Gestão e Qualidade | 20 de março de 2021

Com restrição na Emergência, Conceição tem conseguido focar no atendimento a pacientes graves

"Emergências estão virando UTI improvisadas" observa diretor-presidente Claudio Oliveira
Com restrição na Emergência, Conceição tem conseguido focar no atendimento a pacientes graves

“Com a restrição de atendimentos na Emergência, nós estamos atendendo e internando até mais do que se tivéssemos com as portas abertas, atendendo a demanda espontânea”. Com esse apontamento, o diretor-presidente do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Cláudio Oliveira, explica, em entrevista ao Setor Saúde, que o Hospital Nossa Senhora da Conceição conseguiu otimizar a demanda altíssima de pacientes que chegam com Covid-19 na instituição.

Na quinta-feira (18), o Hospital Nossa Senhora Conceição inaugurou a enfermaria 4º I, no quarto andar, que dispõe de 55 novos leitos destinados a pacientes com Covid-19. A área é toda nova, desde as paredes e o teto, à parte elétrica, hidráulica, de climatização e tudo mais que uma enfermaria necessita. O novo espaço, que antes funcionava como depósito, tem mais de 1.000 metros quadrados e contou com o investimento de cerca de R$ 6,5 milhões. A estrutura nova também tem sido fundamental para ajudar a reorganizar os processos internos de assistência.

De acordo com Oliveira, o Conceição conseguiu atender 267 pacientes na Emergência, e destes 150 foram internados na Emergência ou UTI, no período de 13 a 18 de março (última semana). Ele explica que o aumento da capacidade foi graças às restrições impostas na Emergência. “Nós estávamos entrando num looping em que não conseguiríamos nunca dar conta dos pacientes da Emergência. Se tivéssemos com portas abertas, tenho certeza que não conseguiríamos atender a demanda atual dos pacientes que chegam”, destaca. Dos pacientes atendidos na Emergência na última semana, 185 (69%) são oriundos de Porto Alegre, 66 (25%) da Região Metropolitana e 16 (6%) de outras regiões.

“Mesmo em restrição máxima, estamos atendendo os casos graves, vindo de Pronto Atendimentos ou de outros municípios”  

Porém, o diretor-presidente salienta que o Conceição atende pacientes “não Covid” na Emergência. “Essa demanda ainda chega para nós, mas antes não conseguíamos dar conta de ´puxar´ pacientes do pronto atendimento e de subir [transferir] pacientes da nossa Emergência para a UTI”, aponta. “Mesmo em restrição máxima, estamos atendendo os casos graves, vindo de Pronto Atendimentos ou de outros municípios”, complementa.

Hospital com foco exclusivo em casos graves

Oliveira destaca que, com a alta demanda por Covid-19, o GHC decidiu preparar a estrutura hospitalar com exclusividade para casos graves.

“Seguimos atendendo a demanda que chega, mas colocamos os nossos esforços para pacientes em estado grave, que necessitam estar em hospitais. Os pacientes que podem ser atendidos nos Pronto Atendimentos e nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs), estamos encaminhando para esses locais, porque entendemos que as emergências e os hospitais devem seguir focados nesses casos mais graves”, frisa.

“As Emergências estão virando UTIs improvisadas”

 O diretor-presidente do GHC avalia que, com a demanda crescente de internações por Covid-19 e a superlotação de UTIs, os fluxos foram readequados, com as funções sendo momentaneamente redesenhadas.

“Estamos vendo as Unidades Básicas se transformando em Pronto Atendimentos, e os Pronto Atendimentos se transformando em Emergências. Com isso, também observamos que as Emergências estão virando UTI improvisadas”, analisa.

Oliveira conta que os relatos apontam que pacientes estão chegando às Unidades Básicas de Saúde necessitando de suporte ventilatório ou atendimentos mais complexos que as UBs não conseguem dar conta. “A nossa UPA Moacyr Scliar tem condição para atender 17 pacientes e, nesta semana, chegamos a ter 70 pacientes. Olha o tamanho da nossa demanda”, enfatiza.

O diretor-presidente ressalta que a função da Emergência não é de internação, e sim de estabilizar o paciente que chega ao hospital e, quando preciso, transferir para a UTI, porém a função foi redefinida. “A Emergência não serve como internação, mas hoje estamos com a nossa Emergência funcionando como unidade intermediária de terapia intensiva. Na quinta-feira (18), estávamos com 56 pacientes, em uma estrutura com 53 leitos, tendo que estender nossa capacidade para dar conta da demanda”, explica.

A estrutura da Emergência está adequada para dar suporte à UTI, garante Oliveira. “Nós temos a estrutura montada para dar suporte à UTI, porque não temos como dar vazão para a grande número de demanda de casos graves de Covid-19 na nossa capacidade de UTI. Nós não conseguimos fazer esse movimento com a alta demanda atual. A nossa Emergência está totalmente equipada, com bomba de infusão, monitores, ventiladores, diálise e hemodiálise e uma equipe preparada para lidar com os casos graves”, diz.

Expansão do GHC

 A expansão de leitos do GHC durante a pandemia foi explicada pelo diretor-presidente:

Hospital Conceição: de 59 para 87 leitos de UTI


Leitos clínicos: de 80 para 126 (10 são de unidade semi intensiva)


Emergência: de 6 para 53 leitos (48 Covid e 5 “não Covid”)


Hospital Cristo Redentor: de 10 para 20 leitos de UTI


Hospital Fêmina: de 6 para 12 leitos de UTI (com previsão de entrega para os próximos dias)


260 novas contratações em março

O diretor-presidente aponta que o GHC projeta até 380 novas contratações para o GHC. Nas duas últimas semanas, ocorreram as primeiras nomeações, com 160 novos contratos realizados. Oliveira detalha que, em março, devem ser contabilizados mais 260 contratos temporários novos, para manter a estrutura atual de maior demanda.

No aguardo de novos respiradores para ampliar estrutura com mais 26 leitos

 O GHC aguarda a chegada de novos respiradores para poder expandir a estrutura de atendimento. Oliveira ressalta que o estoque de equipamentos e insumos está em dia. Com os novos respiradores e a contratação de mais médicos intensivistas, o GHC poderá expandir a estrutura em mais 26 leitos – o diretor-presidente diz que esta é a capacidade máxima de expansão do GHC. Atualmente, o GHC conta com 9,2 mil empregados.

 



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