queda na incidência foi percebida até no grupo que ainda não tinha completado o esquema vacinal.”

Segundo Palacios, a pesquisa confirmou também o efeito indireto da vacinação, já que foi possível comprovar a proteção de populações não imunizadas, como crianças e adolescentes. “A redução de casos em pessoas que não receberam a vacina indica a queda da circulação do vírus. Isso reforça a vacinação como uma medida de saúde pública, e não somente individual.”

Serrana

Conforme o Governo de SP, Serrana foi escolhida porque apresentava alto índice de prevalência de infecções por Covid-19, além de estar perto de um centro universitário e ter um hospital regional. O objetivo do Butantan foi estudar o impacto epidemiológico da vacinação no conjunto da população adulta, sob o ponto de vista de contenção da pandemia.

“As importantes conclusões do estudo poderão embasar as estratégias de imunização no Brasil e no mundo, e oferecem uma esperança do controle da pandemia com vacinas como Coronavac, que foi desenvolvida numa parceria entre a farmacêutica chinesa Sinovac e o Butantan”, afirmou Dimas Covas.

Para o Diretor do Butantan, o estudo de fase 4 comprovou a eficiência da vacina como estratégia de saúde coletiva. Os ensaios clínicos de fase 3, feitos entre julho e dezembro de 2020, já haviam assegurado a eficácia do imunizante, com índices que variaram de 50,7% a 62,3% para casos sintomáticos e de 83,7% a 100% para ocorrências com exigência de assistência médica.

Intervalos de confiança dos índices de redução da pandemia

Casos sintomáticos

Queda de 80% (IC95 76,9% – 82,7%)


Internações

Queda de 86% (IC95 74,1% – 92,3%)


Mortes

Queda de 95% (IC95 62,7% – 99,3%)

Acesse o detalhamento do estudo aqui. 

OMS aprova inclusão da CoronaVac para uso emergencial

Nesta terça-feira (1), a Organização Mundial da Saúde (OMS) aprovou a CoronaVac para uso emergencial. O sinal verde da OMS possibilita que a vacina seja incluída no esquema Covax, o programa de fornecimento de vacinas com foco para a distribuição para países pobres no mundo.

Conforme a OMS, a CoronaVac atende aos padrões internacionais de segurança, eficácia e de fabricação. Além disto, a entidade salientou os benefícios em relação ao fácil armazenamento – refrigeração entre 2ºC a 8ºC -, o que é extremamente vantajoso para casos em que há falta de recursos financeiros e logísticos.

Com informações Jornal USP (Bruna Irala), Portal do Governo de SP e OMS. Edição SS.

 



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