Empregabilidade e Aperfeiçoamento, Gestão e Qualidade, Mundo | 30 de abril de 2015

Como hospitais podem garantir maior segurança em cirurgias realizadas nos finais de semana

Pesquisa indica caminhos para a qualificação dos serviços e diminuição de riscos
Como hospitais podem garantir maior segurança em cirurgias realizadas nos finais de semana

Estudos demonstram que os pacientes que se submetem a cirurgias nos finais de semana tendem a ficar um maior período de tempo internados e, podem ainda, apresentar maiores taxas de mortalidade e de reinternações.

Uma pesquisa britânica publicada no British Medical Journal em 2013 que analisou mais de 4 mil procedimentos, indicou, por exemplo, que o risco é mais baixo para cirurgias realizadas na segunda-feira e vai aumentando a cada dia, chegando ao máximo durante o fim de semana. O estudo aponta que as pessoas que fazem cirurgia na sexta-feira têm 44% de aumento das chances de morrer do que as pessoas que passam por procedimentos na segunda-feira. A pesquisa também indica que o risco de morrer é ainda mais alto se a cirurgia for feita durante o fim de semana, 82% maior do que na segunda-feira.

Porém um novo estudo identificou, pela primeira vez, cinco recursos que podem ajudar hospitais a ultrapassar o “efeito de fim de semana”. São eles: melhorar a relação enfermeiro-leito; adoção plena de registros médicos eletrônicos; reabilitação física em regime de internamento;  programa “saúde-domiciliar”; e um programa de controle da dor.

“Certos recursos hospitalares podem superar o efeito de fim de semana visto em procedimentos de urgência”, diz o médico e autor do estudo, Paul Kuo, da Loyola University Health System. A pesquisa foi apresentada em abril, durante o encontro American Surgical Association, em San Diego (EUA).

Várias razões têm sido propostas para explicar o efeito de fim de semana, incluindo equipes reduzidas e menos médicos e enfermeiros experientes que trabalham nos fins de semana.

A hipótese dos pesquisadores é de que o reforço nos recursos hospitalares antes, durante e após a cirurgia poderia superar o efeito de fim de semana. Eles testaram a hipótese em pacientes submetidos a três tipos de cirurgias urgentes que não poderiam ser adiadas até a semana: apendicite, cirurgias de hérnia e remoções de vesícula biliar.

Foram examinados os registros de 126.666 pacientes em 117 hospitais da Flórida em uma base de dados patrocinado pela U.S. Agency for Healthcare Research and Quality. Para determinar as características de cada hospital, os dados do paciente foram interligados ao banco de dados da American Hospital Association Annual Survey.

Dos 21 recursos hospitalares examinados, cinco foram apontados como fundamentais para ajudar a superar o efeito de fim de semana:

 1 – Hospitais com maiores índices de enfermeiro por leito tinham 1,44 vezes mais chances de superar o efeito de fim de semana. A pesquisa indicou que 17 hospitais que superaram o efeito fim de semana tinham uma média de enfermeiro-leito de 1,3, em comparação com 1,1 entre os 41 hospitais com um efeito de fim de semana que persistia.

2 – Hospitais com programas de saúde domiciliar tinham 2,37 vezes mais chances de superar o efeito de fim de semana. Nesses programas, os cuidadores especializados acompanham pacientes depois que eles recebem alta, prestam primeiros-socorros precocemente, administram medicamentos, etc

3 – Os hospitais que adotaram de forma completamente disseminada os registros médicos eletrônicos tiveram 4,74 vezes mais chances de superar o efeito de fim de semana.

4 – Hospitais com programas de reabilitação física de internação tiveram 1,03 vezes mais chances de superar o efeito de fim de semana. Tais programas identificam pacientes que necessitam de condicionamento físico adicional antes da alta e aqueles que precisarão de recursos extras em casa.

5 – Hospitais com programas de gestão de dor tiveram 1,48 vezes mais chances de superar o efeito de fim de semana.

Os pesquisadores planejam realizar um estudo de acompanhamento mais amplo, com hospitais de toda a Califórnia, que atendem uma grande e diversificada população. Bancos de dados, registros médicos eletrônicos e computadores mais potentes estão permitindo aos pesquisadores realizar estudos cada vez mais complexos. “Nós somos capazes de fazer e responder a uma ampla gama de questões que poderiam ajudar a melhorar significativamente a assistência ao paciente e reduzir custos”, afirma Dr. Kuo.

 

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