Geral | 20 de março de 2013

Conferência na Flórida debateu tratamento do câncer

Instituto do Câncer do HMD participou do evento
Conferência na Flórida visou aperfeiçoar tratamento do câncer

Na última semana, entre os dias 14 e 17, grandes referências mundiais da oncologia se reuniram na 18ª Conferência Avançada para Cuidados com o Câncer, em Hollywood, Flórida (EUA). Convidado como um dos representantes do Brasil e da América do Sul, o Dr. Stephen Stefani, do Instituto do Câncer Mãe de Deus e coordenador do Comitê Latino Americano de Formadores de Políticas de Saúde da Sociedade Internacional de Farmacoeconomia e Estudos de Desfecho (ISPOR), esteve presente e trouxe as últimas tendências em pesquisas e tratamentos.

Todo ano, mais de 1700 pessoas de todos os continentes se encontram para falar dos modelos de diretrizes e do fluxograma de medidas a serem adotadas em relação aos diferentes tipos de câncer. “Um dado interessante mostra que, para tratar um câncer, o médico tem mais de 50 mil decisões a tomar. Umas são fáceis, como pedir ou não um hemograma, outras mais difíceis, como não usar um determinado quimioterápico. Por isso o grupo existe. Nada tira a importância do bom senso profissional, porém a conferência e as diretrizes servem para orientar o fluxo de tomada de decisões”, explicou o Dr. Stefani em entrevista para o portal Setor Saúde.

“É preciso adaptar às realidades. No Brasil, quase 80% da população não tem plano de saúde, e no protocolo de tratamento pode-se exigir a internação. O grupo que criou a medida deve ter em mente este contexto”, comentou. Dados da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS), de setembro de 2012, revelam que 48,6 milhões de brasileiros são beneficiários de planos de saúde.

Sobre sua participação na conferência, Stephen Stefani afirmou que foi “ trazer a discussão para a realidade dos nossos pacientes. É muito diferente, pelo perfil hereditário, pelo painel genético e pelas questões regulatórias. Há a questão do comportamento dos pacientes, que é diferente do europeu ou do asiático”, ponderou.

“Alguns lugares do mundo sofrem com a falta de remédios. Por serem muito baratos, vemos desinteresse dos fabricantes em mantê-los à venda. Então, temos que pensar no plano B. Na falta do medicamento, qual é a estrategia pertinente?”, questionou.

De acordo com o oncologista, a medicina no Brasil tem capacidade para oferecer um bom tratamento, mas ainda há muito que evoluir. “O sistema privado é tão bom ou superior a muitos países, já o sistema público tem grandes problemas, como os relativos ao fluxo de pacientes e ao acesso a medicamentos mais sofisticados. Quem tem acesso a hospital privado tem atendimento tão bom como em qualquer lugar do mundo”.

Para resolver a questão da saúde pública, o debate precisa entrar em dilemas políticos. “Precisamos de um debate grande sobre gestão. Sabemos de hospitais que são construídos e ficam vazios, ou o gasto com ambulância novas que ficam emperradas no estacionamento. Além da falta de recursos para a saúde, que ainda é muito pouco”, concluiu.

Dr. Stephen Stefani esteve presente em conferência da National Comprehensive Cancer Network realizado nos EUA

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