Gestão e Qualidade | 27 de agosto de 2020

Como vem sendo a retomada de procedimentos eletivos nos hospitais do RS

Instituições consultadas relatam que a volta da produção vem sendo lenta, mas com sinais de crescimento
Como vem sendo a retomada de procedimentos eletivos nos hospitais do RS

Desde março, com os primeiros casos registrados de Covid-19 no Rio Grande do Sul, os hospitais precisaram se adaptar à pandemia. Houve impacto em cirurgias eletivas, por vários motivos, dentre eles: determinação governamental;  receio de pacientes irem a hospitais durante a pandemia; priorização das instituições para alocar o crescente número de pacientes com Covid nos leitos; e a necessidade de diminuição de circulação interna durante a pandemia, para diminuir o risco de contaminação entre os profissionais e pacientes.

Na última semana de abril, atendendo demanda apresentada pela Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do RS (FEHOSUL) e pela Federação das Santas Casas, a Secretaria de Saúde do Estado do RS (SES/RS) autorizou, em portaria, a flexibilização de procedimentos eletivos em instituições públicas e privadas.

A redução do número de procedimentos eletivos foi observada em todas as instituições. Algumas, já retomaram há mais tempo os procedimentos. Outras, ainda estabelecem restrições mais rigorosas.

Em Porto Alegre, que recebe muitos pacientes do interior e região metropolitana, a ocupação de leitos tem se mantido estável há duas semanas – hoje (27/08), está em 302 internados com a Covid-19 em UTIs e ocupação total de 83,78% (dados consultados às 20h30). Aos poucos, alguns hospitais têm retomado, de forma lenta e gradual, os procedimentos. O Setor Saúde entrou em contato com os hospitais da Capital e do interior para saber como vem sendo este processo e as ações adotadas para este momento.

Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre

“Tivemos uma redução significativa, principalmente em abril, em cirurgias SUS e não SUS, e isso se estendeu nos meses seguintes. Em junho, tivemos uma leve recuperação. Em julho, restringimos novamente, principalmente pelos riscos de contaminação e falta de medicamentos. Em agosto, até o momento, temos uma produção de aproximadamente 60% de procedimentos comparados com o mesmo mês no ano anterior. Até o final do mês, devemos chegar em até 70%.

Em relação aos procedimentos, solicitamos à equipe médica uma ponderação, evitando os procedimentos que pudessem ser adiados. Aos poucos, os procedimentos estão sendo retomados, mas muito lentamente. Em relação ao SUS, conseguimos uma produção de atendimentos oncológicos com número bem significativo para a instituição.

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Estamos longe da produção usual, tanto pelos pacientes, que estão com receio de vir, como dos cirurgiões, que têm receio de reiniciar algumas cirurgias, e da instituição, que solicita ponderação, para o que puder ser adiado sem risco. Mas, de forma alguma, sem causar desassistência para quem precisar ser atendido, pois, se o cirurgião considera que é necessário que se faça o procedimento, fazemos, com todo um planejamento de segurança executado pela instituição. Estamos ensaiando uma retomada, esperando que os números [de internações por Covid-19] estabilizem e, se isso persistir, a retomada deve ser mais significativa.

Esperávamos uma produção ainda maior em 2020 [antes da pandemia]. Pelo que esperávamos, a instituição não deve ter produzido nem 30% em abril, que foi o mês mais crítico”, afirma o coordenador do segmento cirúrgico da Santa Casa, Fernando Bourscheit.

Hospital Nossa Senhora da Conceição (Grupo Hospitalar Conceição)

“Começamos, há aproximadamente 10 dias, a aumentar o número de salas do Bloco Cirúrgico que estão há disposição. Estávamos com 25% das salas disponíveis, agora estamos com 50%. Até agora, realizamos 370 cirurgias eletivas [em agosto], e estimamos atingir 43,5% a mais de procedimentos em relação ao mês passado, em que operamos 271 cirurgias. Em relação ao ano passado, há uma diferença muito significativa: em agosto de 2019, operamos 1.144 cirurgias eletivas. Estamos atingindo um pouco mais de um terço em relação ao mesmo período do ano passado”, afirma o diretor-técnico do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Francisco Paz, em relação aos números do Hospital Nossa Senhora da Conceição.

Paz estima que, durante o mês de setembro, o número de cirurgias possa ir aumentando gradativamente e que, até o final do mês de setembro, o Hospital Conceição possa estar com produção similar aos números do ano passado.

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Números de cirurgias eletivas realizadas pelo Hospital Conceição nos últimos meses:

– março (825),

– abril (333)

– maio (435)

– junho (588)

– julho (271)

– agosto (370 – até 27 de agosto)

“No mês de julho, reduzimos nossos procedimentos e consultas ambulatoriais e reduzimos mais ainda as nossas cirurgias eletivas. Deveremos voltar, nos próximos 30 a 60 dias, à nossa meta que gira em torno de 1.050 cirurgias ao mês”, completa o diretor-técnico.

A retomada das cirurgias eletivas está sendo gradual, como explica o coordenador do Centre Cirúrgico do Hospital Nossa Senhora da Conceição, Rafael Mossmann. “Estamos seguindo a orientação do Colégio Americano de Cirurgiões no planejamento desta retomada dos trabalhos. Monitoramos atentamente os números da pandemia no Brasil e no Estado do Rio Grande do Sul. A evolução da reabertura ocorre gradualmente, acompanhando a curva da pandemia”, ressalta.

Hospital Divina Providência

“O Hospital Divina Providência apresenta uma recuperação gradual dos procedimentos eletivos em virtude do estabelecimento de fluxos e processos “Covid free”. Ainda assim, observa-se uma redução de até 30% do volume habitual de cirurgias e procedimentos eletivos”, afirma o diretor-técnico do Hospital Divina Providência, Wllian Dalprá.

Divina_Providecia

Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA)

“Respeitando o cenário em que está inserido, reavaliando permanentemente suas práticas, o Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA) nunca suspendeu os procedimentos cirúrgicos eletivos. Houve uma redução, adequando-se ao nível de contingência institucional relativo à Covid. Comparando dados consolidados do período entre abril e julho de 2019 com os de 2020, foi possível manter 48% dos procedimentos no Bloco Cirúrgico (BC) em geral.

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Considerando apenas os procedimentos eletivos essenciais, como os oncológicos, este índice chegou a quase 70% e está prevista a abertura de mais uma sala no BC para este fim na próxima semana.

A ampliação das consultas ambulatoriais presenciais está sendo discutida com a Secretaria Municipal da Saúde de Porto Alegre, especialmente para primeiras consultas junto a Oncologia. Para quem já é paciente do HCPA, diversos setores implantaram teleconsultas para garantir o acompanhamento dos casos”.

Hospital São Lucas da PUC-RS

“No Hospital São Lucas da PUC-RS, as cirurgias eletivas foram suspensas no dia 20 de março. Atualmente, o Hospital está realizando procedimentos oncológicos de pequeno, médio e grande porte, cirurgias neurológicas e cardíacas e cirurgias de urgências e emergências”.

O São Lucas disponibilizou um gráfico comparativo do número de procedimentos eletivos realizados (2019 x 2020)

2019 2020
Janeiro 1244 1249
Fevereiro 1063 1023
Março 1090 886
Abril 1275 520
Maio 1271 749
Junho 1223 794
Julho 1443 510
TOTAL 10.628 7751

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Hospital Moinhos de Vento

“O Hospital Moinhos de Vento informa que, neste momento, está com praticamente 100% de ocupação do Centro de Terapia Intensiva (CTI). Entretanto, como essa ocupação é transitória, com vagas liberadas pelas altas, a instituição sempre busca soluções de adaptação de leitos para atender pacientes que necessitem de Terapia Intensiva. Para isso, há disponibilidade de equipamentos e equipes qualificadas.

O Hospital também já restringiu os procedimentos eletivos, de acordo com as regras impostas pelo Governo do Estado e pela Prefeitura de Porto Alegre, e segue critérios médicos conforme a situação e gravidade de cada caso. Todas as cirurgias aprovadas seguem protocolos rigorosos de segurança e fluxos bem estabelecidos.

A instituição reforça que a situação é preocupante, reiterando que todos façam a sua parte, com consciência em relação às práticas sanitárias e de isolamento”.  

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Hospital Ernesto Dornelles

“De forma gradual, as cirurgias eletivas que foram adiadas no início da pandemia estão sendo retomadas. O Hospital Ernesto Dornelles (HED) adotou medidas de segurança para os pacientes, colaboradores e médicos, dentre elas podemos destacar:

1- Destinou áreas específicas para o atendimento de pacientes, suspeitos ou confirmados, com coronavírus.  Evitando a contaminação cruzada com as outras áreas do hospital;

2- O Centro Cirúrgico dispões de 8 (oito salas) exclusivas e separadas para o atendimento de pacientes que não estejam com o coronavírus;

3-  Todos os seus colaboradores têm a sua disposição e foram treinados para o uso de Equipamentos de Proteção Individual;

4- As salas de espera do Centro Cirúrgico, foram preparadas para atender com toda a segurança os pacientes e seus familiares: disponibilizando álcool gel, distanciamento entre as poltronas, uso de máscaras, medidores de temperatura e uma equipe preparada para orientar as pessoas que procuram o nosso hospital;

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5- A sala de recuperação pós-anestésica também está adequada as normas de segurança do paciente;

6- Possuímos duas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), sendo que uma delas é reservada unicamente para pacientes não covid;

7- As unidades de internação têm uma equipe assistencial treinada e preparada para dar conforto e segurança aos pacientes;

Atualmente, estamos atendendo 40% do nosso volume cirúrgico e desejamos atingir o mais rápido possível a nossa normalidade, podendo assim, atender toda a demanda reprimida das outras especialidades clínicas e cirúrgicas que ficaram reprimidas devido a pandemia”.

O HED aponta que as consultas podem ser agendadas com facilidade, salientando que o ambulatório teve todos os seus processos reformulados para este novo momento. A instituição ressalta que prioriza a qualidade e vem redobrando a segurança em todas as áreas da instituição.

Hospital Mãe de Deus

As cirurgias no Hospital Mãe de Deus (HMD) foram mantidas, ficando a critério do corpo médico e pacientes decidirem o adiamento ou não dos procedimentos eletivos. Atualmente, o Hospital está com média de 1.800 cirurgias por mês, número considerado positivo pela instituição, ainda que abaixo da média de 2.800 procedimentos realizados nos meses anteriores à pandemia. 

“O Hospital Mãe de Deus reforça que mantém processos assistenciais seguros e adotou medidas de separação de fluxos desde o início da pandemia, colocando-se à disposição dos médicos e pacientes, que são quem define o melhor momento dos procedimentos.

Um dos principais diferenciais foi a criação de um comitê composto por cirurgiões de diferentes especialidades do Corpo Clínico do HMD, que auxiliam nas decisões a respeito de mantermos um serviço preparado e seguro para os pacientes.
Como primeira e mais importante estratégia, o Mãe de Deus recomenda que a consulta pré-anestésica seja realizada pelo médico anestesiologista através de ferramentas à distância. A instituição solicita que todos os pacientes com procedimentos agendados tenham esta consulta realizada”.

A instituição destaca que a Unidade Carlos Gomes do Mãe de Deus, localizada na Av. Soledade, 569, é uma importante opção para os pacientes realizarem seus procedimentos cirúrgicos.

 

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Hospital Tacchini (Bento Gonçalves)

“À medida em que ocorre uma redução da ocupação hospitalar com casos de pacientes confirmados ou suspeitos por SARS-COV 2, estamos conseguindo aumentar a nossa capacidade de atender os pacientes em nossas unidades hospitalares. O centro cirúrgico é uma dessas unidades de atendimento, nunca paramos a produção de cirurgias, especialmente as de urgência e emergência. E temos a expectativa de conseguir aumentar progressivamente nossa capacidade de atendimento. A comunidade é crucial na manutenção dos cuidados relacionados a contenção da evolução da pandemia. Ainda entendemos como importante manter o isolamento social, higienização das mãos e uso de máscaras”, afirma a diretora-técnica do Tacchini Sistema de Saúde, Roberta Pozza.

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Hospital Virvi Ramos (Caxias do Sul)

“Houve uma queda considerável, que se deve a dois fatores: não autorização por parte dos convênios, ou receio dos pacientes em função da pandemia. Até o início da pandemia, realizávamos cerca de 500 procedimentos por mês. Agora, são cerca de 260, o que significa queda de quase 50%. Em virtude disso, houve cortes e realocação de funcionários do setor”. 

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Hospital de Caridade Dr Astrogildo de Azevedo (Santa Maria)

“No Hospital de Caridade Dr Astrogildo de Azevedo, as cirurgias estão sendo retomadas de forma lenta. Muitas pessoas ainda estão com medo e conta muito a opinião do médico assistente do paciente e principalmente a urgência da cirurgia. Como exemplo, cito o mês de julho deste ano em relação ao mesmo mês do ano passado, onde realizamos somente 37% do total das cirurgias realizadas naquele mês”, afirma a diretora executiva do Astrogildo de Azevedo, Angela Perin.

HCAA

Hospital de Caridade de Erechim

“A média, comparada com o mesmo período do ano passado – janeiro a julho – indica uma redução de 11% dos procedimentos. O pior mês foi abril, com redução de 24%”, afirma o superintendente-geral da instituição localizada em Erechim, Claudiomiro Carus.

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