Gestão e Qualidade | 22 de outubro de 2018

Chao Lung Wen apresenta o modelo brasileiro de telessaúde

Desafios, a realidade e lições sobre o tema foram apresentados no Seminários de Gestão
Chao Lung Wen apresenta o modelo brasileiro de telessaúdeo

Os desafios, a trajetória da telemedicina e telessaúde no Brasil e as perspectivas futuras para a saúde foram tratadas pelo doutor e professor da Universidade de São Paulo (USP), Chao Lung Wen, em palestra durante a nona edição do evento Seminários de Gestão, na quinta-feira (18), no Hotel Continental. O evento foi promovido pela Federação dos Hospitais e Estabelecimentos de Saúde do RS (FEHOSUL), Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto Alegre (SINDIHOSPA) e Associação dos Hospitais do Rio Grande do Sul (AHRGS).

Esta foi a 5ª edição de 2018 do Seminários, que teve como tema central  Saúde Digital e Telemedicina. Prestigiado na área de gestão de saúde, o evento contou mais uma vez com auditório lotado. O Seminários teve como patrocinador o Banrisul e o portal Setor Saúde como veículo de comunicação oficial do evento. A instituição de ensino superior responsável pela emissão do certificado é a FASAÚDE/IAHCS, e os apoiadores desta edição foram o IAHCS Acreditação, a Amrigs, Comcet e Conselho Regional de Farmácia do RS.

Chao Lung Wen apresentou “O modelo brasileiro de telessaúde: desafios, realidade e lições aprendidas”. O professor mostrou uma pesquisa de 2017, em que 370 especialistas e empresários responderam sobre qual a inovação que mais irá afetar o crescimento. Num empate técnico, estavam nas primeiras colocações: inteligência artificial e robotização; impressão 3D; e telemedicina. “Talvez a área mais interessante para startups no momento seja a telemedicina”, enfatizou.

Assim como na primeira apresentação, do Prof. Dr. Jaderson Costa, o professor da USP abordou as tecnologias exponenciais. De acordo com Chao, são consideradas tecnologias exponenciais aquelas que conseguem atingir, no mínimo, mais de um bilhão de pessoas no mundo.  Ele ressaltou que, até o final de 2018, espera-se que todas as práticas médicas sejam realizadas por telemática.

O palestrante explicou que o conceito de telemedicina sofreu modificações ao longo do tempo, citando como exemplo a Resolução do Conselho Federal de Medicina de 2002. “A resolução precisa se adaptar aos dias atuais”, disse. Hoje, a telemedicina pode ser compreendida como um sistema integrado de serviços e tecnologias, que possibilitam uma abordagem segura e eficiente, para a concretização de medicina conectada – com aumento de eficiência de processos que visam criar uma cadeia produtiva de saúde.

De acordo com o palestrante, hoje a telemedicina e telessaúde eficientes e responsáveis são aquelas que trazem inovações sustentáveis e seguras, que procuram otimizar ou viabilizar processos que são inviáveis de serem realizados por métodos convencionais dos seus respectivos momentos históricos, criando assim um novo ecossistema de saúde.

A preocupação com uma possível desumanização que a telemedicina e telessaúde podem proporcionar também foi abordada na apresentação. O professor da USP tratou de desfazer essa preocupação, citando casos de tratamento físico, em que o paciente fica mais insatisfeito do que em um atendimento que ocorra com as tecnologias disponíveis. “São as próprias pessoas que desumanizam o atendimento”, frisou, citando exemplos que possibilitam um atendimento de telemedicina humanizado.

Chao comparou o avanço da telemedicina, para a saúde, com a revolução que o internet banking e a inteligência artificial proporcionaram aos bancos: completa reorganização e distribuição de serviços com aumento de eficiência (são cada vez menores as filas de atendimento).

A palestra também ilustrou a evolução da telemedicina no Brasil. De acordo com o professor, pode ser dividida em três fases: de 1998 a 2005, foi uma fase contemplativa; de 2005 a 2015, fase universitária, governamental e pública; e atualmente, na fase que compreende o período de 2015 a 2025, entramos numa era de telemedicina privada, empreendedora e regulamentada.

“O período atual é a década da telemedicina privada e desenvolvimento em ecossistema”, explicou. De acordo com Chao, a telemedicina em ecossistema é eficiente e responsável, cognitiva e exponencial. A telemedicina deve se balizar em três pilares fundamentais: ética, responsabilidade e segurança digital.

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Dr. Chao Lung Wen – Universidade de São Paulo

 

O palestrante trouxe dados do Departamento de Saúde do Reino Unido, com dados de 2011 sobre telemonitoramento em doeças crônicas para idosos. O que resultou nos hospitais: 15% de redução em visitas de emergência; 20% de redução nas admissões hospitalares; 14% de redução nas admissões eletivas;  14% de redução de dias em leito hospitalar; 8% de redução no custo de impostos; e 45% de redução nas taxas de mortalidade.

Ao finalizar, o professor da USP apontou qual ambiente de saúde teremos no futuro. A partir de 2021, predominará o hospital híbrido digital. Entre as características, destaca-se o aumento da eficiência intra-hospitalar (centro cirúrgico, laboratórios, insterconsultas); formação de uma rede integrada, que melhora a logística diagnóstica; e ênfase em serviços de telemonitoramento domiciliar.

Saúde digital e telemedicina

O Seminários de Gestão contou com a participação de referências da área da saúde nacional. Além do Dr. Chao Lung Wen, o evento também contou com o presidente do Instituto do Cérebro do Rio Grande do Sul (InsCer), Prof. Dr. Jaderson Costa da Costa , que apresentou O homem na era digital: inteligência artificial e pós-humanismo. A palestra da médica geneticista do Hospital Albert Einstein, Tatiana Ferreira Almeida, teve como tema Soluções Digitais em Medicina de Precisão.  Já o tema A Nova Lei de Proteção de Dados e seu Impacto na Saúde (Lei nº 13.709/2018) foi apresentado pelo Secretário geral da Associação Brasileira de Direito da Tecnologia da Informação e das Comunicações, Gustavo Artese. Por fim, o médico Natan Katz, coordenador da área de TelessaúdeRS, trouxe o tema Telemedicina: Experiência no RS.

A próxima edição já tem data marcada: 4 de dezembro, que terá como tema SUSTENTABILIDADE e VALOR EM SAÚDE. Em breve, as organizações promotoras divulgarão os nomes dos especialistas e os assuntos que serão apresentados.

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