Gestão e Qualidade | 6 de setembro de 2017

Como médicos podem encontrar alternativas para enfrentar o Burnout 

Síndrome é causada por esgotamento mental e físico e tem caráter depressivo
Como médicos podem encontrar alternativas para enfrentar o Burnout 

Para os hospitais e demais centros de saúde, a produtividade pode baixar consideravelmente por causa do stress. Cada vez mais, ações devem ser incentivadas para diminuir o problema, que atinge todos os profissionais da saúde, mas principalmente médicos que trabalham em jornadas longas (plantões) e precisam tomar seguidas decisões cruciais e sensíveis que impactam no atendimento prestado.

Durante Reunião Anual da American Medical Association (AMA) de 2017, em Chicago, Thomas Cox e Philip Cass, ambos doutores em psicologia, enfatizaram a importância do gerenciamento do estresse e até mesmo a prática de meditação para ajudar a combater o desgaste emocional. Cox é diretor de educação e desenvolvimento de pesquisa na Baylor Scott & White Health System North, do campus de Dallas. Cass era CEO da Associação Médica de Columbus (Ohio), nos EUA.

O estresse – ou burnout – é visto como prejudicial, podendo sua origem ser oriunda da prática profissional. Para os médicos, porém, o cotidiano da profissão pode produzir estresse crônico. Sem uma gestão adequada – não somente os médicos, mas outros profissionais da saúde – podem sentir os efeitos do burnout mesmo no início de suas carreiras. A síndrome pode ser classificada como um esgotamento mental e físico com caráter depressivo.

Não evite o estresse, administre-o

O cronograma diário de um médico é extremamente desafiador. “Cerca de 75% dos médicos sofrem de estresse extremo pelo menos uma vez ao dia, em média, além de ficarem estressados 35% do tempo”, explicou Cox.

Muitos profissionais buscam a perfeição, que é um precursor do burnout. Quando esse estresse permanece no “futuro”, os médicos não conseguem resolver o problema. Em vez disso, a ameaça está em sua mente ao invés de imediatamente no presente. Isso cria um estresse crônico porque não há como tomar medidas imediatas. Algo como “sofrer por antecipação”. Contra isto, especialistas sugerem que os profissionais anotem os momentos de maior estresse, e trabalhem para identificar as causas e as soluções possíveis.

Cox sugere gerenciar o estresse realizando algumas ações rotineiramente:

Dormir bem 

Comer refeições equilibradas

Realizar atividade física

Socializar

Tirar férias ou alguns dias de folga

Se envolver em atividades espirituais

Ter um médico de atenção primária para conversar sobre o assunto

O burnout geralmente começa com muitos estudantes de medicina sofrendo antes mesmo de começarem a tratar pacientes, sem aprenderem o controle do estresse. Em vez disso, os estudantes de medicina encontram outras maneiras de evitar o estresse, como beber para esquecer a pressão e dormir demais ou de menos.

Mestre em esconder as emoções

Cox conta que classifica os médicos como mestres do disfarce por causa da necessidade de esconder suas emoções. “Eles também necessitam lidar e se adaptar com o estresse das características do trabalho e não transferir suas emoções para seus pacientes ou família”, explica.

Se um médico está sofrendo de burnout, as consequências podem prejudicar o atendimento ao paciente, incluindo diagnósticos errados, hostilidade no ambiente de trabalho e erros médicos. Os médicos insatisfeitos são ainda mais propensos a reduzir o horário de trabalho clínico, deixar a prática e aposentar-se antecipadamente.

Para combater o burnout, a Cox recomenda a criação de “uma cultura de bem-estar na esfera médica”:

Aprender sobre burnout

Implementar programas de redução do estresse

Incentivar uma abordagem baseada em trabalho de equipe para o atendimento ao paciente

Garantir uma carga de trabalho razoável

Incentivar um olhar mais individual para com o aluno entre os professores 

Se comprometer no treinamento de bem-estar incentivado por tutores

Permitir autonomia e agendar a flexibilidade para incentivar o equilíbrio entre o trabalho e a família

Um ritual diário

Expandindo o desgaste e o estresse do médico, Cass oferece uma alternativa: praticar a atenção plena ou mindfulness. Uma das iniciativas mais populares que ocorrem nas práticas médicas de hoje é a ideia de consciência plena, uma prática de 2.500 anos, de acordo com o psiquiatra.

Para introduzir a prática da atenção plena, ele instruiu os médicos a colocar suas mãos nas coxas e descansar, num estado de meditação. Os médicos foram instruídos a prestar atenção à sua respiração contando 10 respirações. Se um pensamento cruzasse suas mentes, Cass pedia aos médicos para simplesmente voltar a contar. Com uma sala cheia de médicos em repouso, ele explicou que executar essa rotina diariamente, ou mesmo várias vezes ao dia, pode ajudar a mudar a vida e os sentimentos, além de aumentar a produtividade.

Por fim, Cass destaca que a prática da atenção plena vem oferecendo os seguintes benefícios para os médicos:

Reduz o estresse

Regula a dor

Aumenta a memória de trabalho

Melhora o foco

Reduz a reatividade emocional

Aumenta a flexibilidade cognitiva

Aumenta a satisfação nos relacionamentos

mindfulness

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