Como a Pipo Saúde ajuda as empresas a combater as ineficiências da saúde suplementar
Setor Saúde conversou com a CEO da corretora digital, Manoela Mitchell“Podemos ajudar as empresas a reduzirem seus custos sem demissões”. Em um momento de pandemia, é extremamente relevante a frase dita por Manoela Mitchell, CEO da startup Pipo Saúde, uma corretora digital que auxilia no processo de escolha de plano de saúde mais efetivo para cada empresa. Combatendo as ineficiências dos custos com a saúde suplementar, a startup atua com escolhas que visam reduzir gastos desnecessários e contratar planos adequados para cada situação.
Apesar de os planos de saúde representarem o segundo maior custo das empresas, apenas atrás da própria folha de pagamento, Mitchell observou um mal gerenciamento dessa área, e nesse contexto surgiu a oportunidade de atuação da startup, que oferece às empresas opções de otimização de custos. Em entrevista ao portal Setor Saúde, ela cita dois exemplos de ação da Pipo: um caso de redução em 55% dos custos com plano de saúde, e uma reversão de aumento anual, que estava previsto em 97%, para 16%. A startup é remunerada pelas operadoras, em que ganha uma comissão de 5%, descontada do pagamento feito pelas empresas.
A Pipo Saúde foi criada em 2019. Além da CEO, a startup também conta no time de fundadores com Thiago Torres, chefe de operações da empresa, e Vinicius Correa, responsável pela tecnologia. Para saber mais sobre a corretora digital, que já conta com 30 clientes, e sobre as visões da CEO, confira a entrevista.
Setor Saúde: Como a Pipo se diferencia no mercado da saúde? Quem são os clientes da Pipo? Podes nos apresentar um modelo prático do modelo de negócio?
Manoela Mitchell: Em poucas palavras, além de não custar nada, a Pipo Saúde otimiza a contratação e gestão de benefícios pelos RHs, indicando os melhores planos, reduzindo custos e oferecendo a melhor experiência às empresas, clientes e funcionários. Operamos como uma corretora de seguros. Nós não cobramos nada das empresas que são nossas clientes e monetizamos o negócio por meio do comissionamento das operadoras.
Podemos ajudar as empresas a reduzirem seus custos sem demissões. É importante frisar que é possível diminuir o gasto com saúde sem perder qualidade. Nas últimas semanas, os fundadores e líderes de empresas foram bombardeados por conteúdos sobre gestão de caixa, contenção de despesa e estratégia em meio ao coronavírus. Os gastos com planos de saúde já representam o segundo maior custo das companhias brasileiras que concedem esse benefício, só atrás da própria folha de pagamento.
A Pipo Saúde tem 30 clientes, entre eles estão Caelum, Olga RI, Casai, Funcional, Bu-go, Buser, Pier, Anjo Gabriel, entre outros.
Cito dois exemplos que ressaltam o que a Pipo Saúde tem feito pelo seus clientes.
No primeiro, conseguimos a redução de custos em 55%. O contexto: empresa com necessidade de reduzir custos significativamente, mas não queria abrir mão da qualidade do plano de saúde. A nossa solução: depois de entendermos o que realmente importava para a empresa, percebemos que os colaboradores eram de fora do eixo SP-RJ e mais de 60% da cobertura ficava fora dos dois estados. Encontramos uma outra operadora com uma melhor cobertura a nível nacional que também atendia às necessidades específicas de SP e RJ. O que Pipo Saúde entregou: plano de saúde equivalente aliado à redução de R$ 12m ao ano, ou 55% no custo anual.
No segundo exemplo, um reajuste no plano de saúde que seria de 97% e virou 16%. O problema: empresa sem visibilidade no reajuste de saúde, quando a conta para o ano seguinte chegou da operadora, apresentava 97% de aumento, com 30 dias para resposta. Nossa solução: depois de uma análise detalhada da sinistralidade, a Pipo entendeu que o pico havia sido causado por um evento extraordinário (uma UTI neonatal) que não era recorrente. Ao explicarmos o evento na negociação com operadoras, conseguimos segurar o aumento em 16% ano contra ano. O que a Pipo entregou: plano de saúde melhor aliado à redução do reajuste em 6x, ou R$ 318 mil ao ano (equivalente a 8 mensalidades).
Setor Saúde: Como é a gestão de carteira da Pipo? Como a gestão atua para evitar sinistralidade?
Manoela Mitchell: Sempre procuramos meios de nos diferenciarmos no mercado de benefícios e gerenciamento de recursos humanos. Dessa forma, temos alguns serviços primordiais como o foco no cliente com o qual buscamos recomendar o melhor produto, reduzindo gastos e melhorando a qualidade do plano. Ao mesmo tempo, cuidamos da pós-vendas, pois percebemos que é importante gerenciar as atividades do RH, desde a movimentação do faturamento até as dúvidas. Por fim, temos um time de saúde que fica disponível para os funcionários entrarem em contato a qualquer momento e esclarecem dúvidas (desde o valor do reembolso até qual médico devem ir) e que também atua proativamente na população high-user e crônica, focando em prevenção e especialização do cuidado como meio de redução de custos.
Setor Saúde: Como a inserção de novas tecnologias na saúde são observadas pela Pipo? Poderiam descrever como as novas tecnologias estão presentes na atuação da Pipo
Manoela Mitchell: É inegável dizer que o mundo está evoluindo tecnologicamente de forma constante, principalmente durante a pandemia. Dessa forma, o setor da saúde vem buscando avanços e novas formas de otimização por meio da tecnologia. A Pipo Saúde nasceu com essa premissa de trazer inovação para um segmento considerado tradicional. Assim, criamos um software de recomendação de produto de saúde com base na necessidade dos nossos clientes e uma tecnologia que otimiza a gestão de dia-a-dia dos benefícios de saúde.
Setor Saúde: Como a Pipo observa o modelo de remuneração baseado em valor? O quanto o conceito se aproxima da atuação da Pipo?
Manoela Mitchell: O movimento feito pela ANS [Agência Nacional de Saúde Suplementar] para o modelo de remuneração baseado em valor é uma saída para otimizar gastos e investimentos, garantindo qualidade e alinhamento no setor. Acreditamos muito nesses dois pilares aqui na Pipo e trazemos isso para o nosso serviço: foco em fazer o que é melhor para o cliente (a nível individual e não algo massificado) e alinhamento de longo prazo, focando em oferecer um pós vendas de benefícios e saúde incrível, que garantem uma parceria longínqua entre nós e nossos clientes.
Setor Saúde: O número de beneficiários de planos de saúde sofreu uma baixa de 283 mil vínculos entre abril e maio de 2020, em meio à pandemia do novo coronavírus. Em qual foco de atuação a Pipo se encaixa, em termos de classe social e segmentos econômicos de interesse? Poderia nos detalhar algumas das estratégias comerciais de inserção e ganho de fatia de mercado?
Manoela Mitchell: A Pipo Saúde atua no setor B2B (abreviação do termo business-to-business, que se refere a duas empresas que fazem negócios como cliente e fornecedor), ou seja, oferecemos o serviço para empresas de diversos setores e tamanhos que buscam gerir os benefícios de saúde para os clientes, dessa forma, não somos fechados em um nicho econômico, mas em um público empresarial. O mercado de saúde movimenta aproximadamente 250 milhões de reais e 70% dos usuários dos planos de saúde do Brasil são de empresas, de acordo com a ANS. Então, percebemos uma carência na otimização na gestão dos benefícios desse setor e criamos uma ferramenta que possibilita reduzir custos e melhorar qualidade. A mesma pesquisa da ANS também aponta que houve, no início da pandemia, um aumento de 4x no número de planos de saúde adotados por empresas, eram 25 mil e foram para 100 mil.
Setor Saúde: Qual o papel dos hospitais na visão da Pipo para os próximos anos?
Manoela Mitchell: Historicamente, os hospitais sempre exerceram papel central no cuidado médico no Brasil, temos uma cultura de ‘sala de emergência’ onde qualquer mal-estar é tratado no pronto socorro. Nesse momento de Covid-19, as pessoas tiveram que evitar ir ao pronto socorro por qualquer mal-estar e aprender a navegar outras maneiras de cuidado como telemedicina, cuidado especializado, etc. Acreditamos que essa é uma mudança importante no sentido de reduzir custo de saúde, e fortalecer os pilares de prevenção e cuidado especializado.
Setor Saúde: Qual a importância da telemedicina no conceito de atuação da Pipo?
Manoela Mitchell: Eu particularmente acredito que não existe ‘bala de prata’ em saúde. A redução do custo de saúde e a melhora do cuidado passam por várias ações, mudanças regulatórias e de alinhamento entre as partes. Dito isso, a telemedicina é uma das ações que vem para melhorar o cuidado e reduzir custo: democratizando o acesso de médicos de ponta a qualquer lugar do país, com um custo bem mais acessível. Ela também é um embrião importante da cultura de cuidado primário e prevenção.
Nós da Pipo nos enxergamos como um canal de saúde, ou seja, temos a ambição de gerenciar toda a saúde empresarial (começando no exame admissional, passando pelo plano de saúde e indo até a teleterapia). Nessa ótica, a telemedicina é um dos produtos que ofertamos e gerenciamos aos nossos clientes, e acreditamos que ele será de suma importância.